terça-feira, 25 de setembro de 2007

Breve introdução ao teatro, na óptica do grupo juvenil da NCB

Como alguns saberão, começará a preparar-se, no próximo Domingo, um breve “curso” de teatro no qual se integrarão os novos artistas do nosso grupo juvenil. Quem estiver interessado e não tiver sido ainda contactado, pode enviar um e-mail para MiguelMaradoNCB@gmail.com a pedir mais informações, de preferência o mais brevemente possível.

Delinearei muito brevemente, neste texto, as premissas básicas deste “curso”, que começará com uma introdução ao teatro de amadores (centrando-se no seu funcionamento e principais dificuldades) e à NCB. Falaremos, também, das regras essenciais do grupo juvenil, que se verão reflectidas neste “curso”.

A partir da conclusão deste ponto, passaremos a, através de exercícios e conversas, abordar o teatro e o trabalho deste, começando com o à-vontade com os colegas e o adquirir de capacidades no que respeita à desinibição, ferramenta essencial para trabalhar melhor, sem deixar que as nossas limitações psicológicas nos impeçam de dar um contributo válido e essencial, simplesmente por nos parecer algo de embaraçoso. Estes ensaios serão divertidos e leves, sendo que muitas vezes estaremos a aprender valores essenciais sem darmos conta disso, de uma maneira suave.

Também através de exercícios, trabalharemos a postura e a noção de posicionamento dos actores em palco, tendo como principais condicionantes o público e os restantes actores. O tornar estas capacidades algo de instintivo, natural para o artista, é fundamental na abertura de oportunidades para trabalhar mais aprofundadamente os aspectos criativos em teatro.

Serão também abordadas a memorização e as diversas técnicas de estudo de um texto, que se relaciona também com o trabalho do mesmo, envolvendo a interpretação e o trabalho de personagem, no qual assumiremos o actor como elemento de importância criativa numa peça. Será essencial a compreensão destas premissas, evidentemente essenciais ao trabalho de um texto teatral em palco, mas também necessárias ao improviso, em todas as suas variantes e em todos os seus exercícios. Aqui, breves noções básicas, como a “empatia”, ajudarão os futuros intérpretes a abordar melhor os seus “desafios teatrais”.

A projecção e colocação de voz serão também brevemente abordados, sendo que não sou especialista na “leccionação” desta matéria, assim como de qualquer outra, como a minha humildade e o meu sentido de realismo me obrigam a mencionar.

Insistiremos bastante na técnica do improviso, na sua definição e nas suas regras, explorando algumas variantes. Aprecio muito esta técnica, que creio desenvolver dramaticamente os artistas, de uma forma geral, pelo facto de apelar mais naturalmente à imaginação e criatividade do artista, conseguindo dar-lhe ainda mais armas para abordar as situações psicologicamente mais extenuantes da prática teatral.

Nesta fase, estudaremos a possibilidade de vir a realizar um espectáculo de improviso, consoante já foi feito no nosso grupo por diversas ocasiões (ver textos anteriores), o que seria interessante, visto garantir a aplicação empírica das aprendizagens e a exposição dos novos artistas à pressão de representar em público, de interagir com este, o objectivo final de qualquer trabalho teatral. Caso este evento venha a suceder, será certamente algo de extraordinário na vida dos estreantes, que podem, quem sabe, estar no prelúdio de uma vida de palco, de espectáculo, de sofrimento pela arte…

Estou confiante que trabalharemos muito bem, caso haja interessados suficientes para a realização deste curso. Além disto, é para mim evidente a necessidade de compreensão da forma de trabalhar do grupo e de cada um funcionar, que será mutuamente adquirida aquando deste pequeno projecto, que não durará mais do que três meses, em princípio.

Até breve!


Miguel Marado

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Regresso às aulas

Pois é, eu escolhi um tema aterrador para este texto... Ou será que não?

Afinal o que é o regresso às aulas? E que raio tem isto a ver com teatro? E que é que me deu que só faço perguntas?

Quanto a esta última, é simples, todos nós fazemos perguntas e questionamos tudo à nossa volta, umas vezes de forma mais veemente, outras menos, umas vezes questionamos os outros e outras, a nós próprios. E é isto que me traz às respostas a todas as outras perguntas feitas no primeiros dois parágrafos.

No ano lectivo transacto, foi-me questionado mais que uma vez se não achava que o teatro (e eis que afinal este texto sempre tem algo a ver com o teatro) chocava com as minhas responsabilidades para com os estudos. Eu sempre disse, garanti e continuo a garantir que não o fez, não o faz, nem o irá fazer. Como sei isto, perguntam vocês? Fácil. Cabe a cada um destinar o tempo que acha necessário a cada actividade, e é da responsabilidade de cada um conjugar as actividades curriculares e as extra-curriculares por forma a dar o seu melhor em cada uma delas, algo que tenho aprendido muito gradualmente, porque considero que isto varia de pessoa para pessoa e que cada um deve encontrar as suas medidas.

O que me traz ao cerne da questão, ou do texto neste caso, o regresso as aulas. Com o regresso às aulas temos de readaptar tempo e vontade por forma a ir de encontro às exigências que encontramos. Ao início das aulas muitos de nós associamos uma série de coisas. A partir do ano passado, eu passei a associar também o início de actividades do grupo de teatro. Re-iniciou-se o ciclo, vai começar de novo, mais aprendizagem novos amigos, novos objectivos... Espera! Estou a falar do teatro ou das aulas? Pois é. Estou a falar de ambos, pois de facto têm muito em comum e respondendo, agora definitavamente, a quem pôs em causa a compatibilidade de ambos: não, não acho que seja incompatíveis. Acho que se completam, pois cada um deles me ensina algo diferente e cada um deles terá o seu impacto no meu futuro.


Resta-me agora fazer-vos perceber o porquê de eu dizer que o regresso às aulas não é aterrador. Leram o texto? Pode-se descobrir lá muitas razões para estar feliz pelo reiniciar de um ano lectivo, amigos e aprendizagem são apenas dois deles e quem sabe vocês, em vocês mesmos, não encontram mais uma panóplia a adicionar aqui?
Fica o conselho, abram a mente e a boa vontade a mais um ano lectivo, pois quando for para ir para um emprego, isso sim, vai ser deprimente... Ou será que ainda vou descobrir que estou errado?


Diogo Ferreira

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O que é que a Simone de Oliveira tem, ou não tem, que eu não tenho, ou tenho?

Acho particularmente interessante a quantidade de vezes que, face às inúmeras personagens das quase tão inúmeras telenovelas transmitidas actualmente na televisão portuguesa (que também já tiveram o seu “direito de antena”, por diversas vezes, no presente blog), as pessoas, pessoas presentes, por alguma razão, no meu quotidiano, afirmam: “Esta miúda é mesmo do pior, não tem jeitinho nenhum para isto!” ou “É incrível o que este actor evoluiu, eu não gostava nada dele e agora acho-o um excelente profissional!”, por exemplo. Constato que a maioria das vezes até concordo com as afirmações, então pergunto-me: não tem jeitinho nenhum? Evoluiu? Excelente profissional? No fundo, em que é que o comum dos mortais se baseia para distinguir um bom de um mau actor?

Já escrevi um outro texto alusivo à quantidade e qualidade de “coisas” que aprendi durante a minha ainda muito curta experiência em “teatro puro”. Referia-me, nesse texto, à mudança no modo como encarava a representação, como estudava e construía a personagem. De repente, estas duas ideias parecem-me relacionadas.

O teatro é uma arte, estuda-se, ensina-se, aprende-se…Assim, penso existir (pelo menos) um caminho no qual os actores, os estudantes de teatro, se encontram e lutam por avançar, prosseguir, evoluir. Partindo deste pressuposto, quais as características que fazem de um bom actor isso mesmo, um bom actor? Pensei um pouco sobre isto e uma das conclusões à qual cheguei é que esta não é, pelo menos para mim, uma questão tão linear ou simples como à partida parece, ou me parecia.

Um bom actor é aquele que consegue que o seu público acredite, numa história, numa personagem, num sentimento. Extroversão? Talento? Inteligência? Organização? Eu não sei quais as características que deve ou não ter um bom actor, mas sei que eles existem, e continuo a acreditar na formação. Não sei o que é que a Simone de Oliveira tem, muito menos sei, concretamente e em todos os casos, o que é que falta àqueles jovens constantemente apelidados de maus actores. No entanto, por momentos, sei-me acreditando nuns, enquanto noutros não…

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Cadeiras vazias

Porque é que as pessoas não vão ao Teatro?
Por ser uma seca? Por ser de fraca qualidade? Por ser caro? Porquê?
Não concordo com duas coisas. Na TV somos confrontados com programas de comprovada má qualidade e mesmo assim atingem audiências elevadas, certos programas que são uma relativa seca.
Atenção, mais uma vez, eu não estou a falar do teatro profissional, falo sim, daquilo que me diz respeito, do teatro amador. Porquê não se vêem salas cheias, mesmo em pequenos anfiteatros? Não sei. Só sei que quando um iluminado presidente de um clube fez uma aparição televisiva para dar uma entrevista, vi uma praça cheia de gente. Seiscentas mil pessoas, invadiram as ruas das zonas ribeirinhas de Porto e Vila Nova de Gaia, cerca de 6% da população portuguesa, para durante um dia inteiro ver uma corrida de aviões. Mas, porque será que as companhias amadoras de teatro não enchem salas? Será por serem amadoras? Sinceramente não percebo. Vejo esboços de actores a tentarem representar em novelas juvenis. Será por causa da mania que os portugueses têm de que aquilo que não é famoso e caro, não é bom? Sinceramente, não sei.
No meio disto tudo só tenho que realçar e louvar o esforço das companhias amadoras de teatro, porque contra quase tudo e quase todos, contra uma sociedade desatenta, descuidada e ignorante, conseguem levar aos palcos e ás localidades mais isoladas, um pouco de teatro, um pouco de cultura, levar pelo menos um pouco de emoção e novidade. Companhias essas que tiram os jovens da rua, dão-lhes a conhecer o que sabem de teatro, pouco ou muito, abrem horizontes e conhecem realidades diferentes daqueles que estão habituados. Jovens esses que quando representam, estão a dar o melhor de si, estão a mostrar o que valem e gostam do que fazem. Companhias como a Nova Comédia Bracarense e jovens comos os que a integram. Jovens que passam horas a ensaiar, enfrentam medos e ambições só para nos trazerem um pouco do espectáculo e muita cultura.
Desde já e para sempre dou os meus parabéns e o meu muitíssimo obrigado a todos estes jovens.