terça-feira, 15 de abril de 2008

O Festival da Maioridade – um balanço

No início, havia um desafio, uma maratona proposta. E um pedido. O pedido de dedicação a 100%. Pedir isto a um artista amador é pedir-lhe assiduidade, pontualidade, entrega e dedicação, mesmo alguma garra. Mas, sobretudo, é pedir-lhe compromisso, a sua palavra.

Não é fácil concretizar oito espectáculos diversificados, por várias razões: falta de recursos (tempo e dinheiro, principalmente); questões logísticas, de divulgação; necessidade de competência em palco; responsabilidade na situação de representar um nome, uma imagem de marca. Penso que, face às dificuldades, fomos por vezes ingénuos, por vezes fomos infortunados, mas amiúde estivemos bem. Não sendo um enorme sucesso, este Festival soube trazer alguns interessados no nosso trabalho, soube atrair alguma atenção, preencher um espaço vazio na cultura de uma freguesia e ganhar respeito de alguns, pelo menos.

Esta reflexão inicial permite-me concluir que para uma maratona destas, levada a cabo com um conjunto muito restrito de 15 artistas, é essencial aquele que não leva o teatro como um “hobbie”, como uma actividade como as outras. É imprescindível o artista que é flexível, disponível, motivado, atraído pela arte que é o teatro. Esses são raros, mas tivemos alguns. Poucos. Além disso é essencial aceitar bem e frequentemente a simplicidade, a maneira mais minimal de circunscrever certo obstáculo. É necessária gestão, a vários níveis. Agradeço a todos que estiveram lá, algumas vezes sem sequer ir a palco, a exercer funções essenciais, sem as quais os espectáculos não poderiam ocorrer, pelo menos com o proposto e a intenção com que foram atingidos os objectivos. Sinto-me, também por mim próprio, um pouco orgulhoso, se mo perdoarem.

De resto, em palco tivemos uma peça em estreia universal, apesar das já nossas conhecidas personagens, a “Natal a se7e”; novatos do nosso grupo, provenientes dum workshop que os levou ao palco no registo do Improviso Teatral; um clássico nosso, amadurecido, mas ainda irreverente, a “Trilogia Hitchcock”; um dueto de comédia e drama, onde um emudeceu o público e outro o levou perto do rubro, com “Os Direitos dos Animais” e a “Reflexão sobre o Aborto”; uma comédia com intenção e verdadeiro diálogo intercultural, com quatro línguas em palco: “Zapaterias”; uma nova e ousada estreia que promete voltar em força, com arestas limadas, para se provar, com o Improviso Dramático; ainda uma peça de elevado sucesso, com muito e animado público, de um humor negro e diversificado, baseado numa instituição universal, o casamento: “As Sete Maravilhas do Homicídio”; e, finalmente, o Improviso de registo cómico, que é sublinhado pela entrega de prémios do nosso Festival.

E tivemos em palco Bruno Boss, Liliana Ribeiro e Daniel Mendes Pereira. Não fui eu que os elegi, mas sim o público, como os melhores nas categorias respectivas (Melhor Novato do Grupo, Melhor Actriz do Festival e Melhor Actor do Festival), no entanto, não me é difícil dizer-vos o porquê.

Quem resiste à capacidade de liderança, por vezes exagerada, mas muitas vezes surpreendentemente comedida para a idade; quem resiste à capacidade e inteligência na leitura de situações, de companheiros, de públicos; quem não admira a expressão, a capacidade de moralizar uma equipa, ou a simples abordagem à apresentação de um espectáculo do Boss?

Há alguém que ignore a concentração, a expressividade cuidada, a notável vontade de se superar da Liliana? E alguém que despreze a capacidade de ser fantástica na comédia e irresistível no drama? Ou alguém que não seja capaz de simplesmente se esquecer que era ela quem, ainda há minutos, representava outra personagem, completamente diferente?

Onde encontram aquele timing, aquela amplitude vocal, a presença e a postura tão adequadas como nos traz o Dani? Quantos pensam a situação cómica tão bem? Quantos são, só por estar lá, capazes de convencer? Quem mais têm a capacidade criativa para “tirar da cartola” semelhantes personagens ou expressões? Mais ainda: quantos terão a coragem?

Existirão, sem dúvida, muitas respostas para estas questões. É a sua própria pertinência que lhes dá o mérito, que lhes dá a capacidade que tiveram para levantar o troféu que, hoje, lhes permite ostentar tão belo título. Felizmente, eles não são os melhores. Os melhores somos todos e há respostas para as questões que coloquei acima no nosso grupo, de carne e osso. A equipa, um colectivo, superam sempre quaisquer individualidades, por mais fortes. Tenho orgulho em ter tido mão nisso e em estar certo dessa verdade.

Porém, estes três artistas mereceram o respeito de público e grupo, pelo que são os justos vencedores destas categorias, os mais marcantes deste Festival. Por isso lhes dou os meus parabéns e sublinho o seguinte: este troféu traz o peso de uma responsabilidade, de uma força para que se superem, para que ajudem o grupo, com toda a convicção, a ser ainda melhor.

Por isso, num Festival que mostrou o passado, há um enorme “Boa sorte!” para o futuro, uma responsabilidade colectiva com três símbolos, com um grupo de 15 artistas de nível, no mínimo, para os apoiar. Estrelas: não temos, nem queremos. Atitude e vontade para aprender e crescer, regular e constantemente, são as qualidades que se exigem.

Resta-me, neste longo texto, agradecer a quem mais nos ajudou: no nosso grupo, o incansável Carlos Barbosa e o nosso “fã” nº1 a nível interno, o Diamantino Esperança; em Palmeira, outros nossos “fãs” (perdoem a expressão), o Presidente da Junta João Russell e o sempre prestável João Gomes. A todas as pessoas que nos acompanharam, peço que insultem os nossos erros mais do que apreciam as nossas qualidades. Queremos ser os melhores do Mundo, de preferência já para a semana…

Até ao próximo Festival, com mais anos por cima, com mais valores que saibam que a qualidade se traduz através da soma de 90% de transpiração e apenas 10% de inspiração, nunca o contrário! Viva a NCB! Viva o Teatro!


Miguel Marado

Um comentário:

Liliana Ribeiro - NCB disse...

gostei mt deste texto escrito pelo marado como todos sabem é u nosso encenador, kem melhor do k ele para nos falar do balanço do nosso festival que tanto trabalho e alegria nos deu. todos saimos vencedores deste grande festival, houve amizades k comecaram e eu tou a referir aos novatos pk comecamos a criar o elo forte k ja existe entre os jovens mais cotas do grupo..lol fico mt feliz de fazer parte deste grupo e poder considerar a todos como meus amigos, passamos por mt juntos neste festival mas saimos sempre mais vencedores... adorei este festival e adorei ver os meus amigos a representar...

beijos pa todos :)

Li