quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ho Ho Ho!

É Natal!

Bem, isso, penso eu, que já todos sabem. Seja pelas iluminações natalícias na rua, pelas ruas da cidade ao rubro, plenas de pessoas ávidas de consumismo, ou ainda pelo horário nobre televisivo colonizado pelos anúncios aos mais diversos brinquedos e chocolates.

No entanto, o Natal não é constituído unicamente por comportamentos e pensamentos materialistas. De facto, certos elementos tais como o convívio com amigos e família, a solidariedade e a felicidade característica marcam esta quadra festiva.

Mas afinal o que tem a haver o Natal com o Teatro?

Bom, no Natal não somos meros objectos manipulados pela força do marketing. No Natal tornamo-nos personagens activas no palco desta festa tão especial e mágica. No Natal somos actores e actrizes. E isso, nem toda a gente sabe.

O pai que veste o fato de “Pai Natal” na noite do dia 24 de Dezembro, dando asas ao mistério e imaginação dos seus filhos e maravilhando-os com as prendas que traz às costas, soltando o célebre “Oh Oh Oh!”, não estará ele a encarnar uma personagem, a desempenhar um papel?

O próprio presépio. Não será ele o palco para ilustrar o acontecimento que deu origem a esta festa Cristã? As pessoas que participam em presépios vivos não estão elas também a desempenhar um papel?

Nós próprios. Não estaremos a desempenhar um papel no Natal? Tornamo-nos pessoas mais generosas, benevolentes, solidárias e atentas às necessidades e desejos dos nossos próximos.

Por fim, o palco no qual actuamos também não se transformará? O palco que, neste caso, se consubstancia nas ruas e nas nossas casas, transfigura-se para acolher as novas personagens que encarnamos e a monumental peça de teatro que é o Natal.
O ponto ao qual quero chegar é o seguinte: nesta altura do ano, mais que nunca, estamos mais próximos do teatro e de tudo que esta Arte envolve: emoções, transformações, adrenalina, entrar na pele de outra pessoa.

Por isso, dado que somos actores sem o saber, não só no Natal, mas também no Carnaval, no Dia das Bruxas, etc., porque não tentarmos sê-lo fora destes dias especiais? Porque não tentarmos moldar-nos a cada situação imprevista, a cada degrau inesperado, a diferentes personagens que partilham o palco connosco, para que no final a peça que é a nossa vida corra pelo melhor e que o público, que são todas a pessoas que nos rodeiam, nos aplaudam, dando-nos a certeza que fizemos o melhor desta vida?

Sílvia Sousa

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Mensagem de Natal do Grupo!



Feliz Natal e Um Excelente 2009!

Veja neste vídeo uma curta mensagem de cada um dos nossos membros, no 19º vídeo do Canal YouTube da NCB... (Não perca os bloopers das filmagens no final)

Não deixe de nos acompanhar, aqui ou no Centro Cívico de Palmeira.

Boas Festas!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sondagem do mês de Novembro

A sondagem do mês de Novembro tenta interrogar os nossos espectadores sobre os benefícios ou não do teatro na formação de uma criança. A pergunta colocada foi: “Acha que devia existir uma disciplina de expressão dramática nas escolas? E acha que isso ia beneficiar o Teatro criando espectadores mais fiéis?” As hipóteses de resposta a esta questão eram as seguintes:
1.Sim, acho que as aulas de expressão dramática iam ter muitos benefícios no desenvolvimento da criança e podiam criar o hábito de assistir a peças de teatro.
2.Não, acho que não devia ser obrigatório porque nem todas as crianças iam beneficiar de fazer teatro.
3.Não tenho opinião.

A primeira resposta obteve uma percentagem de 87,5% dos votos, a segunda obteve 0% e a terceira obteve 12,5% dos votos. Maior parte concorda com os benefícios que expressão dramática pode ter numa criança, toda gente sabe que as crianças são influenciadas pelos pais, pelos meios que frequentam e pela escola. As aulas de expressão dramática iam ajudar as crianças a libertar a sua imaginação, toda gente sabe que as crianças são verdadeiras fontes de criatividade. Podiam também ajudar a enfrentar os seus medos como por exemplo medo falar em público, ajudar a perder uma pouco da timidez de muitas crianças, que muitas vezes em adultos pode condicionar o seu comportamento em relação ao meio.

As aulas de expressão dramática podem ser uma forma de influenciar com o “bichinho” do teatro e, – quem sabe? –, assim conseguirmos criar um público fiel ao teatro, que é uma arte tão nobre e antiga. Em vez de verem séries que muitas vezes não têm qualidade podiam apreciar uma peça de teatro. Esta influência também não pode ser só exercida por parte da escola, mas também os pais tem que incutir nos filhos o hábito de ir ao teatro. A segunda resposta ninguém escolheu: isso mostra que já existe alguma consciência para os benefícios do teatro, mas também podemos considerar que 12,5% das pessoas que responderam com a terceira opção (“não tenho opinião”), podem ser pessoas que não estão informados em relação aos benefícios que o teatro pode trazer, não só numa criança, mas também nos adultos.

Existem pessoas que consideram o teatro algo “terapêutico”. Podemo-nos abstrair dos problemas do dia-a-dia e ser o que quisermos, experimentar sentimentos de fúria, tristeza, frustração, amor, etc. De um momento para o outro, podemo-nos libertar sem ter medo de sermos julgados pelos outros. Na minha opinião as aulas de expressão dramática iam ajudar as crianças a serem adultos mais confiantes, melhorando a sua capacidade de expressão e sociabilidade.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Mais fotos de 11 de Outubro - Teatro do Oprimido


Estas fotos elucidam alguns dos momentos dos actores que tiveram em palco na estreia de um novo projecto da NCB, um workshop dirigido por Pedro Kayak. Este novo desafio que foi lançado aos actores, trata-se do Teatro do Oprimido. Este espectáculo foi apresentado pelos actores no dia 11 de Outubro no Centro Cívico de Palmeira e revelou, mais uma vez, a vertente mais interventiva do teatro.
Os actores que vemos nas fotos são: Pedro Kayak, Bruno Boss, Pedro Bafo, Liliana Ribeiro, Rui Lucas e Tiago Pintas. Esta peça contou também com a participação do público, provocando-o e fazendo o mesmo rever-se no que era representado em palco. O público colaborou connosco, as opiniões divergiram mas, no final, o dever tinha sido cumprido, tínhamos tornado o público parte do palco, da cena, da peça.


Foram levados determinados exercícios a palco com o intuito de retratar a precariedade com que muitos cidadãos se deparam diariamente nos seus locais de trabalho e dia-a-dia. Estes exercícios foram um reflexo de uma sociedade cujas entidades patronais não têm preocupações com os seus trabalhadores e da crescente desumanização no mundo do trabalho, bem como da dificuldade em gerir questões de mercado, como os combustíveis, também alvo da atenção desta peça.
Assistimos no Teatro do Oprimido às exigências dos operários, exigências estas que mais não são do que aquilo que lhes é devido, os seus verdadeiros direitos. No fundo, algo pelo qual não se deveria lutar, mas que deveria estar instituído numa sociedade que se considera a ela própria evoluída, democrática e socialista mas, no entanto, continua a maltratar ou a diminuir o trabalho daqueles que são o “país”.

Joana Barroso Magalhães

sábado, 6 de dezembro de 2008

Entrevista a Matilde Quintela - Membro do Grupo Infantil da NCB



A Matilde Quintela é um dos elementos do Grupo Infantil da NCB, encenado pelo Director Artístico da Companhia, Carlos Barbosa.

Nesta entrevista com o Pedro Kayak, a Matilde fala-nos de vários assuntos: o ambiente do Grupo Infantil; a motivação das crianças para ter como hobbie o Teatro; as razões que o público tem para assistir às peças deste Grupo; os seus hábitos em relação ao Teatro, etc.

Depois de alguns problemas técnicos, cá temos o nosso 18º vídeo do Canal YouTube da Nova Comédia Bracarense.

Não deixe de participar na nossa sondagem mensal, aqui ao lado esquerdo:

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O que é um actor? Parece que há gente importante que não sabe!

Os actores já não são distinguidos pelo seu valor, existem outros métodos para a sua escolha que em nada têm a ver com a arte de representar. A mística, esse conjunto de práticas conducentes ao êxtase, tem vindo a desaparecer. Infelizmente, é este o mundo em que vivemos actualmente! Há quem ousa chamar-lhe, e apoio quem o diz, o Mundo das Cunhas!

Nos tempos que correm, os actores são escolhidos por serem “bonitos”, filhos de antigos verdadeiros grandes actores, agenciados nesta e naquela agência como manequins fotográficos ou modelos, famosos (não importa se através de um trabalho musical, se da participação num programa televisivo ou se por serem praticantes profissionais de algum desporto) …e é isto ser actor? Não, isto não é ser actor! Actor é aquele que representa, aquele que sabe o que é ser uma personagem, aquele que merece que lhe batam palmas no final de um espectáculo. E este deveria ser o parâmetro mais importante a avaliar, o que não acontece na maior parte dos casos.

Mas ainda assim, há coisas que são bem mais tristes e revoltantes. Esses famosos actores, que a nível de representação nada sabem, têm a lata de enganar milhares de jovens ao dar workshops de representação por todo o país. Que maneira indecente de extorquir dinheiro a tanta juventude com vontade de aprender. E aprender, é algo que não faz parte do workshop dado por esses incapazes do mundo do teatro! Chamo-lhes incapazes pela forme como subiram as escadas do mundo do teatro, pois de certo subiram-nas no colo de alguém.

Se já não há actores como antigamente (quando o valor em termos de representação se sobrepunha a tudo)? Há sim, e nunca deixarão de existir pessoas com imenso valor nesse sentido! Mas estão a cortar as asas a quem quer e tem capacidade para voar num mundo teatral!

Grosso modo
, não há actores de qualidade. É claro que existem excepções, mas estas deveriam estar no lugar da generalidade, e os “cunhas” nas excepções. Todos sabemos que as escolhas deviam ser feitas ex aequo, mas isto não sucede. Deixo um apelo a quem partilhe da minha opinião, nunca se conformem e mostrem da maneira mais correcta o que é para vocês teatro! Nós por cá continuaremos a fazer o nosso papel por uma só razão: amor por aquilo que outros tentam desvalorizar, amor ao teatro!

Rui Lucas

sábado, 29 de novembro de 2008

Moderno e Clássico

Hoje venho aqui falar um pouco sobre o teatro clássico e o teatro moderno, ou contemporâneo. E eu venho falar disto porquê? Porque é algo que faz parte da actualidade na Nova Comédia Bracarense. O grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense, o nosso grupo, como vocês sabem está agora a preparar o seu novo projecto, a peça de teatro “A Divisão”, que é uma representação dramática que está enquadrada no âmbito do teatro moderno. Já o grupo sénior está também a trabalhar no seu novo projecto, que está aí a chegar, “O Morgado de Fafe em Lisboa”, peça esta que encaixa no teatro clássico.
São ambos dois estilos teatrais interessantes, que diferem em muitos aspectos, não deixando de ser, ambos, interessantes. Os clássicos têm já muito reconhecimento, e podemos vê-los, ainda em peso nos dias que correm. Muitos prevalecem intactos, outros sofrem as naturais adaptações. O público gosta de clássicos, e os clássicos gostam do público, pois o publico eternizou-os.
O teatro moderno, que eu pessoalmente prefiro, reflecte melhor a nossa cultura, a nossa sociedade, os problemas que nela existem, e na minha opinião são muito mais atractivos precisamente devido a isso. As pessoas podem ver uma peça, e identificarem-se com esta ou com aquela personagem, e até identificarem a sua vida com a própria história. Actualmente o público é atraído pela novidade do enredo, e aqui reside uma das principais diferenças com o teatro clássico, que procurava muitas vezes inspiração em vários mitos e lendas.

Mas, nem tudo é assim tão bonito. E desse modo guardei este bocadinho para falar do que me preocupa hoje em dia no teatro. Não, não tem a ver com teatro moderno nem clássico, tem a ver com a sociedade moderna. Sociedade esta que se calhar nem sabe quem escreveu “Romeu e Julieta”. Sociedade desinteressada pelo teatro, sociedade que se tem afastado aos poucos dos auditórios, que prefere o sofá e ver mais uma das pobres e repetitivas realizações, de José Eduardo Moniz.

Não percam os clássicos e os modernos que a Nova Comédia Bracarense lhe proporciona. “O Morgado de Fafe em Lisboa” pelo grupo sénior, e a peça “A Divisão” do autor Miguel Marado, que será em breve levada até si pelo grupo juvenil da NCB.

Tiago Pintas

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O(s) público(s)

Olá a todos, estou de volta a este nosso e vosso espaço, onde podem encontrar sempre algo interessante sobre teatro e tudo o que o rodeia. Podem dar a vossa opinião de diversas formas e podem também encontrar sempre algo de maior interesse para vocês, como penso que é o caso de hoje. Levo até vós este texto que nos fala sobre o público dos espectáculos teatrais: o papel do público, os diferentes tipos de público e também o meu cunho pessoal acerca de vocês, que nos vêm ver.
Durante a minha modesta “carreira” teatral já encontrei diversos tipos de público. Eu, que comecei a fazer teatro no âmbito escolar há cerca de 7 anos, predominantemente nessa altura constatei que o público com que me deparava era da mesma faixa etária que eu, pois grande parte dos espectáculos eram feitos para escolas. Esse tipo de público, mais novo e que normalmente não está a assistir a uma peça de teatro por iniciativa própria, nem por muito menos apreciar aquilo que está a ver, é um público mais difícil. Mais difícil no sentido em que vai dificultar a tarefa do actor, isto por ser um público desatento, desinteressado e, no fundo, barulhento. Durante uma mostra teatral há algo imprescindível, o público, mas também não deixa de ser imprescindível, que esse mesmo público seja respeitador, e no fundo, respeitar quem arduamente trabalha para levar algo a palco. Não é mais que não perturbar o desempenho dos actores nem aqueles espectadores atentos com gosto pelo teatro. Não podemos pedir a ninguém que goste do nosso trabalho, que goste do teatro, a única coisa que nós, artistas, podemos pedir é respeito.
Mesmo com o evoluir dos tempos, e mesmo depois de ter entrado para a Nova Comédia Bracarense continuei a cruzar-me com esse tipo de público: crianças que interrompem, pais que se riem das mesmas crianças, e espectadores que parecem gostar de protagonismo e preferiam estar no palco.
O outro tipo de público difícil é bem mais agradável. É um difícil, que é difícil, por ser difícil de agradar. Isto é, um público atento, crítico, e que gosta de teatro, que sabe avaliar a capacidade de um actor, o desempenho, e todo o mais pequeno pormenor. No fundo é para esse tipo de público que nós trabalhamos todos os fins-de-semana, não querendo com isto discriminar nenhum tipo de público, apenas digo isto porque nós trabalhamos sempre para o melhor, e o melhor é o que vai agradar esse público mais exigente.
Vocês, público, são quem ainda nos dão vida nesta comunidade cada vez menos interessada por esta bela forma de arte. Continuem a aparecer, e sempre que forem assistir a um espectáculo, mais propriamente aos da Nova Comédia Bracarense, levem um ou dois amigos que não esteja habituado ao teatro, pois se todas as pessoas fizerem isso, vão ver que o espectáculo vai valer mais a pena, não só porque vocês são peça fulcral, mas também porque subir a palco e ver um auditório cheio é a melhor sensação do mundo.

Tiago Pintas

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ensaios d'"A Divisão"


Estou de volta à nossa página da Internet, desta vez para vos mostrar estas fotos que foram tiradas durante um dos ensaios da nossa nova peça “A Divisão”. Estas fotos são bem representativas do árduo trabalho que tem sido desempenhado por todo o nosso grupo, desde o encenador a todos os actores. Este nosso novo projecto tem sido muito aliciante, depois de fazermos os workshops de teatro improviso e de oprimido, isto é algo por que todos nos já ansiávamos, pois todos os actores gostam de ter um personagem para encarar, para preparar, um texto para decorar, e uma história na qual nos podemos rever ou não.


Nestas duas fotos podemos ver as actrizes Sara Manuela Soares e Ângela Saraiva, com o nosso encenador Miguel Marado a transmitir-lhes o que quer ver delas em palco, tal como tem sido hábito da parte do encenador do grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense, o rigor e empenho total neste projecto que você não vai poder perder.
Uma história de dois irmãos que passam por uma perda importante nas suas vidas, o que vai levar a cenas de alta tensão, transportando a história no tempo várias vezes e que, com muito suspense e drama, promete prender o público até ao último minuto.

Tiago Pintas

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sondagem de Outubro

A sondagem de Outubro teve como objectivo perceber de que maneira as condições de uma sala de espectáculo condicionam a ida do público ao teatro.
Através da pergunta “ A qualidade das instalações influencia de alguma maneira a sua ida, ao teatro?” Cuja hipóteses de resposta foram as seguintes:

1- Não, o meu gosto pelo teatro ultrapassa essas questões.
2- Não, só vou ao teatro para ver os meus amigos.
3- Sim, se pago ver uma peça de teatro, espero assistir a um espectáculo de qualidade, o que inclui as condições de som, luz, conforto, etc.
4- Sim, não consigo apreciar uma peça de teatro que não tenha o mínimo de condições.

A resposta nº 1 reuniu 54% das escolhas dos visitantes, o que indica que os nossos visitantes são amantes do teatro, e que umas cadeiras desconfortáveis não os irão impedir de assistir a uma boa sessão de teatro de amadores.
Em segundo lugar temos a resposta nº3, com 38% dos votos, em terceiro, a resposta nº4 com 8% dos votos e por último a resposta nº2, que não teve qualquer voto.
Através destes resultados podemos deduzir que, pelo menos o nosso público, é um frequentador de teatro que não se importa se as condições das salas de espectáculo sejam boas ou más. Apenas desejam ver uma boa peça de teatro.
Por outro lado, uma porção significativa do nosso público é um pouco mais exigente com a qualidade das salas de espectáculo, não só pretendem ver um bom espectáculo proporcionado pela Nova Comédia Bracarense, mas como também, pretendem vê-lo numas instalações adequadas e com um certo nível de conforto e qualidade.
É necessário fazer uma chamada de atenção aos responsáveis pela cultura deste país. É preciso fazer ver que a cultura nacional não se limita somente aos grandes palcos, aos grandes centros urbanos, nem tão pouco, aos teatros nacionais. É preciso melhorar de um modo geral os nossos anfiteatros, as nossas salas e auditórios, para que todos, desde o actor ao público, possam ter, fazer e ver teatro amador em condições dignas para todos. Só assim, ajudando nas bases e nas condições básicas, teremos uma cultura regional de que nos possamos orgulhar, onde as pessoas sintam prazer em assistir a um bom espectáculo de teatro e contribuam para o desenvolvimento das Companhias de Teatro Amador e do teatro em geral.
É preciso apoiar e saber apoiar, ter consciência do que se investe, onde se investe. E principalmente não usar estes apoios como campanhas de popularidade.

Pedro Oliveira

domingo, 9 de novembro de 2008

Géneros Teatrais (Drama)

O drama é um género teatral que é utilizado para criar a maior tensão possível entre os espectadores, já que o público fica “preso” ao que acontece em palco, entre as personagens, e tenta sempre desvendar o que ainda vai acontecer, idealizando os seus próprios finais para cada personagem.

Este estilo deu os seus “primeiros passos” na Grécia Antiga, quando Aristóteles divide a literatura da sua época, que se originara da forma oral, nos modos narrativo ou épico, dramático e misto. Este género teatral não é mais que um romance na sua forma máxima. Enquanto género cinematográfico, pode também ser entendido como um género onde o enredo se baseia principalmente em conflitos sentimentais humanos, muitas vezes com um tema geral triste.

Dentro deste estilo teatral pode-se destacar o Melodrama e a Tragédia.

O Melodrama é o género teatral que se dedica à expressão violenta ou exagerada dos sentimentos. O século XIX privilegiou particularmente este género literário, que raramente ultrapassa os cinco actos, e que se adaptou com êxito ao gosto romântico pelas paixões exacerbadas, pelo exótico e pelo sobrenatural. Este género teatral teve origem na música italiana do século XVIII.

A moral do Melodrama é quase sempre simplificada: vemos como a vivência humana se reduz ao combate entre o bem e o mal, com o triunfo do primeiro garantido. A intensidade do texto dramático é ilustrada em palco pelos mais variados efeitos especiais e cénicos. As personagens do melodrama são, em regra, estereotipadas, variando entre dois tipos: modelos de bondade ou modelos de malícia.

Nos nossos dias, os Melodramas conquistaram novos públicos, como o televisivo, que consagrou a telenovela como género melodramático mais popular.
A Tragédia é uma forma de drama, que se caracteriza pela sua seriedade e dignidade, e envolve frequentemente um conflito entre uma personagem e algum poder de instância maior, como a lei, os deuses, o destino ou a sociedade.

Aristóteles disse que a tragédia resulta numa catarse da audiência e isto explicaria o motivo dos humanos apreciarem assistir ao sofrimento dramatizado. Entretanto, nem todas as peças que são largamente reconhecidas como tragédias resultam neste tipo de final – algumas têm finais neutros ou mesmo finais dubiamente felizes. Determinar exactamente o que constitui uma tragédia é um assunto frequentemente debatido. Alguns sustentam que qualquer história com um final triste é uma tragédia, enquanto outros exigem que a história preencha um conjunto de requisitos (em geral baseados em Aristóteles) para serem consideradas tragédias.


Até Breve!

Ângela Saraiva

terça-feira, 4 de novembro de 2008

“O Morgado de Fafe em Lisboa”


Para todos, ou quase todos, este título reavivará alguma memória.
De facto, trata-se de uma das mais bem sucedidas peças teatrais de Camilo Castelo Branco, ilustre escritor português do século XIX.

No entanto, para além de escritor, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, também era romancista, cronista, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Apesar de muito haver a realçar sobre este autor, destaca-se o facto de ter sido o primeiro escritor português a viver exclusivamente da sua actividade literária. Entre 1851 e 1890, redigiu mais de duzentas e sessenta obras e, de entre os vários romances, deixou-nos um legado de comédias, poesias, ensaios, peças de teatro, cartas e muitos mais textos com assinatura própria ou pseudónimos tais como: Manoel Coco, Árqui-Zero, Saragoçano, entre outros.

“O Morgado de Fafe em Lisboa”, obra de Teatro de Comédia oitocentista portuguesa escrita em 1861, retrata um provinciano que viaja pela primeira vez a Lisboa, acompanhado pelo deputado, seu amigo e conterrâneo, João Leite.
A trama é urdida no Palácio do Barão de Cassurrães, onde encontramos personagens retratando a segunda metade do século XIX português, com todos os vícios risíveis e ridículos de uma alta sociedade oitocentista. Estes factos tornam-se mais vincados ainda quando descritos através do olhar de um homem simples e desprovido de etiqueta social.
Inserida neste enredo envolvente, desenrola-se uma trama subjacente à volta da filha do Barão de Cassurrães cortejada por três pretendentes, entre eles o Morgado de Fafe, que desembocará num final inesperado.

Assim, é neste contexto que o Grupo Sénior da Nova Comédia Bracarense prevê a estreia da sua adaptação do “Morgado de Fafe em Lisboa” para o mês de Dezembro do presente ano, garantindo momentos de acentuada carga cómica.
Esta peça contará igualmente com a participação de alguns elementos do Grupo Juvenil, nomeadamente o Bruno Boss, o Miguel Marado, o Rui Lucas e o Tiago Pintas.

Certamente que a presença de elementos juvenis no seio das actividades do Grupo Sénior produzirá um resultado final bastante original e rico. De facto, a divergência na idade e no nível de experiência teatral gerará seguramente frutos deveras interessantes do ponto de vista do público, mas também no seio da Nova Comédia Bracarense. Para os elementos do Grupo Juvenil, a troca de ideias, de formas de actuação e de expressões poderá desembocar numa maior maturidade e segurança em palco. Por outro lado, na perspectiva do Grupo Sénior, a presença de actores novatos introduz uma dose de descontracção e uma lufada de ar fresco no âmbito da actuação.

É com este cenário aliciante que encerro o meu texto, esperando ansiosamente pela estreia desta peça prometedora com toda a qualidade garantida pela Nova Comédia Bracarense.


Sílvia Sousa

domingo, 2 de novembro de 2008

Géneros de teatro - Comédia

O teatro é uma arte, e como tal não é uma “estrutura” rígida. Pode, e deve, ser moldada a cada actor e encenador.
Como consequência disso surgiram vários novos géneros teatrais além dos géneros clássicos, como o drama, a comédia ou o romance.
No nosso género mais apreciado, a comédia, podemos destacar os mais frequentes de encontrar nos palcos: a Sátira, as Tragicomédias e o Teatro de Revista. A Sátira é uma comédia corrosiva e implacável, a sátira é utilizada por aqueles que demonstram a sua capacidade de indignação, de forma divertida, para fulminar abusos; castigar, rindo, os costumes; denunciar determinados defeitos; melhorar situações aberrantes; vingar injustiças… É por vezes utilizada de uma forma brutal, sendo mais ríspida a crítica. No entanto, esta abordagem pode ser mais subtil, e esta subtileza nota-se nas falas dos personagens, bem como na abordagem ao tema escolhido (na forma como dizem as suas deixas, a forma como se movimentam em cena, bem como aquilo que é dito).
A Tragicomédia é a mistura de tragédia com comédia. É a mistura do trágico com o cómico. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. Vê-se que é a tomada da vida quotidiana e absurda com um toque especial de comédia, de forma a descontrair, deixá-la verdadeira e engraçada. Tomam-se temas como violência, morte, roubos, entre outros, e a estes é dado o humor. Muito desse género é, hoje em dia, feito em diversas peças teatrais e diversos filmes. Isso é um dos pontos fortes pelo qual o teatro possui grande sucesso e expansão no que toca à comédia.
A Revista é um género de teatro, de estilo tipicamente popular, que teve alguma importância na história das artes cénicas, tanto no Brasil como em Portugal, que tinha como caracteres principais a apresentação de números musicais, apelo à sensualidade e à comédia leve com críticas sociais e políticas. Este estilo teve seu auge em meados do século XX. Em termos gerais, consta de várias cenas de cariz cómico, satírico e de crítica política e social, com números musicais. É caracterizada também por um certo tom Kitsch – com bailarinos vestidos de forma mais ou menos exuberante (plumas e lantejoulas), – além da forma própria de declamação do texto, algo estridente.
Algumas revistas marcaram épocas – no Estado Novo português, por exemplo, o espectáculo de revista conseguia passar mensagens mais ou menos revolucionárias e de crítica ao regime vigente.


Até Breve!

Ângela Saraiva

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Entrevista a Miguel Marado, acerca da nova peça: "A Divisão"



O Miguel Marado escreveu e agora encena, no nosso grupo, a peça "A Divisão", numa escolha de conjunto que reflecte as boas relações entre os membros activos do grupo e o seu encenador.

O Marado, responsável do Grupo Juvenil NCB há três anos, foi entrevistado pelo Pedro Bafo e fala-nos do seu método de escrita, da atribuição dos papéis aos artistas, de algumas razões para ver a peça e da possível data de estreia, que será antecedida pela revelação de mais pormenores acerca da peça...

Este é o 17º vídeo do Canal YouTube da NCB, que continua em grande!

Tem sempre uma sondagem para averiguar a sua opinião, aqui ao lado:

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domingo, 26 de outubro de 2008

A influência da Arte/ Teatro no desenvolvimento do ser humano

Os primeiros anos da vida de um ser humano são os anos onde a intensidade de nova informação é máxima. Em nenhum tempo posterior aos 14 anos (aproximadamente), um indivíduo receberá e apreenderá tanta informação como nesses primeiros tempos de vida. Desde aprender a falar e a comportar-se na sociedade em que está inserido, a lidar com o seu corpo e novas formas de pensar que não as que encontrara no seu seio familiar. É precisamente neste período de tempo que o nosso cérebro absorve como uma esponja toda a informação que lhe chega e é neste tempo que as personalidades se formam.

Desde o início da vida de um indivíduo existe uma capacidade de recriar imagens, caras de familiares, relembrar tudo aquilo que é apreendido. Existe uma capacidade enorme do nosso cérebro para imaginar com a exactidão dos sentidos uma situação engraçada que aconteceu connosco; por exemplo: a quantos de nós não aconteceu já, estarmos a recordar uma situação engraçada e sentirmos quase as pessoas que estavam ao pé de nós naquele momento, ou sentir os odores e tudo o resto que nos rodeava?

É precisamente por ser este o tempo em que os sentidos estão prontos para receber todo o tipo de informações do meio envolvente, que devemos incentivar as crianças a mexerem em tudo o que as rodeia, a sentirem as formas de todos os objectos, a ouvir os sons... Devemos incentivá-las a viver novas experiências que ficarão marcadas para o resto das suas vidas. É neste período, portanto, que devemos introduzir a arte mais pura na vida de um ser humano, já que é neste altura que nos encontramos com a mente mais aberta, como já foi referido.

A vivência de experiências novas sobre a forma de uma personagem, vai trazer tanta ou mais consciência das consequências na vida de uma pessoa que passa por essa mesma vivência, mesmo que quando vivida por uma personagem ficcionada e interpretada por nós, actrizes e actores. O mesmo acontece em relação ás restantes artes: apreendem-se “novos” sentidos e melhoram-se os “antigos”; recriam-se memórias, personalidades; criam-se ambientes, situações, etc.

Concluindo, quanto mais cedo um indivíduo começar a ter contacto com o teatro, mais experiências vai viver, mais facilmente conseguirá enfrentar graves situações que se avizinhem no seu futuro e, acima de tudo, estará muito mais capacitado para continuar a praticar teatro, já que tudo se torna mais fácil quando se vivenciam previamente as situações.

Até à próxima!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Momentos...


Tocou-me a mim, desta e mais uma vez, escrever um texto para este cantinho que acredito ser especial, de uma forma ou de outra, para todos os que o visitam, para todos os que nos visitam. Tocou-me também de forma especial o modo como a camada jovem da NCB agarrou mais um projecto, no mínimo, desafiante...

Já bastante foi dito e escrito neste blog acerca do Teatro do Oprimido, pelo que penso que já devem estar familiarizados com o objectivo e principais características distintivas deste género teatral, se assim o posso denominar. Por esta razão, vou limitar-me (ou talvez não...) a partilhar convosco duas fotografias, dois momentos que tiveram lugar ontem, dia 11 de Outubro, no Centro Cívico de Palmeira, durante a apresentação da peça que rematou o Workshop dirigido pelo Pedro Kayak sobre o Teatro do Oprimido.

Na primeira imagem estão presentes, da esquerda para a direita, Pedro Bafo, Liliana Ribeiro, Tiago Pintas, Rui Lucas, Miguel Marado e Ângela Saraiva da Rocha, ainda na primeira parte do espectáculo, durante a qual estes actores simularam um call center.


O momento retratado na segunda fotografia diz respeito à encenação de um Parlamento, no qual participaram, novamente da esquerda para a direita, Tiago Pintas, Liliana Ribeiro, Rui Lucas e dois convidados especiais, que se encontravam no público e tiveram oportunidade de partilhar este momento com os jovens actores da NCB, na bancada da “esquerda”.

Poderia, agora, tentar analisar variadíssimos aspectos relativos às duas fotografias aqui presentes. Poderia igualmente começar a tecer comentários, certamente infundados, acerca destes momentos que brindaram a noite de todos os que se deslocaram, ontem, ao Centro Cívico de Palmeira. Em vez disso, prefiro terminar este pequeno momento expressando a minha admiração por estes jovens que, comprometidos social e politicamente com o que os rodeia, têm conquistado, passo a passo, o mundo, do teatro amador e não só.

Joana Raquel Antunes

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sondagem de Setembro

A sondagem do passado mês de Setembro teve como objectivo principal o conhecimento, por parte da Nova Comédia Bracarense, da opinião do nosso público em relação à abordagem de temas polémicos em palco, já que o nosso grupo juvenil realiza, com alguma frequência, espectáculos que têm como base temas que podem ser considerados polémicos.
Foi então colocada a questão: “Considera importante a abordagem de temas polémicos em palco?”.
A maioria, 64%, dos inquiridos responderam que consideram importante esta abordagem em palco, já que consideram que estas abordagens devem ser feitas com vista a mudar mentalidades.
Com 36% de votos do público, foi afirmado que estas abordagens são consideradas importantes, porque consideram que é importante mostrar à população as diferentes visões de um tema, mas, no entanto, consideram que estas abordagens não servem para alterar opiniões previamente adquiridas em relação ao tema representado em palco.
Nenhum dos inquiridos respondeu à pergunta colocada negativamente, isto é, nenhum dos inquiridos respondeu às propostas: “Não, porque penso que quando essa abordagem é feita, é sempre mostrada a forma mais extremista de um ponto de vista” e “Não, porque uma pessoa deve informar-se sozinha e formar a sua própria opinião”.
Podemos considerar que esta sondagem foi clara e expressiva, já que nenhum dos inquiridos considerou que a abordagem de temas polémicos em palco não é importante, já que perante as hipóteses apresentadas (“Não, porque penso que quando essa abordagem é feita, é sempre mostrada a forma mais extremista de um ponto de vista” e “Não, porque uma pessoa deve informar-se sozinha e formar a sua própria opinião”), nenhum dos inquiridos se identificou com nenhuma das hipóteses.
Podemos considerar ainda mais expressiva esta sondagem pela evidente coesão em relação à primeira hipótese apresentada (“Sim, penso que estas abordagens devem ser feitas com vista a mudar mentalidades”), onde o nosso público mostrou inequivocamente a sua opinião, o que mostra que esta abordagem de temas polémicos realizada com alguma frequência por parte do grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense, é vista como muito importante por parte do nosso público, o que nos dá ainda mais confiança numa próxima apresentação cujo tema base seja considerado “mais polémico”, já que a informação que nos foi fornecida pelo nosso público foi a mais positiva possível.


Até à próxima!

Ângela Saraiva

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A revolta do actor

Em meados do mês de Maio deste ano o grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense lançou-se num novo desafio, o Teatro do Oprimido. Introduzimos este novo conceito teatral graças a um Workshop comandado pelo nosso colega Pedro Kayak.

O Teatro do Oprimido baseia-se na interpretação de situações reais de opressão, que no dia-a-dia se vivem na nossa sociedade, desde exploração no local de emprego até discriminação racial ou religiosa. É portanto exigido ao actor uma grande força para enfrentar em palco problemas sociais que podem ter influência na sua própria vida: é preciso coragem para combater em palco de modo a levar a melhor sobre a opressão; é igualmente crucial o envolvimento do actor no “lado mau” para se argumentar contra o óbvio e contra o racional.

É neste sentido que o actor ganha um papel relevante para o público, pois certamente conseguem sentir-se retratados no que se desenrola em palco; através do seu desempenho o actor transmite coragem, transmite força, transmite razão para o público; com a sua sublevação em palco perante o opressor inspira intervenientes bem mais reais a agir contra a adversidade. Logo, o teatro ganha uma nova dimensão, que ultrapassa os limites físicos do palco, e entra na vida pessoal do público como se uma força anímica se tratasse, muda mentalidades enquanto faz aquilo a que sempre se propôs: entreter o público. Público esse que tem aqui uma oportunidade de libertar o espírito e de também ele se revoltar contra a situação, ganhando alento para tomar a mesma iniciativa no mundo real, lutando pelos seus direitos e pela igualdade.

É também com este intuito que a Nova Comédia Bracarense se lançou neste desafio, exigente mas recompensador, que além do mais nos encoraja, pois o actor também é humano, e também ele ganha uma nova vida com este tipo de representação. No dia 11 de Outubro, um Sábado às 21h45, levaremos a palco um espectáculo de Teatro do Oprimido, no Centro Cívico de Palmeira, em que contamos com a sua presença, pois o actor também precisa da sua revolta.

A minha segunda participação no blog da Nova Comédia Bracarense, abordou este tema, devido à importância que a revolta da parte do actor tem para o espectador, que se revê a si mesmo, ou a algum familiar ou amigo, na opressão, podendo mesmo subir a palco e impor-se perante o opressor. É portanto de louvar o objectivo deste teatro, que tenta à sua maneira mudar muitas mentalidades através da arte da representação.

Bruno Boss

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Entrevista a Pedro Kayak - Workshop de Teatro do Oprimido



O Pedro Kayak esteve responsável pelo último workshop que os Jovens NCB têm vindo a cumprir. Agora, prestes a estrear o espectáculo no Sábado, dia 11 de Outubro, às 21h45 no Centro Cívico de Palmeira (direcções aqui), espreitamos as ideias e os objectivos deste jovem artista.

A Sara Manuela Soares entrevisou o Kayak, "curinga" (espécie de Mestre de Cerimónias do Teatro do Oprimido), que nos dá fortes razões para ver a NCB no dia 11 de Outubro; nos explica a sua postura no Workshop e se despede, momentaneamente, da NCB...

Não deixe de ver este nosso 16º vídeo no Canal YouTube NCB.

Vote na nossa mais recente sondagem, aqui na barra lateral:
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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Centro Civico de Palmeira - Fotos


Há algum tempo atrás entrando numa nova situação, num novo desafio na vida, vi-me reviver esta imagem mentalmente. Embora mais recente, esta é ainda a mesma entrada para o Centro Cívico de Palmeira, como a conheci.

Havia-nos sido proposto fazer uma mostra teatral no âmbito do já tão mencionado Festival da Maioridade e, através desse desafio, nasceu um outro... Pisar um palco novo, num edifício recém criado que nos trazia atractivas condições em relação ao “nosso” já esbatido Auditório Municipal Galécia.

Esta imagem representa o que foi sair do carro, e perceber que um novo capítulo se abria e que a disponibilização de diferentes recursos e inovações eram dados ao teatro amador.






Passado o Hall e á medida que descíamos as escadas, que acabaram por se tornar um pouco nossas, – ou pelo menos minhas, – durante aqueles meses de trabalho, as letras que soletram AUDITÓRIO tornavam-se parte do meu campo de visão.

Foi assim que acabou por nascer outra forma de abordar um palco, outra forma de abordar o teatro, a nossa prestação, ou até de nos abordarmos a nós próprios.



Em suma estas imagens são agora para mim como o Teste de Rorschach, onde tanto posso ver apenas uma imagem, uma nova aventura, a promessa de um novo lugar, o iniciar de uma jornada; ou simplesmente aquele nervoso miudinho que tanto me acompanhou e acompanhará em palco.


Diogo Ferreira


Fotos @ Junta da Freguesia de Palmeira

Obrigado!


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Perspectiva do ano que passou

As férias acabaram e daqui a pouco, para além de começarem as aulas, também vão começar os ensaios do grupo de jovens da Nova Comédia Bracarense.

Apesar das nossas tenras idades, trabalhamos arduamente todos os anos para dar o nosso melhor ao público. Antes de falar do futuro, quero lembrar um pouco do nosso ano que passou. Quando começamos os ensaios por esta altura no ano transacto, foi-nos proposto pelo nosso encenador Miguel Marado um Festival da Maioridade do grupo de jovens, onde íamos mostrar ao público os trabalhos que já tínhamos feito e algumas coisas novas, pois o nosso público merece. E, para a “apimentar” um bocado o festival, o público ia votar nos que considerava os melhores Actor, Actriz e Novato. Muitos podem pensar que isso ia trazer rivalidades entre as pessoas do grupo mas, por incrível que pareça, não foi o que aconteceu, o grupo manteve-se coeso e ajudamo-nos uns aos outros.

Foi uma bela oportunidade também de mostrar ao público as novas “aquisições” da NCB para o grupo de jovens e mostrar o que eles aprenderam no workshop sobre improviso. Posso dizer que eles superaram qualquer expectativa em relação à sua actuação; depois, no festival tivemos pela primeira vez o improviso dramático, difícil de se fazer, mas que foi mais uma prova superada pela NCB.

Como sabem este Festival passou-se no Centro Cívico de Palmeira e, quando este começou, não tínhamos público fiel, mas ao longo do festival fomos ganhando a fidelidade do público de Palmeira, que se ria das nossas piadas e fazia duras críticas quando era preciso, para podermos melhorar. Na minha perspectiva como actriz, foi um ano cheio de coisas boas, vi os meus colegas a crescerem como actores e eu mesma cresci como actriz; o público de Palmeira foi muito generoso e brindou-me com o prémio de Melhor Actriz, que vejo como uma realização pessoal, porque sei que evolui muito como actriz durante o ano, mas vejo também como uma realização do grupo, pois todos demos o nosso melhor para fazer peças com o maior profissionalismo. Gosto de pensar que o ano que passou foi uma maneira de crescermos como grupo, de nos tornarmos mais responsáveis e crescer muito como actores. Acho que o público que lê o nosso blog vai ter mais uma grande surpresa em relação aos jovens: nós vamos continuar a evoluir como actores, vamos tentar sempre aprender coisas novas e vamos tentar sempre inovar em relação aos anos passados.

Acho que já habituamos a nosso público a esperar coisas novas e diferentes e acho que já é uma exigência natural em relação ao nosso grupo. Vamos dar o nosso melhor; como se costuma dizer “vamos dar o litro” para sermos os melhores.



Liliana Ribeiro

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Sondagem de Agosto

A sondagem do mês de Agosto teve em vista analisar qual a opinião de todos os que visitam o site da Nova Comédia Bracarense em relação aos musicais e, se estes são um género teatral tão válido quanto os outros. Esta sondagem pretende, em tom de curiosidade, levar-nos a perceber quais os interesses e os gostos dos que participam nas nossas sondagens. Numa altura em que os musicais são produções cada vez mais procurados pelas pessoas, achamos interessante questionarmo-vos acerca dos mesmos.
Terminada a sondagem, tivemos a hipótese de verificar que uma maioria, 47% dos votantes, concorda que os musicais são tão válidos quanto os outros. Esta percentagem reflecte então que os participantes na votação aceitam os musicais tão bem quanto outros géneros teatrais e, vêm nos mesmos, um teatro tão bom e ao mesmo nível dos outros. Esta percentagem expressa então uma admiração por esta forma de arte e de expressão.
Com 20% dos votos, surge a opção “ É o expoente máximo do teatro, visto reunir diversas áreas artísticas”, juntamente com a opção que indica que os nossos votantes consideram os musicais como o seu género teatral preferido. Estas duas opções surgem igualadas a nível de percentagem. Se numa delas, os musicais são o género teatral preferido de 20%, a outra, com o mesmo valor, reflecte a opinião dos que consideram os musicais o expoente máximo do teatro. A opção que recebeu menos votos foi a que encara “os musicais como uma forma de esconder certos handicaps dos artistas” com 13% dos votos. Estes 13% são um número pouco significativo, não podendo nós, no entanto, desvalorizar o seu significado. Para os que representam esta percentagem, os musicais são um género teatral não tão válido, pois pode ser usado na tentativa de esconder, disfarçar os problemas que certos artistas tenham a nível da representação.
Podemos então concluir que a votação do mês de Agosto reflecte uma admiração em geral pelos musicais, visto que 87% dos votos concentram-se nas opções que exprimem simpatia por este género musical e que o consideram uma forma teatral também válida. Estes 87% derrubam os apenas 13% que consideram os musicais uma forma de esconder certas lacunas a nível artístico dos seus intervenientes.
O reflexo desta sondagem, é o reflexo do nosso público, daqueles que contribuem para que a NCB cresça e continue. Todas as sondagens que temos vindo a fazer, servem para apurar os nossos sentidos, conhecimentos. Servem para vos conhecer e para que, conjuntamente, possamos partilhar ideias.

Joana Barroso Magalhães

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Entrevista a João Gomes - Colaborador no Festival da Maioridade



João Gomes foi o responsável pelo espaço do Centro Cívico de Palmeira e o amigo improvável que encontramos na realização do Festival da Maioridade, que muito contribuiu para que tudo corresse sobre rodas.

O Tiago Pintas entrevistou este espectador privilegiado, que dá algumas luzes acerca do Festival e da prestação dos actores; nos explica como foi a sua chegada à colaboração no Festival, mesmo no dia do seu aniversário; fala do espectáculo de Stand-Up, que foi sua ideia, e finalmente nos fala do seu anterior relacionamento com o Teatro.

Este vídeo apresenta-vos o "Espectador Mais Assíduo do Festival" e é o 15º do nosso canal YouTube NCB, cujos vídeos já foram visto quase 2000 vezes...

Vote na nossa sondagem de Setembro, aqui ao lado:
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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Participação em Mostra de Teatro - Caminha, 25 de Abril




No dia 24 de Abril de 2008, após a actuação do grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense na Sé de Braga, num espectáculo ao ar livre que tinha como objectivo simbolizar o dia da Liberdade com um pouco de Teatro, fomos convidados para representar em Caminha no dia do feriado nacional, na 2ª Mostra de Teatro Amador do Minho, entre a região minhota portuguesa e galega.

Dado o convite inesperado e o inexistente tempo de ensaio, e após conseguirmos garantir a presença de cinco elementos nesse futuro espectáculo, decidimos como género teatral a executar nesse dia, o Improviso. Este tipo de Teatro, após o Workshop orientado por Miguel Marado, tem sido uma clara vantagem para o nosso grupo neste tipo de situações.


O espectáculo correu bem e tivemos um bom e extenso público, no qual se encontravam muitos elementos de nacionalidade espanhola, mas onde isso nunca se revelou problema para os “nossos irmãos”. É mais que meu dever referir que fomos extremamente bem recebidos e acolhidos tanto pelos elementos do mundo da organização do festival no qual participamos, assim como por parte da Câmara desta mesma cidade.

Os actores neste espectáculo no dia 25 de Abril foram Bruno Boss, Liliana Ribeiro, Pedro Kayak, Rui Lucas (eu mesmo) e Miguel Marado (apenas o último não está presente em nenhuma das fotografias).


Rui Lucas

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Teatro do Oprimido: Mundialização e Estética

Segundo o Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, existem mais de 50 países que já usam como método o teatro do oprimido. É o caso de Portugal, nomeadamente em Braga, ainda que na infância, com a Nova Comédia Bracarense; no Porto, com os cursos de Teatro do Oprimido na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto e em Lisboa, com o GTO Lx (Grupo de Teatro do Oprimido de Lisboa). Este último tem vindo, actualmente, a desenvolver teatro para bairros sociais, como o da Arrentela, escolas e até para a ilha de S. Miguel nos Açores. Usam como suporte o conceito de empowerment que se poderá traduzir em linhas gerais como a suscitação de poder no povo que permita a participação e intervenção na sociedade para a concretização da mudança. Neste caso, trata-se de possibilitar aos habitantes de bairros, aos estudantes das escolas e aos moradores da ilha de S. Miguel um comprometimento para com a satisfação das expectativas dos espectactores.

Segundo Augusto Boal, outros focos importantes no mundo de teatro do oprimido estão concentrados em países com culturas tão diversas como em África, cuja performance se centra mais no ritmo, em França, mais focada para a oratória, e na Índia, mais debruçada no movimento e na imagem.

Foi pegando nesta mistura mundial que Augusto Boal lançou em Londres o livro Aesthetics of the Oppressed (A Estética do Oprimido) da editora Routledge. Trata-se da mais recente pesquisa de Augusto Boal e da equipa do CTO-Rio (Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro).

Considera a obra de que o ser humano comum é expansivo, capaz de ir sempre mais além das suas capacidades, e portanto será sempre melhor do que realmente pensa que é, ou seja, é capaz de realizar mais do que realmente faz. Tendo esta ideia por base, pretende-se que os espectactores transcendam a sua condição de actor/personagem para uma contextualização estética de compreensão do mundo. Ou seja, o actor não deve ser apenas uma situação isolada em palco, mas uma personagem que se ambienta e atenta ao mundo actual. Por exemplo, um espectactor enquanto representa uma situação de opressão ou de oprimido deve ter em conta o que leva o opressor a oprimir reconhecendo a opressão enquanto tal, a sua História, as suas ferramentas, os seus métodos, os seus propósitos, as suas consequências e os seus contextos.

Assim, ficamos como constituintes de uma peça de teatro: 1) o actor, o que representa, 2) o director, o que dirige a acção, 3) os figurinos, os que se adequam ao ambiente, 4) o dramaturgo o que escreve a acção e 5) o ser humano o que recria e metaforiza a realidade em imagem.

O objectivo é que o ser humano se descubra e que se aproprie do que originalmente é seu para recriar o real e projectar um futuro.

Para ajudar cada um a descobrir essa potência e a capacidade transformadora, promovem-se actividades artísticas em quatro eixos:

PALAVRA: falada/escrita: os participantes produzem poesias, poemas, reflexões: "o que mais me impressionou" (relato sobre situações que impressionam os participantes no dia a dia) "declaração de identidade" (carta para algum interlocutor - conhecido ou não - com descrição do remetente), artigos, contos, além de textos dos espectáculos;

IMAGEM: actividades de artes plásticas, com produção de desenhos, figuras, criação de esculturas a partir de objectos encontrados; fotografia - análise do mundo que nos cerca e criação de cenas e espectáculos.

SOM: sonoridade: pesquisa sonora, descoberta do potencial da voz, instrumentos - existentes/inventados, música e criação de dança a partir de movimentos da vida quotidiana.

ÉTICA: diálogos/conversação: promoção de encontros com especialistas e promoção de centros de estudos de: filosofia, história, ecologia, economia, política e vida social.

Em jeito de conclusão, podemos dizer que a Estética do Oprimido é uma forma de reconhecimento do contexto mundial com todas as suas variedades culturais postas em teatro, objectivando uma participação, intervenção e compromisso dos espectactores para a transformação, para a mudança, para um mundo melhor.

Pedro Kayak

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sondagem de Julho

Chegou ao fim mais uma sondagem. Esta sondagem tinha como principal objectivo percebermos qual era a opinião do nosso público quanto ao uso do calão em palco.

Com cerca de 46% dos votos, os visitantes do nosso blog dizem concordar com o uso do calão, mas apenas se a situação o justificar. Também com uma percentagem relativamente elevada de votos (32%), os votantes da sondagem concordam com o uso do calão, sem qualquer restrição. Somando a percentagem destas duas opções percebemos que a grande maioria dos votantes (quase 78%) concordam que se use o calão nos espectáculos, algo que suscitava grandes dúvidas no seio do nosso grupo juvenil. Com pouco mais de 21% dos votos, a opção de nunca usar o calão para facilitar situações de comédia completa as opções do nosso público, uma vez que a rejeição do uso do calão em palco ficou-se pelos 0%. O facto de não termos ninguém a rejeitar o uso do calão seja em que situação for, é um facto positivo, pois além de nos dar mais “armas” para produzir os nossos espectáculos, demonstra também que a mentalidade do nosso público é mais aberta e nem por isso preconceituosa.

Esta sondagem acaba por ser bastante importante para o nosso grupo, uma vez que poderá ter influência directa num futuro próximo relativamente a espectáculos que temos em mente realizar.

A conclusão que eu tiro desta votação é que as pessoas que nos acompanham, são um público mais jovem, sem “medo” do calão, e com a consciência de que por vezes o uso do calão pode ser importante ora para o desenrolar de uma situação, ora para a caracterização de personagens, entre outras coisas. Conseguimos aferir também desta sondagem que teremos ainda de ter atenção ao uso que poderemos vir a fazer dos “palavrões”, uma vez que temos uma certa percentagem de pessoas a opinar pelo não uso do calão para facilitar situações de comédia, e, uma vez que nós queremos agradar ao nosso público em geral e não apenas a certas “percentagens” do mesmo, terá de ser feita por nossa parte uma análise cuidada e bastante cautelosa de como proceder aquando de um possível uso do calão em futuros espectáculos por nós a realizar.

Agradeço a vossa participação em mais uma sondagem, e espero que continuem a participar nas próximas, pois, como neste texto deixei explícito, a vossa decisão pode ser bastante importante para a definição das opções deste grupo.

Pedro Bafo

domingo, 10 de agosto de 2008

"A minha relação com o teatro" - 2ª parte

Deixamos aqui, aos nossos leitores, o final do texto da Matilde, cuja primeira parte foi publicada no dia 27 de Julho.

Esperamos que seja, mais uma vez, do agrado de todos.

Miguel Marado

Continuação de "A minha relação com o teatro":


No final do quarto ano, realizou-se uma festa de despedida para os finalistas. Estava lá a escola em peso. Escolheram-me para apresentadora e eu aceitei porque já tinha feito o mesmo “trabalho” em festas mais pequenas. Mas continuando, a princípio estava uma pilha de nervos, porém, ao fim da 3ª linha já estava mais à vontade e cheguei mesmo a improvisar. Adorei. Adorei ouvir os aplausos, os risos, adorei estar sob o olhar atento do público…

Já aos meus 10 anos, no 5º ano na minha escola, tudo o que era festa eu tinha que participar, tudo o que havia de concursos eu tinha de entrar. O que eu queria era representar, mas a minha professora de português estava convencida de que eu só sabia declamar aqueles poemas. Não eram poemas chatos (penso eu) porque eram escritos por mim. No entanto, eu queria teatro, mas ninguém sabia; só os meus colegas, pois a professora cismava comigo para eu escrever mais e mais e mais.

No 6º ano tive, finalmente, a oportunidade de fazer uma peça do “Rato de Campo e o Rato da Cidade” (em “Área de projecto”) que era um mini musical infantil.

Eu era o “Rato do Campo”, mas quando íamos fazer uma apresentação, o meu colega Rato da Cidade teve a triste sorte de partir um braço. Ora então tivemos que fazer mais um “casting”. Digamos que os participantes não eram os pretendidos… Mas eu ofereci-me só para ver como ficava, e aceitaram-me. O meu professor de “Área de projecto” convidou-me para ir fazer essa mesma peça á escola do filho mais novo dele. Fiquei como quem levou um tiro! O professor levou-me a almoçar e depois fomos a casa dele buscar os acessórios, quando me deparei com o seu cão. Com o meu medo a cães só me apetecia fugir porta fora. Fiquei, pois o professor garantiu-me que o cão não fazia mal. Na verdade era muito meigo. A peça correu muito bem e eu gostei de ter aquele público júnior (do 2º ano) a pedir que o “rato” os cumprimentasse. Estendi uma mão e vi um mar de mãos na minha direcção!

Bem isto é tudo da minha “carreira” até agora.

Ah, é verdade, eu ando no grupo infantil da companhia de teatro Nova Comédia Bracarense e adoro, pois fazemos tudo o que eu mais gosto, representar. E tenho a certeza de que é isso que eu quero fazer para o meu futuro.

Matilde Alves Quintela

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Entrevista à Ana Paula Leite - Actriz do Grupo Sénior NCB



A Ana Paula Leite está com a NCB há alguns anos e é uma das actrizes que se encontra na companhia há mais tempo.

O Pedro Oliveira questionou a Ana no que toca à sua entrada na NCB, à sua personagem e peça favoritas, à sua participação na NCB e mesmo em relação ao Grupo Juvenil e à sua opinião do mesmo.

Um vídeo que nos traz mais um elemento precioso da nossa NCB, numa curta entrevista que segue o nosso hábito de vos trazer vídeos com os nossos membros e resumos de actividades. Já temos 14, com mais de 1500 visualizações!

Não se esqueça de comentar, subscrever os nossos vídeos e votar na nossa recente sondagem do mês de Agosto, aqui ao lado:
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terça-feira, 29 de julho de 2008

Fotos da Liliana - Melhor Actriz do Festival da Maioridade

Começo por dar os parabéns à actriz do grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense, Liliana Ribeiro, pelo seu esforço, trabalho e empenho, a um nível tal que lhe granjearam o prémio de Melhor Actriz do Festival da Maioridade que decorreu de 5 de Janeiro a 12 de Abril deste ano, festejando o 18º aniversário da nossa companhia.
A Liliana participou em quase todos os espectáculos e com uma excelente presença em palco, o que a ajudou a conquistar o nosso público que tanto estimamos.

Todo o trabalho que viemos a desenvolver ao longo deste tempo demonstra que o teatro amador se pauta cada vez mais por um “profissionalismo” e uma capacidade em muito equiparáveis ao teatro profissional. Nesta linha de conta os prémios do Festival da Maioridade vêm demonstrar isto mesmo.


Houve um trabalho em conjunto de todos os membros e de todos os actores, mas só três poderiam ser os eleitos para ganhar os prémios de Melhor Actriz, Melhor Actor e Melhor Novato do Festival.
Os prémios são simples, mas com um grande valor para todos nós e em especial para os vencedores.

Foi um Festival bastante trabalhoso, houve momentos de stress, momentos de alegria e algumas brincadeiras. No fim de tudo só ficou o sentimento da saudade e dos objectivos cumpridos.

Sara Soares

domingo, 27 de julho de 2008

"A minha relação com o teatro" - 1ª parte

A Matilde Quintela é uma actriz do Grupo Infantil da NCB que recentemente entrou em contacto com o Grupo Juvenil. Tem apenas 11 anos e um interesse profundo pela interpretação.


A Matilde partilhou connosco um texto que publicaremos na nossa página, a primeira parte hoje e a segunda no dia 10 de Agosto. Perante a existência de algum talento na escrita e de muita vontade, decidimos abrir aqui algum espaço para a tal Permuta de Experiências que menciona a Ângela Saraiva no último texto desta página NCB Jovens.


Esperamos que gostem...


Miguel Marado



"A minha relação com o teatro", de Matilde Quintela

Lembro-me que, quando era pequenina, já tinha o gostinho pela representação. Lá nos natais que passei na casa da minha avó, era eu quem se punha em cima das cadeiras e fazia as gracinhas, cantando canções (improvisando daquelas partes que era difícil lembrar) e jogando com os nomes dos meus familiares e amigos. Que bonita era a sonoridade das palavras quando rimavam… Já em casa era igual. Lá no meu quarto via os anúncios da televisão e lembro-me de pegar nos meus bonecos, no “camaramen” e nos “figurinos” e andar por lá imitando aquelas bonitas modelos que sorriam quando cheiravam o perfume ou quando a coloração do cabelo estava bonita…

Quando era pequena (tal como agora) era muito adepta de filmes e, quando o filme acabava, ia para o meu quarto e fazia o mesmo que fazia com os anúncios.

Aprendi a ler aos 4 anos e meio. Tive como ajuda as cassetes da “Rua Sésamo” e os meus bons ouvintes: os peluches: o rato Mickey, a vaca do Buéréré, o “palhacinho”, o Speedy González, entre outros amigos. Vou começar a história pelo início: lá estava eu em cima da minha cama com a minha “trupe” a contar a história da Branca de Neve (contava as histórias descrevendo as imagens e dando relatos do que ouvia) e mal acabei, dei por mim que percebia o que aquela confusão de letras significava. Toda contente fui mostrar aos meus pais. A partir daí comecei a gostar de ler e mascarar-me de personagens dos contos de fadas.

Aos 5 anos, a minha mãe anunciou-me de que iria para a escola. Fui um dos melhores momentos da minha vida! Estava tão ansiosa para aprender a fazer “coisas dos crescidos”. Eu nunca tinha visto a minha escola, mas na minha imaginação já surgia uma imagem: uma escola grande e amarela com um recreio cheio de relva muito verde e uma professora; sim, uma professora nova, alta e magrinha de cabelo loiro e olhos azuis como nos filmes. Tinha chegado o grande dia e dei comigo á porta de um edifício baixinho e acinzentado, muito velhinho; o recreio era de terra batida e ervas daninhas. Fiquei admirada porque aquilo não era nada do que eu tinha imaginado, mas mesmo assim estava ansiosa por começar a trabalhar. Subi as escadas e fui bater á porta de uma sala, a sala dos professores. Abriram a porta, mas lá só estavam velhotas sorridentes, a beberem chá e a comer pãozinho com margarina. Uma professora, uma das mais velhinhas era a minha futura professora.

Como tudo era diferente dos filmes… Não posso dizer que não tenha gostado de estar naquela escola, na verdade gostei muito. Dois anos depois anunciaram que aquela escola deixaria de existir e construiriam uma nova para nós. Depois de a escola nova estar construída parecia-se mais com a escola que existira na minha imaginação.

(continua a 10 de Agosto)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Permuta de experiências

Desde os primórdios da humanidade que há uma intensa interacção entre os elementos mais idosos de uma comunidade e os elementos mais novos dessa mesma comunidade. Este contacto vai promover uma troca de experiências extremamente importantes que servirão de exemplo para as gerações futuras e estes saberes passarão de geração em geração, com a missão de melhorar a comunidade em questão.

Na Grécia antiga, aqueles que viriam a ser os grandes pensadores do seu tempo, cresceram a aprender com outros grandes “monstros” da cultura, e aprendiam todas as coisas passeando por jardins imensos onde se escondiam histórias verídicas, fictícias e até mesmo previsões…O que pretendo com esta constatação é mostrar que numa das maiores civilizações da história da humanidade, a permuta de experiências entre novos e velhos existia, e caso esta permuta não tivesse dado resultado, não aconteceria termos ainda na actualidade teorias da época desses grandes pensadores!

Tal como nestas civilizações, que estão divididas em “classes”, conforme a sabedoria e experiência dos elementos, o mesmo acontece neste grupo de teatro, onde é possível encontrar três diferentes graus de “sabedoria”, pois temos três diferentes grupos: o grupo infantil, que se destina às camadas mais novas da nossa “sociedade”; o grupo juvenil, que foi desenvolvido para elementos jovens adultos; e o grupo sénior, este que é o grupo inicial da Nova Comédia Bracarense e que está destinado para os elementos com mais experiência em teatro.

Pela minha experiência pessoal, posso afirmar que o contacto com pessoas mais velhas que nós é muito frutífero, já que, sendo o elemento mais novo do grupo ao qual pertenço – o grupo “juvenil” –, com este contacto com pessoas mais experientes em teatro, aprendi inúmeros aspectos essenciais para melhorar enquanto actriz e para melhorar também enquanto cidadã (quase) adulta deste país. Penso que não sou o único exemplo desta troca de saberes, visto que quando entrei para esta companhia, outros elementos que entraram, tal como eu, para crescer divertindo-se, também aprenderam muito ao longo destes quase três anos de actividade, mesmo não tendo grande experiência de palco.

Ora, se existem provas de que este contacto surte efeito, o que proponho é que dentro da nossa companhia exista cada vez mais esta permuta de exemplos e experiências entre o grupo “sénior” e o “juvenil”, o grupo “juvenil” e o grupo “infantil”, já que desta forma teremos a oportunidade de gerar no nosso seio novos e melhores valores para o nosso país, para a nossa cultura e, principalmente, para o teatro de amadores.


Ângela Saraiva