quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Halloween

“Doçura ou travessura?”

“Trick or Treat?”

Chegou o Halloween... Espera! Chegou o Halloween?! Mas isso é uma tradição de países anglo-saxónicos, que raio fazemos nós a festejar tradições doutros países? Sim, porque há uma razão para a existência do Halloween nos Estados Unidos da América, na Irlanda, na Inglaterra e etc., a qual passo a descrever no parágrafo seguinte.

O Halloween tem origem em celebrações pagãs celtas, embora com os anos lhe tenham sido conferidas (muito principalmente pelos EUA) as agora tradicionais abóboras e as frases com que abri este texto, que foi o que acabou por popularizar este dia. O objectivo desta festa que durava entre 30 de Outubro e 2 de Novembro era festejar o fim do Verão e também o novo ano celta, e era conhecida como festival de Samhain (Samhain significa fim de verão na língua celta). E pronto, de momento fico por aqui na aula de história.

Já deu para perceber que o Halloween original não tinha muito a ver com o de agora, não é? Então, porque não adoptar mais um dia de festa para o nosso calendário? Afinal de contas algo tem de alterar o tom soturno do dia que segue o – cada vez mais nosso – Halloween.

E é neste momento que pensam para vocês: “Mas o que é que este texto tem a ver com teatro?!”

Eu respondo: Tudo! O Halloween não é só a máscara que levas posta na cara, é toda a personagem que vais ser durante essa noite. Sim: personagem, porque nos momentos em que mais estiveres distraído darás por ti a interpretar e a vestir a pele dessa figura que encarnaste no Dia das Bruxas. Pois é, as ruas vão virar palco; a boa disposição será como a cortina que deixa entrar em cena o teatro de diversão que vai ser este Halloween.

Diogo Ferreira

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Mais uma voltinha, mais uma viagem!

Arte - (substantivo feminino) - A admiração e a realização plástica do Belo e de forma. As regras e preceitos que ensinam a executar com perfeição alguma coisa. Execução prática de uma ideia. Ofício, profissão, indústria. Astúcia, habilidade, jeito, maneira (Machado, 2000).

Teatro - (substantivo masculino) - Edifício onde se representam obras dramáticas, onde se fazem espectáculos. Casa ou edifício apropriado para representações dramáticas ou outros espectáculos. Profissão de actor ou de actriz. Arte de representar. Ilusão. Aparência. Lugar onde se deu algum acontecimento narrável (Machado, 2000).

“Mais uma voltinha, mais uma viagem!” foi a tal expressão que me ocorreu no momento em que li o e-mail que o Diogo me enviou no qual me pedia para escrever mais um texto para este prezado blog. Blog este que, tentando ser uma homenagem constante à arte teatral, já vos murmurou assuntos diversos, vos apresentou uma panóplia de temas distintos, vos confrontou com uma série de questões diferentes relacionadas com esta mesma arte. Assim, esta minha nova viagem, pensava eu, teria como obstáculo primordial a escolha da temática a abordar, para que fosse possível prosseguir com este objectivo colectivo de celebrar a arte teatral, em geral, o nosso blog, em particular. Enganei-me. Afinal, ao contrário do que cheguei a pensar, a selecção do assunto deste texto, desta minha “voltinha” por cá, não foi, de todo, árdua. Explico-me…

Já dei por mim a pensar, bastantes vezes, fruto da observação pessoal de diversos contextos e situações quotidianas, na diversidade de opiniões que surgem relativas a outra enorme quantidade de assuntos diferentes. Ok, mau sinal seria se tivessem entendido a minha ideia apenas com esta primeira frase. Aqui estou eu a tentar despertar, uma vez mais, a vossa curiosidade e espírito crítico. A questão que ponho, então, nessas mesmas “bastantes vezes” acima referidas, centra-se em torno de: “Será que quando discutimos e/ou opinamos sobre um tema sabemos, na essência, do que estamos a falar?”. Refiro-me aqui, se preferirem, a definições, noções e conceitos. É do conhecimento geral que o pensamento e a linguagem são indissociáveis e dependentes de conceitos. No entanto, em questões, na minha opinião, mais abstractas ou complexas, tenho frequentemente a percepção de que todos nós argumentamos, banalizamos críticas ou opiniões, sem assumir preocupação pelo que, de facto, define determinado constructo. É evidente que não há, na maioria dos casos, uma definição única e consensual de todas as coisas que existem. Contudo, por momentos, pareceu-me importante - ou, no mínimo, interessante – “materializar”, de alguma forma, esta ideia e, por esta razão, deixo-vos aqui duas definições com as quais simpatizei, apenas para que possamos reflectir, aquando da leitura dos outros textos, em alguns conceitos.

Quem sabe se esta viagem não é mais do que um facilitar de uma próxima, quem sabe se não ficará para uma outra voltinha uma tentativa crítica a estes mesmos conceitos…

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

2º Encontro António Francês

À luz duma iniciativa tomada pela Associação Cultural da Juventude Povoense, com o apoio do pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, para assinalar uma referência do teatro regional, como António Francês, a Nova Comédia Bracarense foi convidada a participar no encontro de teatro homónimo, à qual iria comparecer com a peça “O Bom Patife”, de José Manuel Barros, mas devido a circunstâncias para lá do seu controlo, a sua participação ficou comprometida.

No entanto, querendo mostrar a nossa consideração pelo evento e o agradecimento pelo convite, fomos “nós” – grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense –, substituir o grupo “sénior” com as nossas capacidades de improviso, através de todo um novo conjunto de exercícios que temos andado a praticar para dar ainda mais diversidade ao nosso espectáculo e ainda mais entusiasmo tanto nos actores como no público.

Sabíamos de antemão que iríamos actuar no Theatro Club da Póvoa de Lanhoso, ou seja, sabíamos de antemão que estaríamos perante o que se costuma chamar público difícil (devido não só à sua diversidade, implicando assim um ligeiro cuidado com o que apresentávamos em palco, mas também à presença de indivíduos com grande conhecimento na área das artes e, nomeadamente, do teatro; portanto, qualquer erro seria de certeza constatado), mas – quem não sabia fica a saber – nós adoramos um bom desafio, pois aquele friozinho na barriga e o nó nas entranhas faz explodir a nossa criatividade e realçar o melhor que há em nós.

Chegado ao momento a tensão nos camarins aumentava, não obstante as brincadeiras que íamos fazendo para distrair o nervosismo. Havia chegado a hora! Vamos subir, e vamos brindar este público com o espectáculo que eles merecem! E assim tentámos… Foi-nos apresentada uma sala razoavelmente lotada, o que é sempre dignificante e motivo de orgulho. Seria sempre suspeito eu falar da nossa prestação pois dizer que foi Boa seria convencido e arrogante, dizer que foi Mau seria falso,– e também falsa modéstia. Deixarei isso ao critério de quem esteve presente e aproveito para criar aquela curiosidade nos nossos leitores (Sim, tu… Tu também, tu também!).

No fim fomos agraciados com algumas “lembranças” da nossa participação, mas nada foi mais reconfortante do que os aplausos do público, chegara a hora de partir, a hora de voltar a casa e dormir, pois no dia seguinte houve novo espectáculo, desta feita em Leça, mas desse... desse não posso dar pormenores, pois infelizmente não participei, mas estava lá para os meus companheiros a aplaudir em espírito!


Diogo Ferreira

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Teatro (des)centralizado

Chegou, mais uma vez, a minha vez de escrever. E como de costume não fazia a mínima ideia sobre o que iria escrever. Até que o Marado me sugeriu que escrevesse sobre a importância dos grupos de teatro amadores na descentralização da cultura.
É do conhecimento geral que, nos meios rurais, não existem grupos de teatro profissionais e nem os grupos de teatro profissionais actuam em meios rurais. Por variadíssimas razões: por manifesta falta de interesse, por inviabilidade financeira, ou apenas por inconveniência.
Mas contudo, tem existido ao longo do tempo uma “tábua de salvação” cultural para estas regiões mais isoladas, que são os grupos de teatro amadores. Compostos por pessoas cuja única motivação que têm ao visitarem aldeias e lugares longínquos, para representarem as suas peças, é o gosto que sentem pelo teatro. Munidos de muita paixão, talento, muita vontade de levar o seu teatro a todo o lado e de transmitir o seu gosto por ele. Visto que cerca de 60% da população portuguesa vive em zonas rurais e a maior parte destas zonas rurais se encontram distantes dos centros urbanos e, como eu disse mais atrás, aos meios rurais não chegam os grupos de teatro profissionais, constatamos que o papel desempenhado pelos grupos de teatro amadores na divulgação da cultura em geral e do teatro em particular, é fundamental. As populações agradecem. Populações que por vezes, têm como ponto alto da sua vida quotidiana as visitas destes grupos amadores, muitas pessoas, demasiadas, que vivem sozinhas, recebem ocasionalmente estas visitas que vêm preencher de um certo modo as suas vidas e fornecem-lhes novos mundos, novas perspectivas e novas emoções. Tudo isto através do teatro.
Agora digam-me lá se não vale a pena investir no teatro? Nem que seja em meios de transporte, em fotocópias ou em lanches? Claro que vale a pena! Para ver e sentir a emoção do público que vê uma peça de teatro como uma novidade no seu dia-a--dia. Para ver e sentir a satisfação de todos os actores amadores por aí espalhados, satisfação de terem a oportunidade de transmitirem uma amostra de tudo aquilo que é o teatro. Claro que vale a pena!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A paixão pela arte…

O teatro é uma arte nobre que só alguns têm o privilégio de praticar. Foi sempre uma paixão para mim, mas foi sempre algo que tive medo de experimentar, por causa da minha timidez e da vergonha de me expor em público.
Há três anos atrás surgiu, pela primeira vez, uma oportunidade de ingressar num projecto e assim formar o grupo de jovens da Nova Comedia Bracarense. Ao princípio senti-me muito reticente em aceitar essa proposta, mas resolvi deixar o meu medo de lado e experimentar pela primeira vez na minha vida fazer teatro… Foi e é a melhor experiência que eu já tive.
No teatro aprendi a conhecer-me a mim mesma e conhecer as minhas capacidades como pessoa, aprendi a confiar mais nos membros do meu grupo e saber que eles estão lá para nos apoiar quando mais precisamos, o que faz com que o nosso grupo se torne uma segunda família que está sempre do nosso lado. Enfrentei o medo de me expor em público quando, pela primeira vez, entrei em cena, com a “Trilogia Hitchcock”. Ainda me lembro de me sentir muito nervosa, mas apesar dos nervos tudo correu bem.
A partir daí nunca mais nada foi o mesmo. Agora, cada vez que entro em palco, apesar de ainda sentir o nervosismo habitual, ao mesmo tempo sinto-me confiante nas minhas capacidades como actriz. No teatro podemos interpretar várias personagens e cada uma delas tem um pouco de nós, seja um sentimento ou um gesto; cada uma delas é diferente e, à medida que as vamos construindo, sentimos um certo carinho, porque elas são um pouco de nós que estamos a dar a conhecer ao público.
Não me arrependo das horas que cedi para ensaiar, dos sacrifícios que fiz para ser melhor, porque não o fiz só por mim, mas também por sentir uma certa responsabilidade em relação ao grupo que não queremos desiludir, uma certa responsabilidade para agradar o público e garantir que damos o nosso melhor, mesmo quando não estamos nos nossos melhor dias.
O teatro é uma paixão para nós, amadores. Fazemos tudo por amor à arte, sacrificamos tudo por amor à arte… e sempre com um sorriso nos lábios.

Liliana Ribeiro