terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Zapaterias

De volta ao género teatral onde se sente mais à vontade, o grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense continua a sua mostra de teatro comemorativa dos 18 anos da Nova Comédia Bracarense, o Festival da Maioridade. E volta em grande com “Zapaterías”.
Este promete ser um dos melhores feitos de sempre deste grupo, já que pela simplicidade do todo, são ressaltados os pequenos pormenores de comédia que este grupo já tão bem provou fazer.

É constituído por uma série de sketches em que são reconstituídos vários momentos de um recém contratado jovem trabalhador de uma sapataria, com uma consciência muito interventiva. Acontece que este jovem altera um pouco as suas qualidades para garantir que obtém o trabalho, e, como já era de prever, essa pequena alteração das suas qualidades vai pô-lo em sarilhos.

Todas as personagens com quem este jovem trabalhador entra em contacto têm uma dose de loucura considerável…ao ponto de dificultarem por completo as tentativas de comunicação por parte do jovem. Um francês, um inglês e um espanhol são as verdadeiras provas de fogo, acabando por não comprar nada daquilo que o funcionário tenta vender. Para ajudar a toda esta cómica confusão temos a consciência deste trabalhador que funciona como uma crítica directa e pessoal, já que é a própria consciência a falar, ao trabalhador, criticando-o de ter ocultado “alguns pormenores” acerca do seu currículo e acrescentar uns bastante precisos.

Após todas estas tentativas falhadas de comunicação por parte do jovem com estes três “personagens”, a dona vê que o seu funcionário não disse a verdade quanto a alguns pormenores do seu currículo e dirige-o para uma formação onde aprenderá a falar inglês, francês e espanhol. Após este contacto aprofundado com estas três línguas, o jovem regressa ao estabelecimento comercial e, por incrível que pareça, três personagens paralelas às que lhe “fizeram a vida negra” (outro anglófono, mais um francês e ainda um “nuestro hermano”) aparecem na sapataria.

No entanto, desta vez, há comunicação entre eles, provando assim a importância de falar várias línguas na vida profissional de uma pessoa que se mantêm em constante contacto com pessoal de todos os países. Por outro lado é importante ressaltar um pormenor, que é a confiança que a dona da sapataria depositou neste seu recém contratado, já que sem essa confiança, o funcionário não teria tido, provavelmente, a oportunidade de aprender a falar novas línguas.
É com muito gosto e também com a promessa de bons momentos de comédia que este grupo vos espera no Centro Cívico de Palmeira.


Até à próxima!

Ângela Saraiva

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Psico...drama

Frequento o Mestrado Integrado em Psicologia da Saúde da Universidade do Minho e, no corrente semestre, participei num projecto de investigação cujo assunto versa a relação entre Adversidade, Trauma e Saúde, no âmbito do qual entrevistei algumas reclusas do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo. Dias depois, vi anunciar uma reportagem que viria a ser transmitida na RTP acerca de uma peça de teatro representada por algumas das reclusas da mesma instituição, com a participação de Sónia Araújo. Foi este acaso o responsável pelo tema do texto que apresento hoje...Psicodrama.

O Teatro da Espontaneidade, aberto por J. Moreno, em Viena, desafiava actores voluntários a improvisar sobre notícias publicadas na imprensa, no que se denominava técnica do “jornal vivo”. Neste contexto, no ano de 1923, o mesmo autor inventou a Psicodrama – forma de realizar psicoterapia, individualmente ou em grupo, que se centrava, num primeiro momento, nos conflitos da vida privada na idade adulta, tais como a incompatibilidade de feitios, o ciúme ou mesmo o divórcio, tendo sido extendida, posteriormente, a crianças, ao treino de papéis sociais e profissionais (jogo de papéis) e a diversos grupos sociais (sociodrama). A ideia passa pela representação, por parte dos participantes, de cenas quotidianas (passadas, presentes ou antecipadas) de conflito, tendo em conta a história de vida de cada um deles. A técnica em questão exige, para além de um espaço, espontaneidade por parte dos actores, bem como “a presença de um público funcionando como caixa de ressonância dos afectos vividos em cena” (Anzieu, 2001), tudo isto supervisionado por um director de cena ou encenador, entre outros aspectos. A catarse (directa - dos actores - e indirecta - dos espectadores) é, para fundadores, crentes e seguidores desta forma de terapia, a responsável pela sua eficácia, visto que o(s) paciente(s)/actore(s) externaliza(m) emoções e afectos supostamente reprimidos de acontecimentos anteriores. Este método ramificou em diversas variantes que divergem consoante os sujeitos, problemas apresentados e teorias dos psicodramatistas, psicoterapeutas ou psicodramaturgos. Alvo de muita controvérsia, a Psicodrama é (mais) um dos assuntos polémicos da ciência psicológica, em geral, da sua relação com a arte, em particular.

Deixo-vos, hoje, com esta “notinha”, na esperança de ter contribuido para o bom trabalho que tem sido praticado neste blog, de ter sido pertinente, no fundo. Não posso terminar sem salvaguardar que este texto não consiste, de todo, numa tentativa de definir Psicodrama na sua totalidade, muito menos de explorar o tema. Este texto tenta ser isto mesmo, uma “notinha”, que espero significar algo para vós, seja lá o que for...Quanto a mim, apetece-me agradecer à NCB e a este blog por mais esta oportunidade, por ter aprendido mais qualquer “coisinha”...Talvez fosse interessante voltar a entrevistar aquelas senhoras, perceber o que o teatro fez por elas...Quem sabe um dia! Obrigada pela vossa atenção!

Joana Raquel Antunes

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Consultados os visitantes...

Depois de consultados os visitantes do nosso querido blog, acerca de qual a novidade do Festival da Maioridade que se antecipava mais, chegamos a resultados interessantes.

Destacados na frente ficaram os “Novos Artistas”, com 44% de votos. Sendo eles, o Bruno Boss, Pedro Bafo, Rui Lucas, Cati Gonçalves, Pedro Kayak e o Tiago Pintas, o mais recente produto do Workshop de Novos Artistas.

Logo de seguida encontram-se as “Sete Maravilhas do Homicidio”, com 33% das votações.

Em terceiro temos o “Improviso-Drama”, que arrecadou 11% das preferências de voto do nosso público. Sendo o “ Improviso-Drama”, a nossa última especialidade, onde os nossos talentosos actores fazem uso da sua técnica artística no domínio desta difícil vertente do teatro.

Em último e penúltimo lugar ficaram as respostas “Natal a SE7E” e Zapaterias, com 5% de votos em cada resposta. Natal a SE7E é uma peça natalícia cujas origens remontam á peça SE7E. Zapaterias é uma comédia têm como base uma caricatura das nossas sapatarias, retratando o negócio sapateiro em particular e o comércio tradicional em geral, focando na ignorância linguística dos empregados e na ignorância crónica dos donos, onde existe uma consciência, qual Grilo Falante, qual quê, sempre pronta a intervir mas também sujeita a enganos, aliás, como toda a gente. Uma peça mordaz e com muito humor á mistura.

Quase metade dos nossos prezados eleitores se mostrou ansiosíssima para pôr os olhos em cima dos nossos “rebentos”, a fina flor da nossa cantera, e ver aquilo de que eles são capazes.

Uma apresentação de um empresa invulgar que “soluciona” pequenos problemas domésticos, a peça as Sete Maravilhas do Homicídio, entra também dentro das preferências do nosso público.

A sempre imprevisível técnica do improviso consiste também nas preferências de uma porção menor de público, que com certeza gostam de ser surpreendidos e de ficar agarrados á cadeira até ao último instante á espera do que irá acontecer na representação, ou então entusiasmados com as tiradas instintivas dos nossos actores.

Natal a SE7E, que conseguiu não ser uma peça natalícia tradicional, um “mix” de drama e comédia, onde um grupo de sete amigos, não conseguem ver-se livres dos seus problemas mesmo longe de casa.

Zapaterias, uma peça onde o público aprecia uma boa comédia sobre o estado do nosso comércio e a aposta na formação.

Esperamos superar as expectativas do nosso público e esperamos também que o público adira em massa às nossas iniciativas, nomeadamente a que agora está a ocorrer, o Festival da Maioridade, no Centro Cívico de Palmeira, e para o qual ainda se podem comprar bilhetes para os espectáculos agendados para os dias 16 de Fevereiro, 1, 15 e 29 de Março e 12 de Abril. Para mais informações, ncbjovens.blogspot.com.

Pedro Oliveira

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Direito dos Animais e Reflexão sobre o Aborto

A Nova Comédia Bracarense tem o prazer de te convidar para dia 16 de Fevereiro assistires, no Centro Cívico de Palmeira, a dois espectáculos que estão integrados no Festival da Maioridade e que te vão deixar agarrado a cadeira.

Vamos mostrar duas peças estreadas o ano passado, que tanto gozo nos deu a fazer, embora também muitas lágrimas tenham corrido.

A primeira peça chama-se “Direitos dos Animais”, e é algo mais cómico que ao mesmo tempo fala de um assunto muito sério. É uma pequena sensibilização para o facto de vários animais serem abandonados e mal tratados, todos os anos, pelas pessoas que os consideram como objectos e não como seres vivos que são. As personagens (que são as mesmas de “Natal a se7e”) vão-se deparar com o facto de uma delas ser “contra” o animal de estimação, devido ao facto de ele só fazer asneiras.

Aqui vamos ter vários pontos de vista sobre este assunto e o esforço que eles têm para tentar “salvar” o animal. Esperamos sensibilizar-vos e fazer-vos rir com esta maneira leve de tratar o tema, não tirando a sua seriedade.

O segundo improviso já é um assunto polémico que vai criar alguma controvérsia (mas o teatro é isso mesmo…). Nesta peça, esperamos tocar na “ferida” sobre este assunto, já que as personagens são pessoas de uma classe social média-alta, são activistas pelo “Não” ao aborto, têm uma filha que se chama Clarinha e que é o orgulho dos pais. No entanto, algo vai mudar a vida calma deles, vão-se deparar com um problema que vai dividir opiniões e corações, os sentimentos vão estar à flor da pele e as perspectivas do público vão-se dividir. Esperamos, para além de vos proporcionar uma noite de entretenimento, também que estes dois espectáculos, – um de forma mais leve e outro mais dramático, – vos façam pensar sobre estes dois temas, os direitos dos animais, que muitas vezes não são levados com a seriedade que merecem e, claro, temas mais polémicos, que nós sabemos surtirão opiniões muito diversas na nossa plateia.

Tendo em conta os temas interessantes por nós abordados, aparece e vê o nosso trabalho, o nosso esforço para vos proporcionar uma noite cheia de emoções e sentimentos à flor da pele. Assiste ao esforço de Mário Coelho, Sara Soares, Nuno Araújo, Joana Barroso, Ângela Saraiva, Miguel Marado, Daniel Mendes Pereira e Diogo Ferreira, para vos emocionar e para vos dar que pensar.

Liliana Ribeiro