quarta-feira, 25 de julho de 2007

Braga teatral?

Já alguém se perguntou porque é que em Portugal, no nosso particular, em Braga, o teatro amador permanece em crise constante e sem divulgação? É claro que a reabertura do Teatro Circo veio alterar um pouco esta situação. Mas não será apenas uma alteração virtual, visto que a esmagadora maioria das companhias, senão todas, que ali representam são companhias nacionais e profissionais, além dos concertos que maioritariamente ali têm lugar.
Na minha humilde opinião, a reabertura do Teatro Circo, apresentada como a tábua da salvação bem como a consequente perspectiva de melhorias tanto da qualidade como da quantidade da cultura bracarense é só fogo de vista, pelo menos no que diz respeito ao teatro amador. Claro, que permite fazer festivais de teatro, amador ou não. Claro que podemos ver peças do La Féria. Claro que podemos ver os concertos do Tony e companhia sem estar a apanhar frio e chuva. Claro que podemos fazer e ver mil e umas coisas com o remodelado Teatro Circo. Ou a sua remodelação não tivesse custado aos bracarenses 17 milhões de euros. E é claro que não estou contra o Teatro Circo, ou o que ele representa. Estou é contra a desproporção das coisas. Sabem quantos grupos de teatro amador existem em braga? Quantos grupos folclóricos? Sabiam que a esmagadora maioria destes grupos têm meios de transporte para os seus espectáculos por estarem adstritos a paróquias do concelho? E a Nova Comédia Bracarense? O único apoio camarário que tem é a cedência do auditório do Centro Comercial Galécia. Possui uma carrinha de condições duvidosas, e tem à sua disposição mais duas ou três carrinhas dependentes da generosidade dos seus directores.
Vamos ser sinceros. Esclareçam as minhas dúvidas. Que apoios dá a Câmara Municipal de Braga ao teatro amador? No nosso caso, claro que estamos todos muito agradecidos pelo nosso querido Galécia. Mas não chega. É manifestamente insuficiente. Queremos mais. Não queremos só dinheiro, queremos condições. Queremos organização. Queremos teatro. Queremos divulgação. Que esforços faz a Câmara para divulgar as companhias amadoras do concelho? Que esforço faz a Câmara para organizar festivais amadores e mostras de teatro do concelho? Nós fazemos teatro amador. Dependemos da boa vontade de alguns organizadores e dependemos da boa vontade dos actores. Não fazemos teatro por dinheiro, fazemos teatro por gosto. Sim. Gosto. Aquela coisa estranha atípica do funcionalismo público. Aquela coisinha que leva o Homem a realizar as suas maiores obras.
Vamos pensar um bocado. Comparativamente, vai mais dinheiro para o futebol amador, ou para o teatro amador? E porquê? Porque é que somos a cidade do país onde há mais empresas de construção civil sedeadas? Porque é que despacharam a Bracalândia para Penafiel? Porque é que temos bombas de gasolina praticamente de 100 em 100 metros? Porque é que não se ouve falar de teatro amador em Braga? Onde está a nossa cultura? A cultura bracarense? Quero ver bracarenses. Quero que os bracarenses tenham orgulho de si mesmos ao ver peças bracarenses. Quero que tenham orgulho no seu concelho e orgulho na sua Câmara ao ver os avanços que a nossa cultura fez. Bem, mas isso já é pedir demasiado, não é?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O caloiro

É verdade! Neste momento sou o membro mais novo do grupo de teatro! Mas antes da minha entrada para o grupo contava já com algumas “aventuras” que despertaram o meu interesse para este mundo.

Fiz teatro pela primeira vez quando a minha mãe ainda me cortava a carne ao almoço: uma experiência sem sabor, sem sentir o real valor intelectual e cultural do teatro. Voltei à carga no ano passado com uma peça de teatro com pouco mais de dez minutos. Novamente soube a pouco, mas tomei-lhe o gosto e essa pequena peça despertou algo que eu não conhecia, a admiração pelo teatro!

Rapidamente procurei fazer mais qualquer coisa que me desenvolvesse o gosto pelo teatro e foi então que entrei numa peça que representamos em Março passado, intitulada “O auto das Novíssimas Barcas”. Foi aí que o Miguel, o Marado, me aborda com a possibilidade de entrar para um projecto que o grupo ia apresentar dentro de pouco tempo, o teatro de improviso… Foi amor á primeira vista! Não pelo “Tio Mara”, logicamente, mas pela ideia de fazer teatro livre, dar o máximo em cima do palco da maneira que mais nos apetecer! Aceitei sem contestação! Actuamos! Brilhamos! Convencemos!

De lá para cá já algum tempo passou e posso garantir que a nossa vida muda, ou mesmo a forma de encararmos um desafio. Isto porque no teatro todos os dias surgem novos desafios, todos eles são aceites e quase todos ultrapassados! Quando aceitei aquele convite era uma “tábua rasa” a nível de conhecimento teatral, hoje posso dizer que sei o que é subir a um palco. Sei o que é o divertimento, o stress, e mesmo a seriedade com que encaramos os ensaios, sei o que é o nervosismo antes de entrarmos para palco, sei o que é a adrenalina de pisá-lo frente a dezenas, ou mesmo centenas de pessoas. Resta-me ainda descobrir muito sobre o teatro e aprender ainda mais, para me poder tornar cada vez melhor.

Hoje posso dizer que sou um apaixonado não só pelo teatro, como pela Nova Comédia Bracarense e por todas as pessoas que fazem parte desta família, porque o Galécia já é a nossa segunda casa!

Um último conselho: aceitem o desafio e venham experimentar a adrenalina e a paixão que é fazer teatro!

Daniel Mendes

terça-feira, 10 de julho de 2007

Nova Companhia na Companhia

Chegou ao fim o meu primeiro ano de teatro entre os meus amigos na Nova Comédia Bracarense e, como qualquer bom fim, espera um melhor novo início (na “temporada” que se segue). Espera também as chamadas “novas aquisições”, novos companheiros, que farão parte deste grupo em constante crescimento e serão parte integrante desse mesmo crescimento. Mas, como membro “residente”, devo lembrar que passei o mesmo ainda há bem pouco tempo e sei as dificuldades e grandes aprendizagens que isso traz. No fundo, é disso que este texto trata...

Para mim não foi difícil fazer novas amizades nem relacionar-me com o grupo. Já conhecia o Mário e, por ter ido assistir a alguns ensaios dele, acabei por ter vontade de participar neste projecto e conhecer o restante grupo. Como é óbvio, isto muda muita coisa, entre ser apenas um amigo do grupo e fazer parte da “equipa”. Já não interessa só estabelecer um bom ambiente, interessa também dar o nosso melhor no palco e mostrar que estamos à altura do desafio e de contracenar com os outros, a afirmação perante o grupo enquanto actor. Isto causa nervosismo, pelo medo de não corresponder às expectativas, medo que não é necessário porque, se tens a vontade, o grupo em geral, e o encenador em particular, patrocinam a aprendizagem, acabando por ser uma “estreia” que corre sempre bem.

Após estes meses de convivência e de palco, o nervosismo da “estreia em ensaios” foi substituído pela ansiedade de ter em mãos um novo projecto, de ter entre nós novos companheiros, novas amizades (que nunca são demais) e uma sala cheia a quem apresentar os nossos trabalhos.

Resta agora esperar, então, pelos novos elementos, e a ilusão vai passando na nossa cabeça (ou pelo menos na minha) pois embora eu conheça um ou outro “candidato”, vai haver sempre gente nova para conhecer que, mesmo dentro da faixa etária do grupo, pode e deve ter ideias, vivências e experiências muito diferentes das minhas, que espero que partilhe. Deve também ter feitios diferentes do meu, e é aqui que nova gente significa novas preocupações, pois o que até é um grupo coeso e no qual adoro toda gente (o que espero ser recíproco), pode vir a ter elementos de quem eu venha a gostar menos (mas isto é só o meu pessimismo, porque vou adorar toda a gente nova e toda esta a mim!). Se for o caso, o meu “profissionalismo amador” virá ao de cima, estando à altura dos desafios teatrais com que terei de lidar, gostando ou não de quem contracena comigo, para não desfazer o bom ambiente geral do grupo, que nos põe ansiosos por cada domingo de ensaios.

Seja de que forma for, asseguraremos o vosso entretenimento com a nossa presença em palco. Em conjunto com a nova companhia na companhia, trazer-vos-emos mais e melhor teatro!


Diogo Ferreira

terça-feira, 3 de julho de 2007

Trilogia Hitchcock - Introdução à história do grupo

Sendo convidado, e tendo aceite, a proposta de (re)criação e encenação do Grupo Juvenil NCB, em Fevereiro de 2005, imediatamente programei para Setembro/Outubro seguintes o retomar deste projecto. Estabelecidos alguns contactos, convidadas algumas pessoas, na maioria amigos pessoais, iniciou-se o processo de organização do que seria este projecto, já estabelecidos alguns objectivos, já conhecidas algumas realidades.

Sabia, então, duas coisas: teria pessoas muito jovens e/ou muito inexperientes; queria uma organização que me desse garantias e que potenciasse uma formação o mais apoiada na prática e na observação activas, num estilo dramático que não a comédia.

Assim, decidi que a formação de dois grupos internos, com ensaios conjuntos da mesma peça, - sem objectivo de competição, mas apenas os acima mencionados, - seria ideal para o que queria dar a estes jovens, no que respeita a conhecimentos e prática teatral.

Importante também era, sem qualquer dúvida para mim, o poder estabelecer o mínimo de hierarquias entre os actores, sendo que eu próprio não os conhecia enquanto tal. Com isto em mente, optei por propor a todos a realização de alguns contos curtos, de suspense, retirados de textos que conhecia e admirava, com proveniência da “Alfred Hitchcock’s Mystery Magazine”, dos anos 60, aproximadamente. Eles tiveram oportunidade de representar, na maioria, duas personagens, tendo equivalentes importâncias e presenças em palco.

Esta proposta foi, a meu ver, bem recebida, criando-se assim, com “As pistolas carregadas são perigosas”, “O Céu como limite” e “O ladrão de jóias”, textos seleccionados e adaptados por mim, com auxílio ocasional de João Pedro Oliveira, a “Trilogia Hitchcock”.

Iniciamos, então, o trabalho neste grupo com o suspense, estilo pouco abordado em teatro, verificando que o nosso maior problema foi o facto dos actores dedicarem pouco trabalho de casa ao projecto, demorando uma excessiva quantidade de tempo a decorar o texto.

Saliento que este projecto inicial se revelou um sucesso, com críticas positivas da parte do público e dos elementos da NCB, comprovadas com a participação no Festival Nacional de Teatro de Amadores da Póvoa de Lanhoso, onde nos puseram entre os melhores grupos de teatro de amadores do país.

A humildade demonstrada pela maioria dos envolvidos faz-me achar necessário o reafirmar desses elogios, principalmente às suas prestações individuais e colectivas. Vocês evoluíram e mostraram, segundo muitas pessoas com muitos anos disto, enorme talento e potencial para melhorar.

Só falta não deitar fora as oportunidades…


Miguel Marado