terça-feira, 28 de outubro de 2008

Entrevista a Miguel Marado, acerca da nova peça: "A Divisão"



O Miguel Marado escreveu e agora encena, no nosso grupo, a peça "A Divisão", numa escolha de conjunto que reflecte as boas relações entre os membros activos do grupo e o seu encenador.

O Marado, responsável do Grupo Juvenil NCB há três anos, foi entrevistado pelo Pedro Bafo e fala-nos do seu método de escrita, da atribuição dos papéis aos artistas, de algumas razões para ver a peça e da possível data de estreia, que será antecedida pela revelação de mais pormenores acerca da peça...

Este é o 17º vídeo do Canal YouTube da NCB, que continua em grande!

Tem sempre uma sondagem para averiguar a sua opinião, aqui ao lado:

<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<

domingo, 26 de outubro de 2008

A influência da Arte/ Teatro no desenvolvimento do ser humano

Os primeiros anos da vida de um ser humano são os anos onde a intensidade de nova informação é máxima. Em nenhum tempo posterior aos 14 anos (aproximadamente), um indivíduo receberá e apreenderá tanta informação como nesses primeiros tempos de vida. Desde aprender a falar e a comportar-se na sociedade em que está inserido, a lidar com o seu corpo e novas formas de pensar que não as que encontrara no seu seio familiar. É precisamente neste período de tempo que o nosso cérebro absorve como uma esponja toda a informação que lhe chega e é neste tempo que as personalidades se formam.

Desde o início da vida de um indivíduo existe uma capacidade de recriar imagens, caras de familiares, relembrar tudo aquilo que é apreendido. Existe uma capacidade enorme do nosso cérebro para imaginar com a exactidão dos sentidos uma situação engraçada que aconteceu connosco; por exemplo: a quantos de nós não aconteceu já, estarmos a recordar uma situação engraçada e sentirmos quase as pessoas que estavam ao pé de nós naquele momento, ou sentir os odores e tudo o resto que nos rodeava?

É precisamente por ser este o tempo em que os sentidos estão prontos para receber todo o tipo de informações do meio envolvente, que devemos incentivar as crianças a mexerem em tudo o que as rodeia, a sentirem as formas de todos os objectos, a ouvir os sons... Devemos incentivá-las a viver novas experiências que ficarão marcadas para o resto das suas vidas. É neste período, portanto, que devemos introduzir a arte mais pura na vida de um ser humano, já que é neste altura que nos encontramos com a mente mais aberta, como já foi referido.

A vivência de experiências novas sobre a forma de uma personagem, vai trazer tanta ou mais consciência das consequências na vida de uma pessoa que passa por essa mesma vivência, mesmo que quando vivida por uma personagem ficcionada e interpretada por nós, actrizes e actores. O mesmo acontece em relação ás restantes artes: apreendem-se “novos” sentidos e melhoram-se os “antigos”; recriam-se memórias, personalidades; criam-se ambientes, situações, etc.

Concluindo, quanto mais cedo um indivíduo começar a ter contacto com o teatro, mais experiências vai viver, mais facilmente conseguirá enfrentar graves situações que se avizinhem no seu futuro e, acima de tudo, estará muito mais capacitado para continuar a praticar teatro, já que tudo se torna mais fácil quando se vivenciam previamente as situações.

Até à próxima!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Momentos...


Tocou-me a mim, desta e mais uma vez, escrever um texto para este cantinho que acredito ser especial, de uma forma ou de outra, para todos os que o visitam, para todos os que nos visitam. Tocou-me também de forma especial o modo como a camada jovem da NCB agarrou mais um projecto, no mínimo, desafiante...

Já bastante foi dito e escrito neste blog acerca do Teatro do Oprimido, pelo que penso que já devem estar familiarizados com o objectivo e principais características distintivas deste género teatral, se assim o posso denominar. Por esta razão, vou limitar-me (ou talvez não...) a partilhar convosco duas fotografias, dois momentos que tiveram lugar ontem, dia 11 de Outubro, no Centro Cívico de Palmeira, durante a apresentação da peça que rematou o Workshop dirigido pelo Pedro Kayak sobre o Teatro do Oprimido.

Na primeira imagem estão presentes, da esquerda para a direita, Pedro Bafo, Liliana Ribeiro, Tiago Pintas, Rui Lucas, Miguel Marado e Ângela Saraiva da Rocha, ainda na primeira parte do espectáculo, durante a qual estes actores simularam um call center.


O momento retratado na segunda fotografia diz respeito à encenação de um Parlamento, no qual participaram, novamente da esquerda para a direita, Tiago Pintas, Liliana Ribeiro, Rui Lucas e dois convidados especiais, que se encontravam no público e tiveram oportunidade de partilhar este momento com os jovens actores da NCB, na bancada da “esquerda”.

Poderia, agora, tentar analisar variadíssimos aspectos relativos às duas fotografias aqui presentes. Poderia igualmente começar a tecer comentários, certamente infundados, acerca destes momentos que brindaram a noite de todos os que se deslocaram, ontem, ao Centro Cívico de Palmeira. Em vez disso, prefiro terminar este pequeno momento expressando a minha admiração por estes jovens que, comprometidos social e politicamente com o que os rodeia, têm conquistado, passo a passo, o mundo, do teatro amador e não só.

Joana Raquel Antunes

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sondagem de Setembro

A sondagem do passado mês de Setembro teve como objectivo principal o conhecimento, por parte da Nova Comédia Bracarense, da opinião do nosso público em relação à abordagem de temas polémicos em palco, já que o nosso grupo juvenil realiza, com alguma frequência, espectáculos que têm como base temas que podem ser considerados polémicos.
Foi então colocada a questão: “Considera importante a abordagem de temas polémicos em palco?”.
A maioria, 64%, dos inquiridos responderam que consideram importante esta abordagem em palco, já que consideram que estas abordagens devem ser feitas com vista a mudar mentalidades.
Com 36% de votos do público, foi afirmado que estas abordagens são consideradas importantes, porque consideram que é importante mostrar à população as diferentes visões de um tema, mas, no entanto, consideram que estas abordagens não servem para alterar opiniões previamente adquiridas em relação ao tema representado em palco.
Nenhum dos inquiridos respondeu à pergunta colocada negativamente, isto é, nenhum dos inquiridos respondeu às propostas: “Não, porque penso que quando essa abordagem é feita, é sempre mostrada a forma mais extremista de um ponto de vista” e “Não, porque uma pessoa deve informar-se sozinha e formar a sua própria opinião”.
Podemos considerar que esta sondagem foi clara e expressiva, já que nenhum dos inquiridos considerou que a abordagem de temas polémicos em palco não é importante, já que perante as hipóteses apresentadas (“Não, porque penso que quando essa abordagem é feita, é sempre mostrada a forma mais extremista de um ponto de vista” e “Não, porque uma pessoa deve informar-se sozinha e formar a sua própria opinião”), nenhum dos inquiridos se identificou com nenhuma das hipóteses.
Podemos considerar ainda mais expressiva esta sondagem pela evidente coesão em relação à primeira hipótese apresentada (“Sim, penso que estas abordagens devem ser feitas com vista a mudar mentalidades”), onde o nosso público mostrou inequivocamente a sua opinião, o que mostra que esta abordagem de temas polémicos realizada com alguma frequência por parte do grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense, é vista como muito importante por parte do nosso público, o que nos dá ainda mais confiança numa próxima apresentação cujo tema base seja considerado “mais polémico”, já que a informação que nos foi fornecida pelo nosso público foi a mais positiva possível.


Até à próxima!

Ângela Saraiva

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A revolta do actor

Em meados do mês de Maio deste ano o grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense lançou-se num novo desafio, o Teatro do Oprimido. Introduzimos este novo conceito teatral graças a um Workshop comandado pelo nosso colega Pedro Kayak.

O Teatro do Oprimido baseia-se na interpretação de situações reais de opressão, que no dia-a-dia se vivem na nossa sociedade, desde exploração no local de emprego até discriminação racial ou religiosa. É portanto exigido ao actor uma grande força para enfrentar em palco problemas sociais que podem ter influência na sua própria vida: é preciso coragem para combater em palco de modo a levar a melhor sobre a opressão; é igualmente crucial o envolvimento do actor no “lado mau” para se argumentar contra o óbvio e contra o racional.

É neste sentido que o actor ganha um papel relevante para o público, pois certamente conseguem sentir-se retratados no que se desenrola em palco; através do seu desempenho o actor transmite coragem, transmite força, transmite razão para o público; com a sua sublevação em palco perante o opressor inspira intervenientes bem mais reais a agir contra a adversidade. Logo, o teatro ganha uma nova dimensão, que ultrapassa os limites físicos do palco, e entra na vida pessoal do público como se uma força anímica se tratasse, muda mentalidades enquanto faz aquilo a que sempre se propôs: entreter o público. Público esse que tem aqui uma oportunidade de libertar o espírito e de também ele se revoltar contra a situação, ganhando alento para tomar a mesma iniciativa no mundo real, lutando pelos seus direitos e pela igualdade.

É também com este intuito que a Nova Comédia Bracarense se lançou neste desafio, exigente mas recompensador, que além do mais nos encoraja, pois o actor também é humano, e também ele ganha uma nova vida com este tipo de representação. No dia 11 de Outubro, um Sábado às 21h45, levaremos a palco um espectáculo de Teatro do Oprimido, no Centro Cívico de Palmeira, em que contamos com a sua presença, pois o actor também precisa da sua revolta.

A minha segunda participação no blog da Nova Comédia Bracarense, abordou este tema, devido à importância que a revolta da parte do actor tem para o espectador, que se revê a si mesmo, ou a algum familiar ou amigo, na opressão, podendo mesmo subir a palco e impor-se perante o opressor. É portanto de louvar o objectivo deste teatro, que tenta à sua maneira mudar muitas mentalidades através da arte da representação.

Bruno Boss