quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ho Ho Ho!

É Natal!

Bem, isso, penso eu, que já todos sabem. Seja pelas iluminações natalícias na rua, pelas ruas da cidade ao rubro, plenas de pessoas ávidas de consumismo, ou ainda pelo horário nobre televisivo colonizado pelos anúncios aos mais diversos brinquedos e chocolates.

No entanto, o Natal não é constituído unicamente por comportamentos e pensamentos materialistas. De facto, certos elementos tais como o convívio com amigos e família, a solidariedade e a felicidade característica marcam esta quadra festiva.

Mas afinal o que tem a haver o Natal com o Teatro?

Bom, no Natal não somos meros objectos manipulados pela força do marketing. No Natal tornamo-nos personagens activas no palco desta festa tão especial e mágica. No Natal somos actores e actrizes. E isso, nem toda a gente sabe.

O pai que veste o fato de “Pai Natal” na noite do dia 24 de Dezembro, dando asas ao mistério e imaginação dos seus filhos e maravilhando-os com as prendas que traz às costas, soltando o célebre “Oh Oh Oh!”, não estará ele a encarnar uma personagem, a desempenhar um papel?

O próprio presépio. Não será ele o palco para ilustrar o acontecimento que deu origem a esta festa Cristã? As pessoas que participam em presépios vivos não estão elas também a desempenhar um papel?

Nós próprios. Não estaremos a desempenhar um papel no Natal? Tornamo-nos pessoas mais generosas, benevolentes, solidárias e atentas às necessidades e desejos dos nossos próximos.

Por fim, o palco no qual actuamos também não se transformará? O palco que, neste caso, se consubstancia nas ruas e nas nossas casas, transfigura-se para acolher as novas personagens que encarnamos e a monumental peça de teatro que é o Natal.
O ponto ao qual quero chegar é o seguinte: nesta altura do ano, mais que nunca, estamos mais próximos do teatro e de tudo que esta Arte envolve: emoções, transformações, adrenalina, entrar na pele de outra pessoa.

Por isso, dado que somos actores sem o saber, não só no Natal, mas também no Carnaval, no Dia das Bruxas, etc., porque não tentarmos sê-lo fora destes dias especiais? Porque não tentarmos moldar-nos a cada situação imprevista, a cada degrau inesperado, a diferentes personagens que partilham o palco connosco, para que no final a peça que é a nossa vida corra pelo melhor e que o público, que são todas a pessoas que nos rodeiam, nos aplaudam, dando-nos a certeza que fizemos o melhor desta vida?

Sílvia Sousa

Um comentário:

Miguel Marado - NCB disse...

Mais um bom texto da Sílvia, que nos traz um cheirinho do que é ser uma personagem, até porque as somos no dia-a-dia.

Verdade também é que nem sempre, nem para todos, somos os bons da fita. Nesta quadra festiva, de facto, isso tende a aligeirar-se, quando todos nos debruçamos sobre o nosso lado humano. Pois bem, só posso sublinhar o pedido da Sílvia, que nos dá a opção de sermos mais e melhores e, não deixando de ser nós mesmos, atendermos às necessidades dos que nos rodeiam.

Claro que isto nem sempre é linear, mas já tenho escrito textos muito grandes nos comentários...

Bom texto. Cumprimentos,

M. Marado