Desde os primórdios da humanidade que há uma intensa interacção entre os elementos mais idosos de uma comunidade e os elementos mais novos dessa mesma comunidade. Este contacto vai promover uma troca de experiências extremamente importantes que servirão de exemplo para as gerações futuras e estes saberes passarão de geração em geração, com a missão de melhorar a comunidade em questão.
Na Grécia antiga, aqueles que viriam a ser os grandes pensadores do seu tempo, cresceram a aprender com outros grandes “monstros” da cultura, e aprendiam todas as coisas passeando por jardins imensos onde se escondiam histórias verídicas, fictícias e até mesmo previsões…O que pretendo com esta constatação é mostrar que numa das maiores civilizações da história da humanidade, a permuta de experiências entre novos e velhos existia, e caso esta permuta não tivesse dado resultado, não aconteceria termos ainda na actualidade teorias da época desses grandes pensadores!
Tal como nestas civilizações, que estão divididas em “classes”, conforme a sabedoria e experiência dos elementos, o mesmo acontece neste grupo de teatro, onde é possível encontrar três diferentes graus de “sabedoria”, pois temos três diferentes grupos: o grupo infantil, que se destina às camadas mais novas da nossa “sociedade”; o grupo juvenil, que foi desenvolvido para elementos jovens adultos; e o grupo sénior, este que é o grupo inicial da Nova Comédia Bracarense e que está destinado para os elementos com mais experiência em teatro.
Pela minha experiência pessoal, posso afirmar que o contacto com pessoas mais velhas que nós é muito frutífero, já que, sendo o elemento mais novo do grupo ao qual pertenço – o grupo “juvenil” –, com este contacto com pessoas mais experientes em teatro, aprendi inúmeros aspectos essenciais para melhorar enquanto actriz e para melhorar também enquanto cidadã (quase) adulta deste país. Penso que não sou o único exemplo desta troca de saberes, visto que quando entrei para esta companhia, outros elementos que entraram, tal como eu, para crescer divertindo-se, também aprenderam muito ao longo destes quase três anos de actividade, mesmo não tendo grande experiência de palco.
Ora, se existem provas de que este contacto surte efeito, o que proponho é que dentro da nossa companhia exista cada vez mais esta permuta de exemplos e experiências entre o grupo “sénior” e o “juvenil”, o grupo “juvenil” e o grupo “infantil”, já que desta forma teremos a oportunidade de gerar no nosso seio novos e melhores valores para o nosso país, para a nossa cultura e, principalmente, para o teatro de amadores.
Ângela Saraiva
Um comentário:
Concordo com quase tudo o que é dito neste bom texto, mas vou acrescentar algo:
Acho que não só têm os grupos mais jovens a aprender com os mais velhos e, teoricamente, mais experientes, mas o contrário também se verifica;
Além disto, há elementos no grupo sénior que são também jovens e inexperientes, tal como há elementos no grupo infantil que estarão na NCB há mais tempo que alguns do juvenil;
O essencial é abrirmos uns aos outros diversas portas, expandirmos os horizontes e apoiarmo-nos mutuamente, construindo públicos que não sejam exclusivos, mas sim partilhados.
Sucintamente: "a união faz a força"!
Miguel Marado
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