terça-feira, 26 de maio de 2009

A luta continua!

«O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'.» Augusto Boal

Recentemente fui convidado pela Associação de apoio à saúde mental “O Salto” para fazer com os seus usuários o Teatro do Oprimido. Augusto Boal, o fundador deste método teatral, criou alguns jogos teatrais específicos para esta área, reunidos no seu livro “Arco-íris do Desejo”, que se pretendem como libertadores de opressões. Estes mesmo jogos são definidos como um conjunto de técnicas terapêuticas e teatrais, adequadas para a análise de questões interpessoais e/ou individuais. Para Boal, usa-se o teatro como veículo da análise em grupo dos problemas relacionais e pessoais que pode ser usado tanto para o conjunto do Teatro do Oprimido e seus propósitos como na terapia em instituições para tratamento psiquiátrico.

Bem sei que me tenho vindo a repetir nos meus artigos sobre este meu teatrólogo fetiche mas serei incapaz de dar um único passo “teatral” sem recordar aquele que é o meu farol. Se só agora se começa a olhar para a doença mental como algo que não pode ficar enclausurado na estigmatização da sociedade, então Boal teve a clarividência de apontar esse defeito muito mais cedo a quando da publicação do seu livro, em cima destacado, em 1990. E é precisamente isso que me faz ter esta fome de Augusto Boal. Não se conhece nenhuma outra pessoa ligada ao teatro que tanto quis fazer pela participação das pessoas neste mundo da representação, por simplesmente achar que tod@s podem fazer parte do palco para sua satisfação pessoal e transformação social. Poderíamos dizer que o Moreno, também muito ligado à psicologia, salvaguardou esta necessidade de libertação através do psico-drama. Mas Boal foi mais longe e não se conformou apenas pelo indivíduo mas também pela mudança social.

Fiz esta pequena introdução para dar uma notícia triste. Provavelmente é do conhecimento de tod@s mas penso que nunca será demais prestar a devida homenagem, que para mim será sempre demasiado pequena, a Augusto Boal. Morreu aos 78 anos, no Rio de Janeiro, a 2 de Maio de 2009. A sua biografia daria uma extensa obra literária. A quantidade de personalidades com que trabalhou e o número de dramaturgias e encenações que tem o seu legado levaria a que se escrevesse um texto bem mais extenso do que o necessário para o nosso blog. Mas para ficarmos com uma ideia, Boal trabalhou com Sábato Magaldi, outro teatrólogo de renome, também ensaísta, historiador e tantas outras coisas; Paulo Freire, um educador também muito famoso; Nara Leão; Maria Bethânia; Caetano Veloso; Chico Buarque; Gilberto Gil; Gal Costa e muit@s outr@s que não necessitam de apresentação para serem logo reconhecid@s.

Em 1971, Augusto Boal é preso e torturado pela Ditadura Militar e decide, a quando da sua libertação, deixar o Brasil. Por essa altura, percorre vários países, incluindo Portugal, de 1977 a 1979, onde se junta com o grupo de teatro “A Barraca” com quem faz uma das suas mais famosas peças “Mulheres de Atenas”, uma adaptação de Lisístrata, de Aristófanes, com músicas de Chico Buarque.

Voltou ao Brasil definitivamente em 1986 onde iniciou o plano piloto da Fábrica de Teatro Popular, que objectivava tornar acessível a qualquer cidadão a linguagem teatral. A partir daí cria o Centro de Teatro do Oprimido que se encontra hoje mais que divulgado por todo o mundo, incluindo pela Nova Comédia Bracarense, o que me deixa bastante orgulhoso.

Enquanto esteve no exílio, Chico Buarque escreveu-lhe a música-carta “Meu caro amigo” (vejam o vídeo aqui). Hoje canto-lhe a mesma música com a mesma interpretação que lhe foi dada na década de 70. Afinal, apesar dos nossos esforços, o mundo ainda não mudou assim tanto quanto queríamos mas isso nunca foi razão para Boal desistir e, portanto, para mim também não.

Pedro Kayak

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fotos da estreia "A Divisão"


Foi de todo positiva a estreia da peça, já antes tão anunciada, “A Divisão”. Um empenho e dedicação geral resultaram no melhor dos trabalhos, que ainda assim promete continuar numa evolução bastante positiva.
Na foto, que apresenta o agradecimento dos actores ao afável público, encontramos os nove protagonistas. O elenco é composto pelos actores Nuno Araújo, Bruno Boss, Liliana Ribeiro, Pedro Bafo, Ana Miguel Marado, Sara Manuela Soares, Joana Barroso Magalhães, Tiago Pintas e Rui Lucas (da esquerda para a direita de palco, respectivamente).
Nas luzes e no som, não presente na foto, resguarda-se um membro importante do “elenco” de nome Miguel Marado, autor da peça e encenador deste jovem grupo.
As datas das próximas realizações desta peça serão brevemente indicadas.


Na fotografia presenciamos mais uma cena deste drama, um novo estilo adoptado pelo grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense nestes últimos tempos. Os actores têm-se mostrado numa boa capacidade de adaptação aos diversos géneros teatrais, já caminharam sobre o Improviso, Teatro do Oprimido e agora também o drama.
Nesta cena da “Divisão” podem ver as personagens Fábia Grilo, Isaac Guerreiro (ambos no sofá) e Alberto Montenegro. Este, representado por Bruno Boss, é o personagem com mais intervenções em toda a peça.
Como podemos verificar nos olhares e postura dos actores ou nas sombras e luzes da sala, esta peça revela um nível de suspense acima da média.

Rui Lucas

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sondagem de Abril/2009

Olá a todos mais uma vez. Há um mês atrás tive a oportunidade de propor a habitual sondagem mensal deste blog. O desinteresse da sociedade pelo teatro é algo de que todos nos apercebemos e procurei então junto de vocês, leitores deste blog, tentar perceber se “a realização de mais peças de teatro nas escolas” poderia aumentar esse interesse.

O resultado da sondagem faz-me chegar à conclusão de que todos concordamos de que aquela pode ser uma medida a tomar, por forma a fomentar na sociedade o gosto e o interesse pelo teatro, uma vez que a opção de resposta “Não” teve a percentagem de 0% dos votos.
Já as outras respostas tiveram percentagens não muito distantes entre si. 42% dos votantes pensam que a médio prazo a realização de tais peças pode de facto aumentar o interesse da sociedade por esta nobre arte, enquanto que 33% pensam que essa medida só poderá aumentar o interesse a longo prazo. Ou seja de uma forma ou de outra, mais de metade dos votantes acreditam que esta medida pode, de facto, ajudar a que o teatro não “morra”.

Os restantes 25% dos votantes são um pouco mais sépticos quanto à verdadeira eficácia desta medida, pois, embora concordem que esta medida pode ter sucesso, acham que esse sucesso dependerá da organização com que se fará a realização dessas peças.

Numa opinião pessoal, eu estou mais de acordo com estes 25%, pois estou em crer que uma má organização das peças de teatro, assim como uma má realização, levará ainda mais ao desinteresse da sociedade pelas mesmas, uma vez que ninguém gosta de assistir a espectáculos de fraca qualidade. Muitas pessoas afirmam que o desinteresse que se tem gerado à volta do teatro parte de um problema de qualidade que o mesmo tem, algo com o qual não posso concordar. Penso que o teatro está servido de actores espectaculares e de peças apaixonantes, mas infelizmente hoje em dia dá-se mais valor a novelas de péssima qualidade, nacionais e estrangeiras, do que ao esforço, qualidade e dedicação de muitos grupos de teatro, que vivem numa constante luta pela sobrevivência dos mesmos e da arte do teatro, especificamente.

Se o objectivo desta sondagem era chegar a uma pequena conclusão sobre a eficácia da medida proposta, acho que a mesma ficou mais que provada, mas para que de facto possa ser possível a realização deste tipo de medidas não basta o querer, é preciso agir, e todos juntos temos de lutar por alertar as pessoas que realmente podem tornar estas medidas reais a fazer algo pelo teatro, pois corremos o sério risco de vir a perder esta que é umas das mais antigas artes do mundo.

Pedro Bafo

terça-feira, 5 de maio de 2009

Entrevista a José Manuel Barros - Actor e dramaturgo da NCB



O José Manuel Barros é um experiente actor da NCB que já deu alguns passos na área da escrita, não olvidando a vertente dramática. Tem acompanhado desde cedo o Grupo Juvenil e aconselhado o nosso encenador, Miguel Marado, além de outros artistas.

A Sara Manuela perguntou-lhe como chegou à Nova Comédia; qual a sensação de estar à 12 anos nesta Companhia; qual a sua experiência a nível da escrita; qual a sensação de escrever e estrear a comédia "O Bom Patife" com a NCB, entre outras coisas.

Mais um vídeo imperativo, pelo que temos já 25 no Canal YouTube NCB. Este é apenas o 2º vídeo em HD.

Deixe a sua opinião na nossa sondagem de Maio, na barra lateral:
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