quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O que é que a Simone de Oliveira tem, ou não tem, que eu não tenho, ou tenho?

Acho particularmente interessante a quantidade de vezes que, face às inúmeras personagens das quase tão inúmeras telenovelas transmitidas actualmente na televisão portuguesa (que também já tiveram o seu “direito de antena”, por diversas vezes, no presente blog), as pessoas, pessoas presentes, por alguma razão, no meu quotidiano, afirmam: “Esta miúda é mesmo do pior, não tem jeitinho nenhum para isto!” ou “É incrível o que este actor evoluiu, eu não gostava nada dele e agora acho-o um excelente profissional!”, por exemplo. Constato que a maioria das vezes até concordo com as afirmações, então pergunto-me: não tem jeitinho nenhum? Evoluiu? Excelente profissional? No fundo, em que é que o comum dos mortais se baseia para distinguir um bom de um mau actor?

Já escrevi um outro texto alusivo à quantidade e qualidade de “coisas” que aprendi durante a minha ainda muito curta experiência em “teatro puro”. Referia-me, nesse texto, à mudança no modo como encarava a representação, como estudava e construía a personagem. De repente, estas duas ideias parecem-me relacionadas.

O teatro é uma arte, estuda-se, ensina-se, aprende-se…Assim, penso existir (pelo menos) um caminho no qual os actores, os estudantes de teatro, se encontram e lutam por avançar, prosseguir, evoluir. Partindo deste pressuposto, quais as características que fazem de um bom actor isso mesmo, um bom actor? Pensei um pouco sobre isto e uma das conclusões à qual cheguei é que esta não é, pelo menos para mim, uma questão tão linear ou simples como à partida parece, ou me parecia.

Um bom actor é aquele que consegue que o seu público acredite, numa história, numa personagem, num sentimento. Extroversão? Talento? Inteligência? Organização? Eu não sei quais as características que deve ou não ter um bom actor, mas sei que eles existem, e continuo a acreditar na formação. Não sei o que é que a Simone de Oliveira tem, muito menos sei, concretamente e em todos os casos, o que é que falta àqueles jovens constantemente apelidados de maus actores. No entanto, por momentos, sei-me acreditando nuns, enquanto noutros não…

2 comentários:

Miguel Marado - NCB disse...

Um olhar algo simplista, mas bastante real no que respeita à perspectiva dos nossos pares e do nosso público.

Às vezes não se pode colocar a questão que nos surge: "Bom ou mau actor?". Temos de colocar, apenas, a seguinte: "Actor?".
Às vezes as resposta é "Não."

Mais um excelente texto duma grande promessa, em todos os aspectos. Uma pessoa e uma actriz que tem o meu respeito e carinho, como acontece, felizmente, com todos os meus colegas da NCB.

Muitos beijos, Joana.

Miguel Marado

Diogo Ferreira - NCB disse...

sou um admirador confesso de todos os textos da Joana, e continua a aumentar a admiração é de facto uma forma muito boa de ver os nossos pares e mesmo nos como actores...

Resta denotar que quero continuar a aprender, para que quando fizerem a pergunta referida pelo Marado ai acima: "Actor? " a resposta seja "Sim".

Beijo Joana