terça-feira, 7 de outubro de 2008

A revolta do actor

Em meados do mês de Maio deste ano o grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense lançou-se num novo desafio, o Teatro do Oprimido. Introduzimos este novo conceito teatral graças a um Workshop comandado pelo nosso colega Pedro Kayak.

O Teatro do Oprimido baseia-se na interpretação de situações reais de opressão, que no dia-a-dia se vivem na nossa sociedade, desde exploração no local de emprego até discriminação racial ou religiosa. É portanto exigido ao actor uma grande força para enfrentar em palco problemas sociais que podem ter influência na sua própria vida: é preciso coragem para combater em palco de modo a levar a melhor sobre a opressão; é igualmente crucial o envolvimento do actor no “lado mau” para se argumentar contra o óbvio e contra o racional.

É neste sentido que o actor ganha um papel relevante para o público, pois certamente conseguem sentir-se retratados no que se desenrola em palco; através do seu desempenho o actor transmite coragem, transmite força, transmite razão para o público; com a sua sublevação em palco perante o opressor inspira intervenientes bem mais reais a agir contra a adversidade. Logo, o teatro ganha uma nova dimensão, que ultrapassa os limites físicos do palco, e entra na vida pessoal do público como se uma força anímica se tratasse, muda mentalidades enquanto faz aquilo a que sempre se propôs: entreter o público. Público esse que tem aqui uma oportunidade de libertar o espírito e de também ele se revoltar contra a situação, ganhando alento para tomar a mesma iniciativa no mundo real, lutando pelos seus direitos e pela igualdade.

É também com este intuito que a Nova Comédia Bracarense se lançou neste desafio, exigente mas recompensador, que além do mais nos encoraja, pois o actor também é humano, e também ele ganha uma nova vida com este tipo de representação. No dia 11 de Outubro, um Sábado às 21h45, levaremos a palco um espectáculo de Teatro do Oprimido, no Centro Cívico de Palmeira, em que contamos com a sua presença, pois o actor também precisa da sua revolta.

A minha segunda participação no blog da Nova Comédia Bracarense, abordou este tema, devido à importância que a revolta da parte do actor tem para o espectador, que se revê a si mesmo, ou a algum familiar ou amigo, na opressão, podendo mesmo subir a palco e impor-se perante o opressor. É portanto de louvar o objectivo deste teatro, que tenta à sua maneira mudar muitas mentalidades através da arte da representação.

Bruno Boss

3 comentários:

Miguel Marado - NCB disse...

Ao ler agora este texto, tive uma nova interpretação, vi nele mais do que na anterior leitura.

Talvez as cores da nossa página favoreçam a leitura, ou a concentração; não sei o que foi...

A verdade é que este texto diz o que é preciso, mostra o porquê de nós merecermos uma plateia cheia no Sábado. Mostra o mérito do Kayak, que pôs algo mais no panorama teatral e artístico, bem como social e político, na cabeça dos nossos actores.

Agora, vamos todos fazê-los para com o nosso público.

Não falte!

Bom texto, Bruno.

Miguel Marado

Didi. disse...

Indicaram o blog para mim, Miguel Marado indicou.

Sou brasileira, e fico feliz por ter descoberto o blog.

Gostei muito do texto, esse tipo de teatro, além de uma 'denúncia' é uma forma de libertação...

Boa sorte ao grupo!

José Faria disse...

Olá Miguel Abraço.
Pois se o teatro é a forma mais real de representar a vida no palco, de animar e despartar mentalidades, vamos em frente.
Parabéns e obrigado pelo vosso trabalho.
Já deixei apontamento sobre a vossa passagem pelo Grupo Dramático e Musical Flor de Infesta.
Dia 22/11 estreamos com "A Última Viagem do Ripert".
Bom trabalho!