quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Teatro (des)centralizado

Chegou, mais uma vez, a minha vez de escrever. E como de costume não fazia a mínima ideia sobre o que iria escrever. Até que o Marado me sugeriu que escrevesse sobre a importância dos grupos de teatro amadores na descentralização da cultura.
É do conhecimento geral que, nos meios rurais, não existem grupos de teatro profissionais e nem os grupos de teatro profissionais actuam em meios rurais. Por variadíssimas razões: por manifesta falta de interesse, por inviabilidade financeira, ou apenas por inconveniência.
Mas contudo, tem existido ao longo do tempo uma “tábua de salvação” cultural para estas regiões mais isoladas, que são os grupos de teatro amadores. Compostos por pessoas cuja única motivação que têm ao visitarem aldeias e lugares longínquos, para representarem as suas peças, é o gosto que sentem pelo teatro. Munidos de muita paixão, talento, muita vontade de levar o seu teatro a todo o lado e de transmitir o seu gosto por ele. Visto que cerca de 60% da população portuguesa vive em zonas rurais e a maior parte destas zonas rurais se encontram distantes dos centros urbanos e, como eu disse mais atrás, aos meios rurais não chegam os grupos de teatro profissionais, constatamos que o papel desempenhado pelos grupos de teatro amadores na divulgação da cultura em geral e do teatro em particular, é fundamental. As populações agradecem. Populações que por vezes, têm como ponto alto da sua vida quotidiana as visitas destes grupos amadores, muitas pessoas, demasiadas, que vivem sozinhas, recebem ocasionalmente estas visitas que vêm preencher de um certo modo as suas vidas e fornecem-lhes novos mundos, novas perspectivas e novas emoções. Tudo isto através do teatro.
Agora digam-me lá se não vale a pena investir no teatro? Nem que seja em meios de transporte, em fotocópias ou em lanches? Claro que vale a pena! Para ver e sentir a emoção do público que vê uma peça de teatro como uma novidade no seu dia-a--dia. Para ver e sentir a satisfação de todos os actores amadores por aí espalhados, satisfação de terem a oportunidade de transmitirem uma amostra de tudo aquilo que é o teatro. Claro que vale a pena!

2 comentários:

Miguel Marado - NCB disse...

É óptima a sensação de levar bons espectáculos às freguesias mais distantes, aos lugares mais recônditos, onde as caras são mais expecantes e os risos mais profundos.

A cultura existe por causa de quem a produz, mas sobretudo para quem a "consome", daí que acho fundamental o interesse em abranger o máximo de pessoas possível.

Parabéns e até ao próximo, seja ideia minha ou não (o que talvez não venha mencionado no próximo texto...).

Miguel

Diogo Ferreira - NCB disse...

Quando me lembro que fomos a Barbudo (Vila Verde), Adaúfe (Braga) e outras freguesias que só por iniciativas deste género tenho acesso à Arte (Neste caso a do teatro). Fico feliz por ser um amador, fico feliz de ser da NCB!

Muito Bem Pedro