terça-feira, 4 de novembro de 2008

“O Morgado de Fafe em Lisboa”


Para todos, ou quase todos, este título reavivará alguma memória.
De facto, trata-se de uma das mais bem sucedidas peças teatrais de Camilo Castelo Branco, ilustre escritor português do século XIX.

No entanto, para além de escritor, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, também era romancista, cronista, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Apesar de muito haver a realçar sobre este autor, destaca-se o facto de ter sido o primeiro escritor português a viver exclusivamente da sua actividade literária. Entre 1851 e 1890, redigiu mais de duzentas e sessenta obras e, de entre os vários romances, deixou-nos um legado de comédias, poesias, ensaios, peças de teatro, cartas e muitos mais textos com assinatura própria ou pseudónimos tais como: Manoel Coco, Árqui-Zero, Saragoçano, entre outros.

“O Morgado de Fafe em Lisboa”, obra de Teatro de Comédia oitocentista portuguesa escrita em 1861, retrata um provinciano que viaja pela primeira vez a Lisboa, acompanhado pelo deputado, seu amigo e conterrâneo, João Leite.
A trama é urdida no Palácio do Barão de Cassurrães, onde encontramos personagens retratando a segunda metade do século XIX português, com todos os vícios risíveis e ridículos de uma alta sociedade oitocentista. Estes factos tornam-se mais vincados ainda quando descritos através do olhar de um homem simples e desprovido de etiqueta social.
Inserida neste enredo envolvente, desenrola-se uma trama subjacente à volta da filha do Barão de Cassurrães cortejada por três pretendentes, entre eles o Morgado de Fafe, que desembocará num final inesperado.

Assim, é neste contexto que o Grupo Sénior da Nova Comédia Bracarense prevê a estreia da sua adaptação do “Morgado de Fafe em Lisboa” para o mês de Dezembro do presente ano, garantindo momentos de acentuada carga cómica.
Esta peça contará igualmente com a participação de alguns elementos do Grupo Juvenil, nomeadamente o Bruno Boss, o Miguel Marado, o Rui Lucas e o Tiago Pintas.

Certamente que a presença de elementos juvenis no seio das actividades do Grupo Sénior produzirá um resultado final bastante original e rico. De facto, a divergência na idade e no nível de experiência teatral gerará seguramente frutos deveras interessantes do ponto de vista do público, mas também no seio da Nova Comédia Bracarense. Para os elementos do Grupo Juvenil, a troca de ideias, de formas de actuação e de expressões poderá desembocar numa maior maturidade e segurança em palco. Por outro lado, na perspectiva do Grupo Sénior, a presença de actores novatos introduz uma dose de descontracção e uma lufada de ar fresco no âmbito da actuação.

É com este cenário aliciante que encerro o meu texto, esperando ansiosamente pela estreia desta peça prometedora com toda a qualidade garantida pela Nova Comédia Bracarense.


Sílvia Sousa

Um comentário:

Miguel Marado - NCB disse...

Obrigado, Sílvia, por anteveres esta estreia, que será, em princípio, ainda antes do final do ano, ou em inícios do próximo, 2009.

Esta peça surpreendeu-me, devo afirmá-lo. Não é romântica ao ponto do aborrecimento; não é chata ao ponto de fugir; não tem algumas das características negativas que esperava numa obra de Camilo, de quem não sou, manifestamente, fã.

Tem muita comédia e já começa a mostrar, pelos ensaios nos quais participo, mais excelentes futuras actuações de pessoas que quase já são estrelas dos Grupos Sénior e Juvenil. Não vale a pena enumerar, vocês têm-nos visto.

Desta vez, venham também! Já não falta muito...

Bom texto!

Marado