quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Festival do 18º aniversário da Nova Comédia Bracarense

Este ano a Nova Comédia Bracarense faz 18 anos e, para festejar este aniversário, será organizada uma mostra de teatro que terá início no dia 5 de Janeiro, com uma peça de Natal, criada a partir das personagens da peça “Se7e”, e que terminará no 12 de Abril, com um improviso. Nesta mostra serão apresentadas todas as peças feitas, até á data, pelo actual grupo juvenil da NCB. O que torna esta mostra de teatro mais interessante do que qualquer outra (modéstia á parte, bastaria apenas ser feita por nós) será uma votação para eleger os melhores actores do grupo. Os prémios serão divididos em três categorias: Melhor Actor do Festival, Melhor Actriz do Festival, e Melhor Novato do Grupo (a entrega dos prémios terá lugar no dia 12 de Abril, aquando do improviso).

Para os participantes do workshop poderem ser nomeados para o prémio de melhor novato, têm que estar entre os 4 mais assíduos do curso, para além de terem que participar no único espectáculo dos novatos, que será um improviso agendado para o dia 19 de Janeiro. Os possíveis nomeados são: Cati Gonçalves, Rui Lucas, Bruno Boss, Pedro Bafo, Pedro Kayak e Tiago Pintas.

Para os actores do grupo poderem ser nomeados para Melhor Actor ou Actriz do Festival é necessário participar no mínimo em dois espectáculos, participar em todas as actividades do grupo, tais como escrever no blog e estar nos ensaios sempre que possível. Além disto, a direcção do grupo não pode ser nomeada.

Todas estas regras devem-se ao facto de a votação não poder atingir a verdadeira justiça, por factores óbvios. Assim a justiça do resultado final será maior, porque para quem teve esta (a meu ver) magnífica ideia “o verdadeiro vencedor é sempre o actor que está a horas em todos os ensaios, que envia os seus textos sempre a horas e com o cuidado que se pede, que se oferece para facilitar o trabalho de quem está no comando”.

Assim, o objectivo destes prémios é motivar quer o público, quer os elementos do grupo, e premiar as pessoas que de facto contribuem para o melhor funcionamento do grupo. É de salientar que o vencedor é determinado pelo público, através de eleição directa com direito a dois votos, teoricamente: um voto por e-mail para o ncbjovens@gmail.com e voto no nosso blog, em sondagens inseridas para o efeito.

Na minha opinião esta pequena competição é perfeita, no âmbito em que poderá cativar mais pessoas a envolverem-se no Festival para poderem votar no final da mostra, o que levará as pessoas a verem mais peças do nosso grupo; poderá também criar uma competição saudável entre os actores do grupo, o que criará condições propícias para o desenvolvimento das capacidades de cada actor.

No final, saímos todos vencedores: os artistas do grupo, o nosso público, a Nova Comédia Bracarense e o teatro em geral…

Nuno Araújo

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Comentário à última sondagem e Mensagem de Natal do grupo

Tendo a nossa última sondagem (“Quantas peças assistiria no período de um ano?”) produzido os seus resultados, compete-nos analisá-la e interpretá-la para termos uma noção dos hábitos das pessoas, no que respeita à sua assiduidade a peças de teatro no período de um ano.

Identificamos na resposta “Nenhuma ou muito poucas” 13% dos votos (3 pessoas); “Só assistiria se entrasse gente conhecida”, 4 % (1 voto); “4 ou 5”, 21% (5 votos); “Entre 5 a 10”, 4% (1 pessoa); “Entre 10 a 15”, 8% (2 pessoas); a hipótese “Entre 15 a 20” não obteve qualquer voto; “O máximo possível” é a que apresenta maior votação, com 47% dos votos (no total de 11).

No âmbito desta sondagem, constatamos que a maioria dos votantes refere que vai ao teatro o máximo de vezes possível.

Constatamos também que algumas pessoas raramente ou nunca vão ao teatro, sendo que, em pé de igualdade, as pessoas se deslocam para ver peças entre 10 a 15 vezes por ano.

Podemos então, tirar como ilação, que os hábitos dos nossos “visitantes” são diversos e que, se por um lado poucos se dirigem com regularidade ao teatro, outros quantos fazem-no com frequência ou quando lhes é possível.

Com este inquérito denota-se que os votantes não têm, ou pelo menos assim parece, hábitos culturais no que diz respeito ao teatro. Sentimo-nos então na “obrigação” de fazer reavivar esta prática que, para além de lúdica, pode ser também a interpretação e o reflexo de uma sociedade moldada por certos parâmetros de ordem social, económica, política, etc. Só achamos que tal prática é benéfica para o espectador e demais cidadãos e dela só advém pontos positivos.

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Imbuídos de um espírito natalício o grupo da Nova Comédia Bracarense espera que este Natal vos traga felicidade e o ânimo para passarem esta quadra da melhor forma possível.

Queremos, portanto, que nesta quadra que se avizinha as diferenças sejam esquecidas, as cores aceites na sua pluralidade, o sentimento exacerbado no seu ponto máximo de positividade.

No Natal o que realmente importa são os sentimentos que brotam no coração de cada um de nós.

Que o teatro contribua, da nossa parte, para o vosso bem-estar, que ele seja a nossa prenda para vocês.

No entanto, queremos também que os vossos desejos e ânsias sejam plenos, que se vos assemelhem e apareçam como que por arte mágica de um menino Jesus ou, quiçá, de um pai natal!

Que a mística do natal permaneça nos vossos anos e natais vindouros, que o próximo ano seja para vós uma constante troca de ternura e a realização de vossos sonhos e desejos.

Creio que esta mensagem que a Nova Comédia Bracarense vos passa é tudo aquilo que vos desejamos!

Não queremos falsos moralismos, queremos sim que as vossas vidas neste natal sejam repletas de tudo, tudo e tudo.

Sara Manuela

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Festival da Maioridade – Mostra teatral do grupo juvenil nos 18 anos da Nova Comédia Bracarense

Como homenagem à nossa futura “cidadã de maior idade”, a Nova Comédia Bracarense (existente desde o ano de 1990), o grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense (existente desde 2001, mas com uma actividade mais intensificada desde 2005) vai realizar uma mostra de tudo aquilo que já fez até agora, o Festival da Maioridade.

De 5 de Janeiro a 12 de Abril, de peças a improvisos, nada daquilo que este grupo juvenil já fez irá faltar neste Mostra de Teatro.

Todas as peças que este grupo juvenil fez até hoje serão levadas a palco, incluindo projectos inéditos no que respeita ao público em geral. Ou seja, iremos fazer a nossa primeira peça, Trilogia Hitchcock, e todas as outras peças: “Direitos dos animais”, “Reflexão sobre o aborto”, “Zapaterias”(inédita), “Sete maravilhas do homicídio”(inédita) e também será realizada uma peça, a primeira que estreia a 5 de Janeiro, sobre o natal de sete amigos com muitos mistérios, risos e a amizade que os une acima de tudo, para além dos nossos famosos improvisos.
Teatro de todos os géneros e para todos os gostos: começando pelo suspense de Hitchcock, passando pela comédia e chegando ao drama.

Novos desafios para pessoas mais experimentadas a nível de palco e estreias para os ainda mais “jovens actores” desta nossa companhia, isto é, haverá também lugar nesta mostra para os actores que começam a crescer na nossa companhia, os actores que fazem parte do workshop que está a ser ministrado pelo Miguel Marado (membro do grupo juvenil).

Como esta é uma mostra especial e é uma prendinha do nosso grupo juvenil para o nosso público e também para nós, Nova Comédia Bracarense, decidimos que nesta mostra serão incluídos os prémios de Melhor Actor, Melhor Actriz (que serão premiados pelo desempenho prestado em pelo menos duas peças ou improvisos e também pela colaboração com as actividades do grupo, como sejam participações neste mesmo blog) e também Melhor Novato (membro pertencente ao grupo de actores que participa no workshop anteriormente referido)
É uma oportunidade para todos aqueles que não puderam ir às outras actuações, uma oportunidade de refrescar a memória de todos aqueles que foram ver as nossas peças e também uma nova e conveniente oportunidade de contemplar uma das mais belas artes em todo o seu esplendor, o teatro.

Uma “prendinha” não do senhor de gorro na cabeça e saco às costas, mas de alguém mais novo e feito por gente mais nova como comemoração do 18º aniversário da Nova Comédia Bracarense.

Viva o teatro!



Ângela Saraiva

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Ao teatro? Claro que sim…

Pode ser uma questão de tempo, uma questão de espaço, uma questão de questionar o porque sim ou porque não, uma questão de oportunidade quem sabe, de possível desfasamento entre a oferta e a procura. Ainda não consegui entender se gosto de ir ou não ao teatro.

Como já tem vindo a acontecer, este texto é resultado de uma problemática ou dúvida que me assaltou num momento qualquer. Desta vez, deparei comigo a pensar se, de facto, não ocultando a minha vontade ou desejo com máscaras social e intelectualmente correctas, gosto de ir ao teatro. Gosto do ritual, isso sim, da companhia – na verdade, nunca fui ao teatro sozinha ou com alguém que não aprecie –, do programa pode ser – note-se que não vou ao teatro assim tão assiduamente, o que faz das vezes em que vou programas diferentes do habitual. Agora, se gosto de ir ao teatro?

Na tentativa de, pelo menos em parte, me esclarecer, decidi repescar e centrar-me em experiências passadas de idas ao teatro. Não ajudou. Não ajudou porque, como seria de esperar, recordei aquelas ocasiões em que adorei lá ir, em que a minha percepção do tempo foi totalmente discordante da quantidade real do tempo que lá passei, tempo que, no final, considerei brilhantemente empregue. O argumento, o assunto, a história, interessantíssimos; o elenco, as personagens, suas dinâmicas, fabulosas; os “pormaiores”, que é como quem diz, os cenários, guarda-roupa, luz, som, no ponto. No mínimo, um incrível momento de entretenimento, reflexão e aprendizagem. Decididamente, adoro ir ao teatro. E depois houve aquelas peças que traziam no bolso o aborrecimento, a incompetência, a desilusão. “Não valeu a pena”, pensei. Não percebo quase nada de teatro, mas acho que isso não invalida poder opinar e criticar, positiva ou negativamente. Sei perfeitamente que a dúvida não se encontra no facto de eu gostar ou não de teatro, da arte sei que gosto, porque me interessa, me cativa. A questão é se gosto ou não de ver teatro, isto é, em que é que penso quando tenho de responder a um convite para lá ir, por exemplo. Será que a quantidade reduzida de vezes que assisto a teatro se deve ao tempo que é empregue, ao espaço no qual acontece, a uma simples questão de oportunidade? Sinto, sinceramente, pelo menos no que diz respeito ao nosso país, que existe uma sede enorme de cultura, o tal desfasamento supracitado. A ignorância, como alguns lhe chamam, a carência de educação cultural, prefiro, é um ciclo vicioso. Logo, como o povo é inculto, não é necessário investimento na área; como há pouco investimento, a todos os níveis, não é dada sequer a hipótese ao povo de experimentar, de descobrir que gosta, de se cultivar.

Foi o encarar com leviandade de algumas encenações que me conduziu a este pequeno delírio de, às páginas tantas, não compreender, intimamente, se gosto ou não de ir ao teatro. Porque acredito no bom teatro que se pratica em Portugal, no geral, na Nova Comédia Bracarense, em particular, convido-me a mim mesma e a todos a ir ao teatro. Porque o conceito de bom só existe por oposição ao de mau, vamos motivar-nos…e cultivar-nos. Ao teatro? Claro que sim…com certeza…


Joana Raquel Antunes

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Algo diferente

Vou escrever neste texto algo diferente, sobre o grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense. Sim. Eu sei. Já sei que existem montes de textos sobre o nosso grupo, uns mais lamechas que outros. Mas eu quero escrever sobre o nosso actual estado. O grupo actual está junto há já dois anos, sendo que o grupo inicial foi formado á seis anos, em 2001, portanto. Do grupo inicial sobramos eu e Marado…

Como toda a gente sabe o grupo recomeçou há pouco mais de dois anos. Depois de algumas entradas e saídas, o grupo que levou a estrear a “Trilogia Hitchcock” era composto por mim, pelo Marado, pela Joana Raquel, pela Joana Barroso, pelo Hugo, pelo Nuno, pela Nela, pela Ângela, pelo Mário, pela Liliana e pela Cátia. O grupo que estava super nervoso na sexta-feira, 2 de Junho, dia da nossa estreia, o grupo que festejou com pizza e espumante, é o mesmo. Todos juntos, a ajudarem-se mutuamente, com a roupa, com a decoração, com os textos. Juntos a funcionar como uma verdadeira equipa.

Sinceramente, tenho saudades desses tempos. Tempos em que chegava á sexta-feira ao fim da tarde e ia para o Galécia, o mítico Galécia, umas vezes a pé, á chuva, outras vezes de boleia com o Hugo, ou em cima ou em baixo do Marado, às vezes ao lado e outras vezes de carro com o Marado (o Marado ao lado, no banco de passageiros). Tenho saudades dos tempos em que ia para cima do palco, com o texto mais ou menos decorado, tentar fazer e dizer aquilo da melhor maneira possível. Tenho saudades do convívio. Não só do convívio que passamos em cafés ou bares, mas também do convívio teatral, do convívio do Galécia. O ano passado saí, vim para Faro; a Joana Raquel foi de Erasmus para Barcelona; o Hugo desapareceu para os lados de Bragança e entraram o Diogo Ferreira e o Daniel Mendes. O grupo enveredou, como toda a gente sabe, pelas técnicas do improviso. Pessoalmente, não gosto do improviso, porque para surgirem resultados dignos de nota é preciso uma capacidade artística e uma imaginação que estão fora do meu alcance. Prefiro peças com textos onde nos possamos basear. Com novos ensaios e espectáculos o grupo foi evoluindo nesta técnica. Conjuntamente com a evolução do blog e dos seus textos publicados semanalmente.

Lembro-me, saudosamente dos tempos passados no auditório, onde as nossas ideias e os nossos contributos para o espectáculo jorravam, onde havia discussão, mas também compreensão. Sinto falta da Alice, do Lenny, da Marta, do Rexy e de tantas outras personagens existentes dentro de nós. Falta de sentir a adrenalina única de estrear uma peça com vocês. Mas enfim, águas passadas não movem moinhos. Só peço que se mobilizem, unam-se, construam algo de que um dia mais tarde se possam orgulhar. Apoiem, ajudem e mexam este grupo. Façam-no andar para a frente.


Pedro Oliveira

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Técnicas do Teatro e a sua utilização no nosso dia-a-dia

São muitas as técnicas do Teatro que utilizamos no nosso dia-a-dia sem nos darmos conta: a dicção, a projecção de voz, também as técnicas para decorar um texto e a forma como respiramos para a nossa voz sair mais firme e segura.
A dicção é umas das técnicas chave do teatro, muitas vezes é dela que depende se a peça é percebida pelo público ou não, por isso os actores apostam muitas vezes em trabalhar a dicção. Mas também no nosso dia-a-dia a dicção é importante para sermos percebidos e conseguir argumentar as nossas ideias claramente.
A projecção de voz é outro elemento muito importante, com esta técnica o actor fala alto sem esforçar as suas cordas vocais e isto, associado à dicção, é um elemento chave para que o nosso publico entenda a peça para no final poder comentar se gostou ou não, se entendeu qual a historia da peça, etc. Podemos utilizar estas duas técnicas em conjunto na apresentação de projectos quer seja na universidade, que é o meu caso, como no trabalho. Isto vai facilitar a compreensão do trabalho e futuramente a crítica.
Quando um actor recebe em mãos a próxima peça a ser realizada, a primeira coisa que faz é lê-la do princípio ao fim, para compreender o tipo de peça (se é uma comedia, um drama, um suspende, etc.). Depois pode sublinhar as falas da sua personagem, para a distinguir das outras quando for para decorar. Mas, antes de passar para fase de decorar as nossas falas e as deixas das outras personagens, temos que perceber a personagem, quais são as suas características, quais são os seus defeitos e os seus sentimentos em relação à história. Quando decoramos a peça temos que a dividir por partes quando esta é muito grande, podemos ler em voz alta a nossas falas para decorar, podemos pedir ajuda a alguém que nos dê as deixas para depois dizermos as nossas falas, etc. Existem várias técnicas para decorar uma peça: o actor é que tem que escolher a que se adapta melhor a si. Esta forma de estudar o texto pode ser aplicada nos estudos como no trabalho, primeiro temos sempre que compreender um texto para poder depois decorar, o que vai facilitar a memorização, porque a partir do momento que temos as ideias chave do texto torna-se mais fácil memorizá-lo.
A forma como respiramos também é algo importante. A respiração torácica faz que a nossa voz, quando é projectada com os nervos, saia tremida, e isso faz com o público não perceba as falas daquele actor. Por isso a respiração abdominal substitui a torácica, para a voz sair firme e segura, sem se notar o nervosismo inicial do actor que depois de pisar o palco passa, esquecem-se os nervos e encarna-se a personagem. A respiração abdominal pode ser utilizada quando temos que apresentar um projecto, ou quando temos que falar em frente de centenas de pessoas e nos sentimos nervosos. A nossa voz vai sair de forma perceptível, firme e segura, sendo que ninguém vai notar o nosso nervosismo, o que faz com que, enquanto apresentamos, comecemos a sentir-nos mais relaxados, porque ninguém notou a nossa insegurança inicial.
Isto são pequenas coisas no nosso dia-a-dia que nem reparamos como podem ser importantes no teatro, da mesma maneira que não reparamos como o teatro pode ser tão importante para nos ajudar no nosso dia-a-dia.



Liliana Ribeiro

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

25

25 costuma ser um quarto de cento, muito dinheiro para pagar por um copo de água, ou mesmo um número. Este é, de facto, o vigésimo quinto texto do nosso blog, iniciado no dia 1 de Junho deste ano. Pessoalmente acho este marco importante, visto aparecer na altura certa e prevista.

Fossem mais ou menos atribuladas, nestas últimas 25 semanas houve sempre um texto, dentro dos nossos objectivos de qualidade, com um autor cá dos nossos, um jovem da NCB, a pousar ao de leve os dedos no teclado. Há, até, atitudes de luxuoso desperdício de textos que nunca verão a “luz do blog”. Tem havido sondagens, umas participadas, outras nem tanto; há alguns (poucos) comentários aos textos; temos os nossos links importantes (e egocêntricos), os nossos perfis… Resumindo, estamos a criar o nosso espaço na web.

Acho que é importante estarmos a colocar, semanalmente, material novo no blog, sem ter tido até agora qualquer falha. Claro que, como em qualquer situação, isso se deve mais a uns do que a outros, e acontece porque há esforço nesse sentido, há e-mails a voar, há actividade cerebral colectiva que não transparece sempre. Passamos já por reflexões acerca do grupo, falamos do improviso, abordamos a criação de personagens, falamos de projectos futuros, de projectos passados, da TV e dos seus defeitos e virtudes. Comentamos actualidades e espectáculos, descrevemos situações, criticámos políticas escassas e pobres. Muitas palavras já foram aqui escritas (e por sinal, muito poucas tão aborrecidas como estas…).

Chegando ao texto número 25, acho importante ambicionar trazer-vos mais, em todos os sentidos: dar-vos mais qualidade e vivacidade, e conseguir que estejam connosco mais vezes e mais tempo, que nos comentem, que nos venham ver e desfrutem de nós. Chegamos ao ponto em que só podemos esperar que os nossos amigos, familiares, colegas e conhecidos nos digam, como a música do eterno poeta: “Here we are now, entertain us!”. Nós queremo-vos aqui, queremos entreter-vos.

Concluindo, só posso dizer: “mãos à obra!”. Vamos intensificar a qualidade do blog e estar em grande, em todo o lado, com o nosso querido público. Vamos fotografar situações interessantes e publicá-las. Vamos esgotar as potencialidades dos instrumentos que podemos ter, como sejam as sondagens, o YouTube, os quadros para deixar mensagens, tudo o que nos lembrarmos… O passo seguinte será o sítio da Internet de toda a NCB, que vai aparecer o mais breve possível, mas só quando for para acontecer em grande.

Presentes para ti, todas as quartas-feiras, para sempre (ou até à poluição acabar com o planeta, ou algo semelhante…): ncbjovens.blogspot.com . Até p’rá semana, gente!


Miguel Marado

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Escola Francisco Sanches ou O Adeus

Se não se importam, gostava de falar do outro grande projecto teatral da minha vida neste texto. A Nova Comédia Bracarense não se vai importar que eu fale, momentaneamente, do projecto de teatro da escola Francisco Sanches.

Foi lá, nessa escola EB 2,3 que se localiza em S. Victor, Braga, que a minha “carreira” teatral começou. Posso dizer que se fez o actor que eu sou ali, porque se não tivesse sido a Chico Sanches o palco e eu seríamos estranhos. Foi com o “José Félix” da peça “Falar verdade a mentir”, de Almeida Garrett, e com o “Guanes” da adaptação d’ “O Tesouro”, de Eça de Queirós, que eu me estreei, depois de algumas pequenas peças enquanto criança, no infantário, mais por brincadeira que por outra razão mais apropriada e informada.

Depois desse 9º ano no qual me estreei, uma peça escrita por mim, com elenco formado pela “elite artística” do teatro da Francisco Sanches desse ano, levou-nos para a Nova Comédia Bracarense. Alguns de nós fomos ficando até hoje.

Eu não fiquei só na NCB. Durante os seis anos seguintes participei em inúmeras peças da Francisco Sanches, começando por contribuir numa peça anualmente e acabando com a mão em várias peças, com crianças entre os 10 e os 17 anos a aprenderem não só com a Manuela Duarte, professora e amiga, mas sobretudo mentora no que respeita ao teatro, mas também comigo.

Durante seis anos ganhei amizades; vivi a escola; senti a evolução da qualidade do teatro; da capacidade crítica do nosso público alvo, os familiares dos nossos alunos; fui “professor”; aprendi muito. Ganhei grandes momentos que a minha memória vai digerir lentamente até que um dia, quais lágrimas que rolam com calma, mas impetuosas, do queixo para o chão, se dissolverão.

Foram os toques da campainha, as manhãs antecipadas, as tardes encurtadas, os textos decorados, que ajudaram a regular a minha vida, a dar-lhe a forma que tem. Os amigos não seriam os mesmos sem aqueles momentos, nem mesmo a NCB seria o que é, pelo menos no que respeita ao grupo juvenil. A Ângela e o Nuno são membros antigos do grupo, que trouxe do teatro da Sanches; o Pedro Jorge foi meu colega lá, e começou ao mesmo tempo que eu nestas andanças; o Pedro, o Bruno e o Tiago, membros do workshop que agora decorre na NCB-Jovens, são antigos alunos e colegas do teatro da Sanches; finalmente, conheci o Daniel numa peça de antigos alunos na qual ele foi convidado a participar pelos artistas que acabei de mencionar.

Não vos posso dizer que foi tudo positivo e atractivo, houve momentos em que pensei desistir, fazer um último espectáculo, consciente de que o meu lugar ali se tinha expirado. Acabei por não desistir, apesar do esforço que empreendi, apesar de alguns meninos mal-educados, apesar de dores de cabeça em dias de espectáculo. A grande amizade que tenho com a Manuela Duarte e o gosto pela escola e os seus alunos impediram-me sempre de sair.

Em seis anos terminei tanto o curso do ensino secundário como o do ensino superior. Este ano tornou-se imperativo empregar-me, iniciar a actividade produtiva. Os dias longos de trabalho dão-se cinco dias por semana, pelo menos. Como é evidente, todos estes dias coincidem com a habitual actividade do projecto de teatro da Francisco Sanches. No dia 1 de Outubro, o mês passado, numa pequena representação, – a peça “Corta!”, – num local atípico, – um lar onde se comemorava o Dia do Idoso, – actuei pela que parece ser a última vez “com a camisola” da Francisco Sanches. No dia 2 tive a minha primeira e única entrevista de emprego, que me trouxe para onde estou hoje.

Depois de sete anos, acaba sem que eu pudesse calcular, bruscamente, um dos meus maiores investimentos do meu tempo a nível teatral. Adorei cada momento. Gostava de poder continuar, gostava de ir algumas vezes por semana para lá, estar com os alunos e a professora Nélinha, e não pensar em coisas de adultos, em coisas aborrecidas. Infelizmente, não vejo maneira de voltar. E hoje, dia 1 de Novembro, conforme escrevo, apercebo-me que isto é como uma morte para mim. No apelidado Dia de Todos os Santos faz um mês do que terá sido o meu (imprevisivelmente) último espectáculo pela minha querida Chico Sanches.

A vida também se faz de despedidas. Espero ficar com a NCB para sempre, porque só eu sei porque não fico em casa, onde ela sempre foi: na escola Francisco Sanches e a sua apertada sala de teatro, com corticite no chão e aquela luz forçosamente artificial que tanto me iluminou.

A vida escorre, a realidade esvai-se, os amigos mantêm-se…

Adeus, Francisco Sanches, até uma próxima…


Miguel Marado

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Halloween

“Doçura ou travessura?”

“Trick or Treat?”

Chegou o Halloween... Espera! Chegou o Halloween?! Mas isso é uma tradição de países anglo-saxónicos, que raio fazemos nós a festejar tradições doutros países? Sim, porque há uma razão para a existência do Halloween nos Estados Unidos da América, na Irlanda, na Inglaterra e etc., a qual passo a descrever no parágrafo seguinte.

O Halloween tem origem em celebrações pagãs celtas, embora com os anos lhe tenham sido conferidas (muito principalmente pelos EUA) as agora tradicionais abóboras e as frases com que abri este texto, que foi o que acabou por popularizar este dia. O objectivo desta festa que durava entre 30 de Outubro e 2 de Novembro era festejar o fim do Verão e também o novo ano celta, e era conhecida como festival de Samhain (Samhain significa fim de verão na língua celta). E pronto, de momento fico por aqui na aula de história.

Já deu para perceber que o Halloween original não tinha muito a ver com o de agora, não é? Então, porque não adoptar mais um dia de festa para o nosso calendário? Afinal de contas algo tem de alterar o tom soturno do dia que segue o – cada vez mais nosso – Halloween.

E é neste momento que pensam para vocês: “Mas o que é que este texto tem a ver com teatro?!”

Eu respondo: Tudo! O Halloween não é só a máscara que levas posta na cara, é toda a personagem que vais ser durante essa noite. Sim: personagem, porque nos momentos em que mais estiveres distraído darás por ti a interpretar e a vestir a pele dessa figura que encarnaste no Dia das Bruxas. Pois é, as ruas vão virar palco; a boa disposição será como a cortina que deixa entrar em cena o teatro de diversão que vai ser este Halloween.

Diogo Ferreira

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Mais uma voltinha, mais uma viagem!

Arte - (substantivo feminino) - A admiração e a realização plástica do Belo e de forma. As regras e preceitos que ensinam a executar com perfeição alguma coisa. Execução prática de uma ideia. Ofício, profissão, indústria. Astúcia, habilidade, jeito, maneira (Machado, 2000).

Teatro - (substantivo masculino) - Edifício onde se representam obras dramáticas, onde se fazem espectáculos. Casa ou edifício apropriado para representações dramáticas ou outros espectáculos. Profissão de actor ou de actriz. Arte de representar. Ilusão. Aparência. Lugar onde se deu algum acontecimento narrável (Machado, 2000).

“Mais uma voltinha, mais uma viagem!” foi a tal expressão que me ocorreu no momento em que li o e-mail que o Diogo me enviou no qual me pedia para escrever mais um texto para este prezado blog. Blog este que, tentando ser uma homenagem constante à arte teatral, já vos murmurou assuntos diversos, vos apresentou uma panóplia de temas distintos, vos confrontou com uma série de questões diferentes relacionadas com esta mesma arte. Assim, esta minha nova viagem, pensava eu, teria como obstáculo primordial a escolha da temática a abordar, para que fosse possível prosseguir com este objectivo colectivo de celebrar a arte teatral, em geral, o nosso blog, em particular. Enganei-me. Afinal, ao contrário do que cheguei a pensar, a selecção do assunto deste texto, desta minha “voltinha” por cá, não foi, de todo, árdua. Explico-me…

Já dei por mim a pensar, bastantes vezes, fruto da observação pessoal de diversos contextos e situações quotidianas, na diversidade de opiniões que surgem relativas a outra enorme quantidade de assuntos diferentes. Ok, mau sinal seria se tivessem entendido a minha ideia apenas com esta primeira frase. Aqui estou eu a tentar despertar, uma vez mais, a vossa curiosidade e espírito crítico. A questão que ponho, então, nessas mesmas “bastantes vezes” acima referidas, centra-se em torno de: “Será que quando discutimos e/ou opinamos sobre um tema sabemos, na essência, do que estamos a falar?”. Refiro-me aqui, se preferirem, a definições, noções e conceitos. É do conhecimento geral que o pensamento e a linguagem são indissociáveis e dependentes de conceitos. No entanto, em questões, na minha opinião, mais abstractas ou complexas, tenho frequentemente a percepção de que todos nós argumentamos, banalizamos críticas ou opiniões, sem assumir preocupação pelo que, de facto, define determinado constructo. É evidente que não há, na maioria dos casos, uma definição única e consensual de todas as coisas que existem. Contudo, por momentos, pareceu-me importante - ou, no mínimo, interessante – “materializar”, de alguma forma, esta ideia e, por esta razão, deixo-vos aqui duas definições com as quais simpatizei, apenas para que possamos reflectir, aquando da leitura dos outros textos, em alguns conceitos.

Quem sabe se esta viagem não é mais do que um facilitar de uma próxima, quem sabe se não ficará para uma outra voltinha uma tentativa crítica a estes mesmos conceitos…

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

2º Encontro António Francês

À luz duma iniciativa tomada pela Associação Cultural da Juventude Povoense, com o apoio do pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, para assinalar uma referência do teatro regional, como António Francês, a Nova Comédia Bracarense foi convidada a participar no encontro de teatro homónimo, à qual iria comparecer com a peça “O Bom Patife”, de José Manuel Barros, mas devido a circunstâncias para lá do seu controlo, a sua participação ficou comprometida.

No entanto, querendo mostrar a nossa consideração pelo evento e o agradecimento pelo convite, fomos “nós” – grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense –, substituir o grupo “sénior” com as nossas capacidades de improviso, através de todo um novo conjunto de exercícios que temos andado a praticar para dar ainda mais diversidade ao nosso espectáculo e ainda mais entusiasmo tanto nos actores como no público.

Sabíamos de antemão que iríamos actuar no Theatro Club da Póvoa de Lanhoso, ou seja, sabíamos de antemão que estaríamos perante o que se costuma chamar público difícil (devido não só à sua diversidade, implicando assim um ligeiro cuidado com o que apresentávamos em palco, mas também à presença de indivíduos com grande conhecimento na área das artes e, nomeadamente, do teatro; portanto, qualquer erro seria de certeza constatado), mas – quem não sabia fica a saber – nós adoramos um bom desafio, pois aquele friozinho na barriga e o nó nas entranhas faz explodir a nossa criatividade e realçar o melhor que há em nós.

Chegado ao momento a tensão nos camarins aumentava, não obstante as brincadeiras que íamos fazendo para distrair o nervosismo. Havia chegado a hora! Vamos subir, e vamos brindar este público com o espectáculo que eles merecem! E assim tentámos… Foi-nos apresentada uma sala razoavelmente lotada, o que é sempre dignificante e motivo de orgulho. Seria sempre suspeito eu falar da nossa prestação pois dizer que foi Boa seria convencido e arrogante, dizer que foi Mau seria falso,– e também falsa modéstia. Deixarei isso ao critério de quem esteve presente e aproveito para criar aquela curiosidade nos nossos leitores (Sim, tu… Tu também, tu também!).

No fim fomos agraciados com algumas “lembranças” da nossa participação, mas nada foi mais reconfortante do que os aplausos do público, chegara a hora de partir, a hora de voltar a casa e dormir, pois no dia seguinte houve novo espectáculo, desta feita em Leça, mas desse... desse não posso dar pormenores, pois infelizmente não participei, mas estava lá para os meus companheiros a aplaudir em espírito!


Diogo Ferreira

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Teatro (des)centralizado

Chegou, mais uma vez, a minha vez de escrever. E como de costume não fazia a mínima ideia sobre o que iria escrever. Até que o Marado me sugeriu que escrevesse sobre a importância dos grupos de teatro amadores na descentralização da cultura.
É do conhecimento geral que, nos meios rurais, não existem grupos de teatro profissionais e nem os grupos de teatro profissionais actuam em meios rurais. Por variadíssimas razões: por manifesta falta de interesse, por inviabilidade financeira, ou apenas por inconveniência.
Mas contudo, tem existido ao longo do tempo uma “tábua de salvação” cultural para estas regiões mais isoladas, que são os grupos de teatro amadores. Compostos por pessoas cuja única motivação que têm ao visitarem aldeias e lugares longínquos, para representarem as suas peças, é o gosto que sentem pelo teatro. Munidos de muita paixão, talento, muita vontade de levar o seu teatro a todo o lado e de transmitir o seu gosto por ele. Visto que cerca de 60% da população portuguesa vive em zonas rurais e a maior parte destas zonas rurais se encontram distantes dos centros urbanos e, como eu disse mais atrás, aos meios rurais não chegam os grupos de teatro profissionais, constatamos que o papel desempenhado pelos grupos de teatro amadores na divulgação da cultura em geral e do teatro em particular, é fundamental. As populações agradecem. Populações que por vezes, têm como ponto alto da sua vida quotidiana as visitas destes grupos amadores, muitas pessoas, demasiadas, que vivem sozinhas, recebem ocasionalmente estas visitas que vêm preencher de um certo modo as suas vidas e fornecem-lhes novos mundos, novas perspectivas e novas emoções. Tudo isto através do teatro.
Agora digam-me lá se não vale a pena investir no teatro? Nem que seja em meios de transporte, em fotocópias ou em lanches? Claro que vale a pena! Para ver e sentir a emoção do público que vê uma peça de teatro como uma novidade no seu dia-a--dia. Para ver e sentir a satisfação de todos os actores amadores por aí espalhados, satisfação de terem a oportunidade de transmitirem uma amostra de tudo aquilo que é o teatro. Claro que vale a pena!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A paixão pela arte…

O teatro é uma arte nobre que só alguns têm o privilégio de praticar. Foi sempre uma paixão para mim, mas foi sempre algo que tive medo de experimentar, por causa da minha timidez e da vergonha de me expor em público.
Há três anos atrás surgiu, pela primeira vez, uma oportunidade de ingressar num projecto e assim formar o grupo de jovens da Nova Comedia Bracarense. Ao princípio senti-me muito reticente em aceitar essa proposta, mas resolvi deixar o meu medo de lado e experimentar pela primeira vez na minha vida fazer teatro… Foi e é a melhor experiência que eu já tive.
No teatro aprendi a conhecer-me a mim mesma e conhecer as minhas capacidades como pessoa, aprendi a confiar mais nos membros do meu grupo e saber que eles estão lá para nos apoiar quando mais precisamos, o que faz com que o nosso grupo se torne uma segunda família que está sempre do nosso lado. Enfrentei o medo de me expor em público quando, pela primeira vez, entrei em cena, com a “Trilogia Hitchcock”. Ainda me lembro de me sentir muito nervosa, mas apesar dos nervos tudo correu bem.
A partir daí nunca mais nada foi o mesmo. Agora, cada vez que entro em palco, apesar de ainda sentir o nervosismo habitual, ao mesmo tempo sinto-me confiante nas minhas capacidades como actriz. No teatro podemos interpretar várias personagens e cada uma delas tem um pouco de nós, seja um sentimento ou um gesto; cada uma delas é diferente e, à medida que as vamos construindo, sentimos um certo carinho, porque elas são um pouco de nós que estamos a dar a conhecer ao público.
Não me arrependo das horas que cedi para ensaiar, dos sacrifícios que fiz para ser melhor, porque não o fiz só por mim, mas também por sentir uma certa responsabilidade em relação ao grupo que não queremos desiludir, uma certa responsabilidade para agradar o público e garantir que damos o nosso melhor, mesmo quando não estamos nos nossos melhor dias.
O teatro é uma paixão para nós, amadores. Fazemos tudo por amor à arte, sacrificamos tudo por amor à arte… e sempre com um sorriso nos lábios.

Liliana Ribeiro

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Breve introdução ao teatro, na óptica do grupo juvenil da NCB

Como alguns saberão, começará a preparar-se, no próximo Domingo, um breve “curso” de teatro no qual se integrarão os novos artistas do nosso grupo juvenil. Quem estiver interessado e não tiver sido ainda contactado, pode enviar um e-mail para MiguelMaradoNCB@gmail.com a pedir mais informações, de preferência o mais brevemente possível.

Delinearei muito brevemente, neste texto, as premissas básicas deste “curso”, que começará com uma introdução ao teatro de amadores (centrando-se no seu funcionamento e principais dificuldades) e à NCB. Falaremos, também, das regras essenciais do grupo juvenil, que se verão reflectidas neste “curso”.

A partir da conclusão deste ponto, passaremos a, através de exercícios e conversas, abordar o teatro e o trabalho deste, começando com o à-vontade com os colegas e o adquirir de capacidades no que respeita à desinibição, ferramenta essencial para trabalhar melhor, sem deixar que as nossas limitações psicológicas nos impeçam de dar um contributo válido e essencial, simplesmente por nos parecer algo de embaraçoso. Estes ensaios serão divertidos e leves, sendo que muitas vezes estaremos a aprender valores essenciais sem darmos conta disso, de uma maneira suave.

Também através de exercícios, trabalharemos a postura e a noção de posicionamento dos actores em palco, tendo como principais condicionantes o público e os restantes actores. O tornar estas capacidades algo de instintivo, natural para o artista, é fundamental na abertura de oportunidades para trabalhar mais aprofundadamente os aspectos criativos em teatro.

Serão também abordadas a memorização e as diversas técnicas de estudo de um texto, que se relaciona também com o trabalho do mesmo, envolvendo a interpretação e o trabalho de personagem, no qual assumiremos o actor como elemento de importância criativa numa peça. Será essencial a compreensão destas premissas, evidentemente essenciais ao trabalho de um texto teatral em palco, mas também necessárias ao improviso, em todas as suas variantes e em todos os seus exercícios. Aqui, breves noções básicas, como a “empatia”, ajudarão os futuros intérpretes a abordar melhor os seus “desafios teatrais”.

A projecção e colocação de voz serão também brevemente abordados, sendo que não sou especialista na “leccionação” desta matéria, assim como de qualquer outra, como a minha humildade e o meu sentido de realismo me obrigam a mencionar.

Insistiremos bastante na técnica do improviso, na sua definição e nas suas regras, explorando algumas variantes. Aprecio muito esta técnica, que creio desenvolver dramaticamente os artistas, de uma forma geral, pelo facto de apelar mais naturalmente à imaginação e criatividade do artista, conseguindo dar-lhe ainda mais armas para abordar as situações psicologicamente mais extenuantes da prática teatral.

Nesta fase, estudaremos a possibilidade de vir a realizar um espectáculo de improviso, consoante já foi feito no nosso grupo por diversas ocasiões (ver textos anteriores), o que seria interessante, visto garantir a aplicação empírica das aprendizagens e a exposição dos novos artistas à pressão de representar em público, de interagir com este, o objectivo final de qualquer trabalho teatral. Caso este evento venha a suceder, será certamente algo de extraordinário na vida dos estreantes, que podem, quem sabe, estar no prelúdio de uma vida de palco, de espectáculo, de sofrimento pela arte…

Estou confiante que trabalharemos muito bem, caso haja interessados suficientes para a realização deste curso. Além disto, é para mim evidente a necessidade de compreensão da forma de trabalhar do grupo e de cada um funcionar, que será mutuamente adquirida aquando deste pequeno projecto, que não durará mais do que três meses, em princípio.

Até breve!


Miguel Marado

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Regresso às aulas

Pois é, eu escolhi um tema aterrador para este texto... Ou será que não?

Afinal o que é o regresso às aulas? E que raio tem isto a ver com teatro? E que é que me deu que só faço perguntas?

Quanto a esta última, é simples, todos nós fazemos perguntas e questionamos tudo à nossa volta, umas vezes de forma mais veemente, outras menos, umas vezes questionamos os outros e outras, a nós próprios. E é isto que me traz às respostas a todas as outras perguntas feitas no primeiros dois parágrafos.

No ano lectivo transacto, foi-me questionado mais que uma vez se não achava que o teatro (e eis que afinal este texto sempre tem algo a ver com o teatro) chocava com as minhas responsabilidades para com os estudos. Eu sempre disse, garanti e continuo a garantir que não o fez, não o faz, nem o irá fazer. Como sei isto, perguntam vocês? Fácil. Cabe a cada um destinar o tempo que acha necessário a cada actividade, e é da responsabilidade de cada um conjugar as actividades curriculares e as extra-curriculares por forma a dar o seu melhor em cada uma delas, algo que tenho aprendido muito gradualmente, porque considero que isto varia de pessoa para pessoa e que cada um deve encontrar as suas medidas.

O que me traz ao cerne da questão, ou do texto neste caso, o regresso as aulas. Com o regresso às aulas temos de readaptar tempo e vontade por forma a ir de encontro às exigências que encontramos. Ao início das aulas muitos de nós associamos uma série de coisas. A partir do ano passado, eu passei a associar também o início de actividades do grupo de teatro. Re-iniciou-se o ciclo, vai começar de novo, mais aprendizagem novos amigos, novos objectivos... Espera! Estou a falar do teatro ou das aulas? Pois é. Estou a falar de ambos, pois de facto têm muito em comum e respondendo, agora definitavamente, a quem pôs em causa a compatibilidade de ambos: não, não acho que seja incompatíveis. Acho que se completam, pois cada um deles me ensina algo diferente e cada um deles terá o seu impacto no meu futuro.


Resta-me agora fazer-vos perceber o porquê de eu dizer que o regresso às aulas não é aterrador. Leram o texto? Pode-se descobrir lá muitas razões para estar feliz pelo reiniciar de um ano lectivo, amigos e aprendizagem são apenas dois deles e quem sabe vocês, em vocês mesmos, não encontram mais uma panóplia a adicionar aqui?
Fica o conselho, abram a mente e a boa vontade a mais um ano lectivo, pois quando for para ir para um emprego, isso sim, vai ser deprimente... Ou será que ainda vou descobrir que estou errado?


Diogo Ferreira

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O que é que a Simone de Oliveira tem, ou não tem, que eu não tenho, ou tenho?

Acho particularmente interessante a quantidade de vezes que, face às inúmeras personagens das quase tão inúmeras telenovelas transmitidas actualmente na televisão portuguesa (que também já tiveram o seu “direito de antena”, por diversas vezes, no presente blog), as pessoas, pessoas presentes, por alguma razão, no meu quotidiano, afirmam: “Esta miúda é mesmo do pior, não tem jeitinho nenhum para isto!” ou “É incrível o que este actor evoluiu, eu não gostava nada dele e agora acho-o um excelente profissional!”, por exemplo. Constato que a maioria das vezes até concordo com as afirmações, então pergunto-me: não tem jeitinho nenhum? Evoluiu? Excelente profissional? No fundo, em que é que o comum dos mortais se baseia para distinguir um bom de um mau actor?

Já escrevi um outro texto alusivo à quantidade e qualidade de “coisas” que aprendi durante a minha ainda muito curta experiência em “teatro puro”. Referia-me, nesse texto, à mudança no modo como encarava a representação, como estudava e construía a personagem. De repente, estas duas ideias parecem-me relacionadas.

O teatro é uma arte, estuda-se, ensina-se, aprende-se…Assim, penso existir (pelo menos) um caminho no qual os actores, os estudantes de teatro, se encontram e lutam por avançar, prosseguir, evoluir. Partindo deste pressuposto, quais as características que fazem de um bom actor isso mesmo, um bom actor? Pensei um pouco sobre isto e uma das conclusões à qual cheguei é que esta não é, pelo menos para mim, uma questão tão linear ou simples como à partida parece, ou me parecia.

Um bom actor é aquele que consegue que o seu público acredite, numa história, numa personagem, num sentimento. Extroversão? Talento? Inteligência? Organização? Eu não sei quais as características que deve ou não ter um bom actor, mas sei que eles existem, e continuo a acreditar na formação. Não sei o que é que a Simone de Oliveira tem, muito menos sei, concretamente e em todos os casos, o que é que falta àqueles jovens constantemente apelidados de maus actores. No entanto, por momentos, sei-me acreditando nuns, enquanto noutros não…

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Cadeiras vazias

Porque é que as pessoas não vão ao Teatro?
Por ser uma seca? Por ser de fraca qualidade? Por ser caro? Porquê?
Não concordo com duas coisas. Na TV somos confrontados com programas de comprovada má qualidade e mesmo assim atingem audiências elevadas, certos programas que são uma relativa seca.
Atenção, mais uma vez, eu não estou a falar do teatro profissional, falo sim, daquilo que me diz respeito, do teatro amador. Porquê não se vêem salas cheias, mesmo em pequenos anfiteatros? Não sei. Só sei que quando um iluminado presidente de um clube fez uma aparição televisiva para dar uma entrevista, vi uma praça cheia de gente. Seiscentas mil pessoas, invadiram as ruas das zonas ribeirinhas de Porto e Vila Nova de Gaia, cerca de 6% da população portuguesa, para durante um dia inteiro ver uma corrida de aviões. Mas, porque será que as companhias amadoras de teatro não enchem salas? Será por serem amadoras? Sinceramente não percebo. Vejo esboços de actores a tentarem representar em novelas juvenis. Será por causa da mania que os portugueses têm de que aquilo que não é famoso e caro, não é bom? Sinceramente, não sei.
No meio disto tudo só tenho que realçar e louvar o esforço das companhias amadoras de teatro, porque contra quase tudo e quase todos, contra uma sociedade desatenta, descuidada e ignorante, conseguem levar aos palcos e ás localidades mais isoladas, um pouco de teatro, um pouco de cultura, levar pelo menos um pouco de emoção e novidade. Companhias essas que tiram os jovens da rua, dão-lhes a conhecer o que sabem de teatro, pouco ou muito, abrem horizontes e conhecem realidades diferentes daqueles que estão habituados. Jovens esses que quando representam, estão a dar o melhor de si, estão a mostrar o que valem e gostam do que fazem. Companhias como a Nova Comédia Bracarense e jovens comos os que a integram. Jovens que passam horas a ensaiar, enfrentam medos e ambições só para nos trazerem um pouco do espectáculo e muita cultura.
Desde já e para sempre dou os meus parabéns e o meu muitíssimo obrigado a todos estes jovens.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Ficção na TV

Como devem notar os caros leitores, tenho uma relação de alguma amizade, ou talvez de amor/ódio, com a televisão. Não sou apenas fã de teatro, ou só do teatro em si, como forma de expressão e arte performativa. Sou deveras fã de representação, gosto de actuar e de ver boas performances, criativas, genuínas, de qualidade, seja em que suporte for. Assim, apesar de dar preferência ao fenómeno teatral, não descuro a “sétima arte” e também uma sua prima, considerada menos “nobre”, a ficção televisiva.

No que respeita a esta vertente, ao pequeno ecrã, considero-me de facto um pouco um conhecedor, uma espécie de pequeno “especialista”, isto porque sei mais do que seria natural, e talvez saudável, saber. Desde a ficção britânica (como “Blackadder” e “Royle Family”), passando pelas grandes produções americanas (como “Lost”, “House” e “E.R.”), nunca olvidando a comédia (com um clássico como “Seinfeld” ou um recente sucesso, como “The King of Queens”), ou as séries de culto (como “Oz” ou o mítico “X-Files”), etc, conheço de tudo.

Aprecio os critérios, alguns artistas, alguns autores… Sobretudo aprecio o maior cuidado que é tido, com elencos mais capazes, mais curtos, com mais tempo para trabalhar, sem esquecer que além de tempo têm sobretudo dinheiro, muito dinheiro.

Mais do que isso, aprecio a nossa ficção, as nossas séries. Gosto do “Gato Fedorento”, esse fenómeno que soube crescer sempre e espero que dure muito; já apreciei muito o hoje desastroso Herman José, desde o “Tal Canal” até há bem pouco; gostei imenso do ingloriamente desaparecido “Programa da Maria”, bem como dos maiores sucessos de Miguel Guilherme, “O Fura Vidas” e, hoje, “Conta-me como foi”, especialmente o primeiro.

O que penso em relação a isto é que podia gostar de mais, podia ter um pouco mais quantidade, já que em relação à qualidade não existem grandes dúvidas. Isto, claro, mais uma vez, em detrimento da enorme quantidade de ficção sem interesse e de “talk-shows” baratos, que hoje pululam na televisão portuguesa. Mais uma vez aprecio os critérios, os artistas, e todas as condições que são dadas, normalmente, a estes programas que aparecem semanalmente, ao invés da reprodução diária de textos sem história, com péssimos diálogos, representações baratas, mal preparadas e sem ponta de talento, com uma cara bonita para distrair as mentes mais carentes de sossego.

Além de gostar que houvesse mais ficção sob a forma de série televisiva com marca nacional, não me importava, já agora, que a boa, por vezes excelente, televisão de produção estrangeira não fosse relegada para horas impróprias ou para canais de televisão por cabo, com repetições até ao absurdo.

Às vezes conhecem-se grandes programas em noites de insónia, ao chegar dum “café” mais tardio, ou talvez com o choro de uma criança mais irrequieta. Talvez seja esse o objectivo das nossas televisões, o presentear-nos com belos espectáculos nos momentos mais incómodos, no silêncio da noite. No fundo, fazer-nos valorizar os pequenos prazeres da vida, aqueles que só surgem de longe a longe.

Melhores produções, melhores e mais preparados textos, melhores e mais talentosos actores portugueses é o que de facto desejava ver, para ver se volto a ligar algum dos primeiros canais da grelha sem ser só para ver uma bola aos saltos.

Miguel Marado

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Teatro na TV

É óptimo chegar à noitinha, talvez numa quinta-feira a seguir ao Telejornal, e ver, na televisão, uma peça de teatro, representada por alguns dos nossos melhores actores ou por jovens promessas, ou mesmo, mais raramente, por algumas boas companhias de teatro de amadores, como é o caso da Nova Comédia Bracarense, com boa encenação, temas ricos e diversificados, autênticas maravilhas sem sair de casa.

Sim, é falso. Não há qualquer género de teatro na televisão. Bem, pelo menos teatro, teatro, não há. Há frutos adocicados que regurgitam fenómenos de assistência e audiências, mas nenhuma actividade digna de corujas e não de seres humanos se pode denominar “arte”.

A minha mentira do primeiro parágrafo não surge por causa do 1 de Abril, mas pela manifesta necessidade de poder proferir aquelas palavras com confiança e autenticidade. Por muito que possa admirar a alguns, não sou grande adepto da telenovela e da porcaria da volta a Portugal em parvoíce (“Há Volta”?); não gosto da Júlia Pinheiro e da Fátima Lopes, nem da grande senhora da TVI, Manuel Luís Goucha; não me fascino com a Maddie McCann; não me emociono com “Os Malucos do Riso”, esse hino à piada parva.

Não sei porquê, mas penso que muita gente, ou pelo menos gente de alguma cultura, preferiria ver uma peça de teatro e menos uma hora e meia de “aceleras” de duas rodas, ou de modelos a retratar mentecaptos 6 ou 7 anos mais novos, ou de “pensadores dos tempos modernos” a esmiuçar a vida da Lili Caneças ao vivo toda a tarde, ou pior: a explorar as tragédias de vida de alguns prostitutos do mediatismo.

Estou farto de ver o serviço público e chafurdar na lama da luta pelas audiências, com programas de banalidades e reconstituições de telenovelas com 120 anos e nenhuma qualidade, em aspecto algum. Se a falta de noção da realidade é minha, então expliquem-me porquê: o teatro fica caro de transmitir na televisão? Não, pois claro. As audiências seriam piores que as da “fantabulástica” “Floribella”? Penso que seria difícil. Os patrocinadores não ficariam felizes? Os que patrocinam o teatro não se incomodam muito. As pessoas manifestar-se-iam contra o teatro? Não tantas como as que detestam as mesmas coisas que abomino e já referi. A cultura mata, ou magoa sequer? Talvez os ignóbeis se sintam doridos, mas isso é inerente à sua condição.

Se não houvesse qualidade e valor nas nossas peças, nos nossos encenadores e actores (e não falo só dos fenómenos de popularidade e populismo, inerentes à generalização da sua presença nas múltiplas novelas que são produzidas), talvez se justificasse, mas não é isso que acontece. Se não houvesse lugar nas grelhas, ainda assim me queixaria, mas quando há repetições de novelas com 30 anos e adaptação de personagens com dois “l” no nome, penso que, de facto, há espaço até para ver imagens de satélite meia hora por dia.

Peço, por favor ao nosso país e sociedade, mais qualidade em geral nas programações dos nossos canais, que pagamos e muito, com as toneladas de publicidade que invadem os nossos olhos e chegam a influenciar a nossa criatividade. Peço um pouco de teatro, com regularidade e a horas decentes, para que a comum expressão “nunca fui ao teatro” possa ter um significado menos pesado.

Mas, por favor, não vão buscar os actores e argumentistas às novelas que já temos, porque para isso vejo o Cândido Barbosa pedalar, enquanto choro o teatro nacional.

Miguel Marado

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Férias

Férias… Aquele momento mágico que nos faz aspirar por descanso e diversão, a pausa de todos aqueles trabalhos e fatigantes projectos, aquela altura do ano pela qual toda gente espera, ou quase toda, pois é preciso fazer sempre uma pausa...

Será mesmo sempre? Afinal de contas, com a chegada destas férias das aulas, chegaram também umas mini-férias da NCB, e sinceramente, dessas férias eu não gosto! Lá se foram os ensaios, a galhofa de estarmos todos juntos, as gargalhadas junto ao palco, o improviso feito em palco... Está tudo em “stand-by” para que chegue o próximo ciclo de aventuras.

Nunca pensei que viesse a haver umas férias de que eu não gostasse, mas mais uma vez o teatro trouxe-me uma experiência nova. É que agora, deixei de gostar de dedicar as minhas férias ao Deus Ócio e à Deusa Preguiça. Preferia muito mais estar a trabalhar para vos trazer algo novo a palco. Não que não o esteja a fazer, pois de momento, como já sabem, temos todos um pouco da nossa energia voltada para a escrita, mas não é suficiente, nunca chega. Estar em palco é algo transcendente e não pode nunca ser substituído por qualquer outra actividade, nem nunca pode ser suplantada por algo tão desprovido de significado como as férias.

Mas não se enganem, claro que gosto da piscina, da praia e de sair com os amigos, mas o teatro não invalidaria isso e traria um pouco de conteúdo cultural a estas minhas férias: sinto falta dos vossos olhos em mim, da vossa atenção, dos murmurinhos que se ouvem, do nervosismo que o palco provoca… Estou farto de “férias teatrais”!

Embora este texto me tenha posto em contacto com o teatro, e me tenha deixado nostálgico nestes odiosos minutos que passo de teclado na mão em frente dum monitor, não chega; e falar para vocês que gostam de teatro e querem ver teatro, apenas me faz odiar mais um pouco estas férias. Por isso me despeço com um “até breve”, porque qualquer quantidade de tempo superior a “breve” é, sem dúvida, tempo a mais.

Até Breve!

Nuno Diogo Neto Ferreira

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Eu?

Lembro-me de quando eu era criança, mas não me consigo lembrar se tinha um amigo imaginário…

Faz hoje alguns dias, não consigo precisar bem quantos, estava eu não sei bem onde, não me recordo do sítio, quando me lembrei de algo. Na frase que acabei de escrever há verbos conjugados na primeira pessoa do singular, referindo-se, desta forma, bem como os elementos “eu” e “me”, a mim mesma. Mesmo não podendo contextualizar o surgimento desta ideia no tempo e no espaço, sei que fui eu quem a teve, recordo-me, e isso, acreditem, tem o seu valor.

Do geral para o particular: existem patologias, existem psicopatologias e existem perturbações dissociativas. Assim, é possível definir estas últimas como “disfunções das funções normalmente integradas da consciência, memória, identidade e percepção” que “podem ser súbitas, graduais, transitórias ou crónicas” (DSM-IV-TR, 2002, a pseudo-bíblia dos psicólogos). Dissociamos quando nos escapamos a nós mesmos, estando este conceito associado, por exemplo, ao muito popularizado “múltipla personalidade”. Estão-me a seguir? Não, não estou a dissociar...O que é que isto tem a ver com teatro? Voltemos, então, à minha ideia.

Quando entrei para a NCB, que é como quem diz quando comecei a fazer teatro, que é como quem diz quando me iniciei na arte da representação, ouvia dizer que, aquando em cima de um palco, o actor deixa de se sentir ele mesmo, pensando, agindo e sentindo como a personagem que naquele momento representa. No meu caso, confesso, só entendi isto bastante mais tarde...quase tarde demais. Ao início, centrava-me em memorizar o texto, palavrinha a palavrinha, as indicações cénicas e mais pequenas movimentações, e concentrava-me nisso, para nada falhar, para não me perder...Perdi-me! Até que um dia, sem que tivesse entendido o que tinha mudado, foi diferente. Em vez de me impingir tudo o que a Carolina – assim se chamava a personagem – dizia e fazia, comecei a conhecê-la, aos poucos. Quando dei por mim, era possível vivê-la, sê-la, quase livremente; era possível jogar xadrez em palco sem ter as jogadas combinadas. Por momentos, julgo que era capaz de responder a muitas perguntas sobre ela, na primeira pessoa. Voltamos à minha ideia...

O que pensei centrou-se/ centra-se, então, na possível relação existente entre o acto de representar e a dissociação. Vejamos... Estou certa de que representar não é nenhuma doença, não me interpretem mal, no entanto, já experimentei a sensação de, por momentos, no decorrer de uma peça, “deixar de ser eu”. Mais profundamente ainda, no final da mesma peça não podia jurar ter pronunciado completas todas as falas, apenas sabendo que tinha passado, acabado, e que eu tinha gostado da experiência. Perguntava-me: estará o exercício teatral associado (ou dissociado) a um outro que tem por objectivo a desintegração da identidade, percepção, memória e consciência? Se sim, será este um assunto súbito, gradual, transitório ou crónico? Já ouvi relatar que há pessoas que treinam a dissociação, como é o caso, por exemplo, das que sofreram um trauma e/ ou das que são sujeitas constantemente, por alguma razão, a um forte sofrimento físico. Dissociarão os actores? Continuam-me a seguir? Chega de perguntas… Aliás, não espero respostas, apenas opiniões… discussão! Obrigada pela vossa atenção!

Já agora, o que terão os amigos imaginários a ver com tudo isto?

sábado, 4 de agosto de 2007

O despertar de novos projectos

Com o aproximar de um novo ano de trabalho, novos projectos surgem também.

Encontrando-se, de momento, o grupo de teatro de férias (à excepção de improvisos esporádicos), tal não implica que os novos projectos não estejam a ser delineados e desenvolvidos. Já em Outubro, daremos início a uma nova série de espectáculos que, mais precisamente, serão compostos por sketches que giram em torno de diversos temas actuais e que visam caricaturar os partidos políticos, corpo associativo e filiado, tal como da sociedade em geral. A sociedade bracarense será também um dos temas escolhidos para a realização de um espectáculo, com o intuito de mostrar aquilo que de mal julgamos haver na nossa cidade e na sua liderança política.

Na fase de desenvolvimento deste novo projecto há um apelo à nossa imaginação, criatividade e também nos reportamos à realidade, para que, da junção dos mesmos, resultem textos e peças bastante divertidos e com um carácter que urge ser imposto, o da crítica, o da intervenção que, no nosso entender é bastante necessário, pois confrontamo–nos com uma actualidade demasiado elitista e contraditória nos que respeita á defesa dos cidadãos (que deveria ser o objectivo principal do Estado) e dos valores defendidos “quase” em comum pela maioria dos partidos que continuam a afirmar–se de certas posições ideológicas, não evidenciadas nas suas acções.

Achamos que o teatro tem cada vez mais que apelar à consciência dos cidadãos, não lhe atribuindo somente uma vertente lúdica mas também de intervenção.

O nosso novo projecto surge em prol de uma sociedade informada por meios divertidos de o fazer. Sem desvendar, nem abrir “as cortinas”, esperamos por vocês para verem o resultado de mais um trabalho da NCB que, e passe o cliché, é feita por nós, por vocês e para vocês.

Joana Barroso – NCB

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Braga teatral?

Já alguém se perguntou porque é que em Portugal, no nosso particular, em Braga, o teatro amador permanece em crise constante e sem divulgação? É claro que a reabertura do Teatro Circo veio alterar um pouco esta situação. Mas não será apenas uma alteração virtual, visto que a esmagadora maioria das companhias, senão todas, que ali representam são companhias nacionais e profissionais, além dos concertos que maioritariamente ali têm lugar.
Na minha humilde opinião, a reabertura do Teatro Circo, apresentada como a tábua da salvação bem como a consequente perspectiva de melhorias tanto da qualidade como da quantidade da cultura bracarense é só fogo de vista, pelo menos no que diz respeito ao teatro amador. Claro, que permite fazer festivais de teatro, amador ou não. Claro que podemos ver peças do La Féria. Claro que podemos ver os concertos do Tony e companhia sem estar a apanhar frio e chuva. Claro que podemos fazer e ver mil e umas coisas com o remodelado Teatro Circo. Ou a sua remodelação não tivesse custado aos bracarenses 17 milhões de euros. E é claro que não estou contra o Teatro Circo, ou o que ele representa. Estou é contra a desproporção das coisas. Sabem quantos grupos de teatro amador existem em braga? Quantos grupos folclóricos? Sabiam que a esmagadora maioria destes grupos têm meios de transporte para os seus espectáculos por estarem adstritos a paróquias do concelho? E a Nova Comédia Bracarense? O único apoio camarário que tem é a cedência do auditório do Centro Comercial Galécia. Possui uma carrinha de condições duvidosas, e tem à sua disposição mais duas ou três carrinhas dependentes da generosidade dos seus directores.
Vamos ser sinceros. Esclareçam as minhas dúvidas. Que apoios dá a Câmara Municipal de Braga ao teatro amador? No nosso caso, claro que estamos todos muito agradecidos pelo nosso querido Galécia. Mas não chega. É manifestamente insuficiente. Queremos mais. Não queremos só dinheiro, queremos condições. Queremos organização. Queremos teatro. Queremos divulgação. Que esforços faz a Câmara para divulgar as companhias amadoras do concelho? Que esforço faz a Câmara para organizar festivais amadores e mostras de teatro do concelho? Nós fazemos teatro amador. Dependemos da boa vontade de alguns organizadores e dependemos da boa vontade dos actores. Não fazemos teatro por dinheiro, fazemos teatro por gosto. Sim. Gosto. Aquela coisa estranha atípica do funcionalismo público. Aquela coisinha que leva o Homem a realizar as suas maiores obras.
Vamos pensar um bocado. Comparativamente, vai mais dinheiro para o futebol amador, ou para o teatro amador? E porquê? Porque é que somos a cidade do país onde há mais empresas de construção civil sedeadas? Porque é que despacharam a Bracalândia para Penafiel? Porque é que temos bombas de gasolina praticamente de 100 em 100 metros? Porque é que não se ouve falar de teatro amador em Braga? Onde está a nossa cultura? A cultura bracarense? Quero ver bracarenses. Quero que os bracarenses tenham orgulho de si mesmos ao ver peças bracarenses. Quero que tenham orgulho no seu concelho e orgulho na sua Câmara ao ver os avanços que a nossa cultura fez. Bem, mas isso já é pedir demasiado, não é?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O caloiro

É verdade! Neste momento sou o membro mais novo do grupo de teatro! Mas antes da minha entrada para o grupo contava já com algumas “aventuras” que despertaram o meu interesse para este mundo.

Fiz teatro pela primeira vez quando a minha mãe ainda me cortava a carne ao almoço: uma experiência sem sabor, sem sentir o real valor intelectual e cultural do teatro. Voltei à carga no ano passado com uma peça de teatro com pouco mais de dez minutos. Novamente soube a pouco, mas tomei-lhe o gosto e essa pequena peça despertou algo que eu não conhecia, a admiração pelo teatro!

Rapidamente procurei fazer mais qualquer coisa que me desenvolvesse o gosto pelo teatro e foi então que entrei numa peça que representamos em Março passado, intitulada “O auto das Novíssimas Barcas”. Foi aí que o Miguel, o Marado, me aborda com a possibilidade de entrar para um projecto que o grupo ia apresentar dentro de pouco tempo, o teatro de improviso… Foi amor á primeira vista! Não pelo “Tio Mara”, logicamente, mas pela ideia de fazer teatro livre, dar o máximo em cima do palco da maneira que mais nos apetecer! Aceitei sem contestação! Actuamos! Brilhamos! Convencemos!

De lá para cá já algum tempo passou e posso garantir que a nossa vida muda, ou mesmo a forma de encararmos um desafio. Isto porque no teatro todos os dias surgem novos desafios, todos eles são aceites e quase todos ultrapassados! Quando aceitei aquele convite era uma “tábua rasa” a nível de conhecimento teatral, hoje posso dizer que sei o que é subir a um palco. Sei o que é o divertimento, o stress, e mesmo a seriedade com que encaramos os ensaios, sei o que é o nervosismo antes de entrarmos para palco, sei o que é a adrenalina de pisá-lo frente a dezenas, ou mesmo centenas de pessoas. Resta-me ainda descobrir muito sobre o teatro e aprender ainda mais, para me poder tornar cada vez melhor.

Hoje posso dizer que sou um apaixonado não só pelo teatro, como pela Nova Comédia Bracarense e por todas as pessoas que fazem parte desta família, porque o Galécia já é a nossa segunda casa!

Um último conselho: aceitem o desafio e venham experimentar a adrenalina e a paixão que é fazer teatro!

Daniel Mendes

terça-feira, 10 de julho de 2007

Nova Companhia na Companhia

Chegou ao fim o meu primeiro ano de teatro entre os meus amigos na Nova Comédia Bracarense e, como qualquer bom fim, espera um melhor novo início (na “temporada” que se segue). Espera também as chamadas “novas aquisições”, novos companheiros, que farão parte deste grupo em constante crescimento e serão parte integrante desse mesmo crescimento. Mas, como membro “residente”, devo lembrar que passei o mesmo ainda há bem pouco tempo e sei as dificuldades e grandes aprendizagens que isso traz. No fundo, é disso que este texto trata...

Para mim não foi difícil fazer novas amizades nem relacionar-me com o grupo. Já conhecia o Mário e, por ter ido assistir a alguns ensaios dele, acabei por ter vontade de participar neste projecto e conhecer o restante grupo. Como é óbvio, isto muda muita coisa, entre ser apenas um amigo do grupo e fazer parte da “equipa”. Já não interessa só estabelecer um bom ambiente, interessa também dar o nosso melhor no palco e mostrar que estamos à altura do desafio e de contracenar com os outros, a afirmação perante o grupo enquanto actor. Isto causa nervosismo, pelo medo de não corresponder às expectativas, medo que não é necessário porque, se tens a vontade, o grupo em geral, e o encenador em particular, patrocinam a aprendizagem, acabando por ser uma “estreia” que corre sempre bem.

Após estes meses de convivência e de palco, o nervosismo da “estreia em ensaios” foi substituído pela ansiedade de ter em mãos um novo projecto, de ter entre nós novos companheiros, novas amizades (que nunca são demais) e uma sala cheia a quem apresentar os nossos trabalhos.

Resta agora esperar, então, pelos novos elementos, e a ilusão vai passando na nossa cabeça (ou pelo menos na minha) pois embora eu conheça um ou outro “candidato”, vai haver sempre gente nova para conhecer que, mesmo dentro da faixa etária do grupo, pode e deve ter ideias, vivências e experiências muito diferentes das minhas, que espero que partilhe. Deve também ter feitios diferentes do meu, e é aqui que nova gente significa novas preocupações, pois o que até é um grupo coeso e no qual adoro toda gente (o que espero ser recíproco), pode vir a ter elementos de quem eu venha a gostar menos (mas isto é só o meu pessimismo, porque vou adorar toda a gente nova e toda esta a mim!). Se for o caso, o meu “profissionalismo amador” virá ao de cima, estando à altura dos desafios teatrais com que terei de lidar, gostando ou não de quem contracena comigo, para não desfazer o bom ambiente geral do grupo, que nos põe ansiosos por cada domingo de ensaios.

Seja de que forma for, asseguraremos o vosso entretenimento com a nossa presença em palco. Em conjunto com a nova companhia na companhia, trazer-vos-emos mais e melhor teatro!


Diogo Ferreira

terça-feira, 3 de julho de 2007

Trilogia Hitchcock - Introdução à história do grupo

Sendo convidado, e tendo aceite, a proposta de (re)criação e encenação do Grupo Juvenil NCB, em Fevereiro de 2005, imediatamente programei para Setembro/Outubro seguintes o retomar deste projecto. Estabelecidos alguns contactos, convidadas algumas pessoas, na maioria amigos pessoais, iniciou-se o processo de organização do que seria este projecto, já estabelecidos alguns objectivos, já conhecidas algumas realidades.

Sabia, então, duas coisas: teria pessoas muito jovens e/ou muito inexperientes; queria uma organização que me desse garantias e que potenciasse uma formação o mais apoiada na prática e na observação activas, num estilo dramático que não a comédia.

Assim, decidi que a formação de dois grupos internos, com ensaios conjuntos da mesma peça, - sem objectivo de competição, mas apenas os acima mencionados, - seria ideal para o que queria dar a estes jovens, no que respeita a conhecimentos e prática teatral.

Importante também era, sem qualquer dúvida para mim, o poder estabelecer o mínimo de hierarquias entre os actores, sendo que eu próprio não os conhecia enquanto tal. Com isto em mente, optei por propor a todos a realização de alguns contos curtos, de suspense, retirados de textos que conhecia e admirava, com proveniência da “Alfred Hitchcock’s Mystery Magazine”, dos anos 60, aproximadamente. Eles tiveram oportunidade de representar, na maioria, duas personagens, tendo equivalentes importâncias e presenças em palco.

Esta proposta foi, a meu ver, bem recebida, criando-se assim, com “As pistolas carregadas são perigosas”, “O Céu como limite” e “O ladrão de jóias”, textos seleccionados e adaptados por mim, com auxílio ocasional de João Pedro Oliveira, a “Trilogia Hitchcock”.

Iniciamos, então, o trabalho neste grupo com o suspense, estilo pouco abordado em teatro, verificando que o nosso maior problema foi o facto dos actores dedicarem pouco trabalho de casa ao projecto, demorando uma excessiva quantidade de tempo a decorar o texto.

Saliento que este projecto inicial se revelou um sucesso, com críticas positivas da parte do público e dos elementos da NCB, comprovadas com a participação no Festival Nacional de Teatro de Amadores da Póvoa de Lanhoso, onde nos puseram entre os melhores grupos de teatro de amadores do país.

A humildade demonstrada pela maioria dos envolvidos faz-me achar necessário o reafirmar desses elogios, principalmente às suas prestações individuais e colectivas. Vocês evoluíram e mostraram, segundo muitas pessoas com muitos anos disto, enorme talento e potencial para melhorar.

Só falta não deitar fora as oportunidades…


Miguel Marado

terça-feira, 26 de junho de 2007

Improviso

O improviso é uma das técnicas do teatro que exige mais concentração e imaginação de um
actor.

Quando se faz improviso podemos ser qualquer personagem, somos nós que definimos a
nossa personagem, e depois é só dar largas à nossa imaginação.

O improviso é o estado mais puro do teatro, acho que para além de exigir muito do actor
também mostra ao público como este se sente à vontade no palco, ou não. Com o improviso
ganhamos mais confiança nas nossas capacidades, torna-se muito mais fácil enfrentar as nossas
estreias e os medos de errar ou esquecer os textos, basta improvisar de maneira a que o público
não note que aquela fala não faz parte da peça e ajuda a manter a calma em cima do palco. Pode- se dizer que estamos prontos para tudo!

Poucos são os actores que fazem improviso, mas nós, na NCB, aceitamos o desafio e saímos
vencedores, temos mais experiência e mais confiança nos nossos trabalhos, sejam peças, no
sentido clássico, ou improvisos.

Já nos deslocámos a escolas como a de Prado e Arcos de Valdevez e conquistamos o público com
o nosso “simples” improviso, conseguimos manter a confiança de tal modo que muitos eram os
que achavam que era ensaiado, tal era o nosso à-vontade.

A vida de um actor tem que ser cheia de novas experiências, para enriquecer a nossa
formação, para ganhar, às vezes, mais confiança, e para vermos até onde conseguimos ir com a
nossa imaginação e até que ponto conseguimos desenvolver uma personagem ali em palco, na
hora, sem pensar, muito simplesmente seguindo a nossa imaginação.

A confiança no nosso grupo de teatro é fundamental nestas alturas, porque sabemos sempre que temos alguém do nosso lado para nos ajudar nos momentos difíceis, que também acontecem no palco. Este grupo já superou muitas provas e vai continuar a superar e a ultrapassar todos os desafios que lhe forem propostos.



Liliana Ribeiro

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Zapaterias

Brilhante…
Assim considero a nossa primeira ida a palco no dia 12 de Junho, com esta peça, protagonizada por cinco elementos (eu, Diogo, Marado, Daniel, Liliana) do grupo jovens da Nova Comédia Bracarense.
Zapatarias, retrata e critica, em jeito de comédia, tendo como base da representação o improviso, o que de mau pode ser encontrado no nosso comércio a nível de sapatarias, em relação á ignorância daqueles que trabalham no ramo, ao saberem falar muito mal ou até mesmo nada, das línguas mais utilizadas em todo mundo, o inglês, espanhol e o francês.
Esta peça foi preparada em cerca de 2 meses aproximadamente, esses que foram hilariantes, durante toda a sua preparação...
Diogo, o nosso empregado da sapataria, que caracteriza o verdadeiro ignorante nos três tipos de línguas, de todas as personagens esta era a que focava o verdadeiro problema, vindo na segunda parte da peça a crescer, a nível profissional, depois de frequentar um curso de línguas, acabando por dar o exemplo de como podemos mudar a nossa maneira de estar, para ser um bom profissional. Liliana, a dona da sapataria, esta mulher que sofria de uma anorexia intelectual, mas muito exigente com os seus funcionários, obrigando o seu funcionário a inscreve-se, num curso de línguas para poder continuar a trabalhar na sua loja. Marado e Daniel, deram a vida aos clientes da sapataria, de nacionalidades Inglesa, Espanhola, e Francesa. Cada um com uma personalidade própria, desde o turista, ao empresário, um actor de filmes pornográficos etc. Eu, era a voz consciência, que tentava alertar o empregado dos erros que cometia com os clientes, e traduzia para o público o que os vários clientes iam falando. É que este mesmo vem depois na segunda parte da peça, a cometer alguns erros quanto à tradução, levando o empregado a corrigir a própria consciência, o que levou a grandes momentos de comédia.
Isto é um pequeno resumo da Zapatarias, e se acham que pode ser divertido o que acabei de descrever, não podem imaginar o gozo que deu para nós actores fazer esta peça, foram momentos únicos, muita vontade de rir até mesmo das nossas próprias figuras naquele palco, foi a volta de 1hora e 30min que pisamos aquele palco, superamo-nos a nós mesmos, a quem estava a assistir e a quem nos pediu para realizarmos esta peça, a Associação Comercial de Braga.
A eles também fica o nosso agradecimento por terem feito este convite, para sermos nós, através da arte, a chamar atenção que há coisas a mudar no nosso comércio.



Mário Coelho.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Sem título, mas com alegria...

Não me lembro, não recordo, o dia, a hora, o momento, o contexto e a situação, concreta, específica, a conversa…Mas soube bem, a proposta, o convite, o desafio. Um amigo, o meu amigo, destrancando a pequena janela e correndo ligeiramente a cortina, comunicou. E eu ouvi, motivada, a proposta, o convite, o desafio, e alinhei, com expectativas moderadas. Depois essa janela cresceu, mas as janelas crescem? Então foi a cortina que se foi abrindo cada vez mais, a paisagem que foi mudando. Com o tempo, sem dar pelo seu passar, a vista tornava-se cada vez mais interessante, mais sedutora, atractiva. O horizonte já não estava ali, a dois passos, parecia agora mais longe e difícil de alcançar, e as expectativas cresceram. Uma palavra: aprendizagem!

Com os textos, com os finais de tarde de sexta e com os domingos à tarde, com os materiais, com as luzes e com a música, mas principalmente com os outros, com vocês, aprendi. Também conheci, o que se calhar já conhecia e não sabia, ou o que pensava saber e afinal não conhecia. Uma outra faceta, muitos outros eus e, no fundo, a mim mesma. Outras pessoas, pessoas diferentes, pessoas iguais. Reais ou construídas, genuínas, trabalhadas. Complicado? Contraditório? Simples, a simplicidade da indefinição, do momento, emoção.

Querido palco, no que a ti diz respeito faltam-me as palavras. Esta nossa longa e dicotómica relação que provoca em mim as mais ambivalentes sensações. Por vezes penso se te quero. Nunca me desiludiste, mas ainda me angustias. As experiências passadas não me aliviam, responsabilizam-me. Já não sei se posso separar as nossas vidas, não quero. Os momentos antes foram-se tornando mais tranquilos, mas o encontro…Lá dentro, o coração, a respiração, bem como este desabafo, breve, cortado, ritmado. Amo-te, porque me permites e obrigas a deixar de ser eu, mesmo continuando a sê-lo. Um dia, teatro!

sexta-feira, 8 de junho de 2007

"Primeira vez"

Costuma haver uma primeira vez para tudo... Aquela primeira vez que nos traz receios, anseios, nervosismo, expectativas, sonhos, dúvidas, angústias, etc. Eu tive essa minha primeira vez... A primeira vez em que subi a um palco! Senti o coração disparar, o medo a apoderar-se de mim, o receio de falhar.
Não foi fácil e continua a não sê-lo. Temos vindo a traçar um percurso todos juntos, fazemo-lo de "carrinha mágica" porque o nosso grupo é magia! Desde Hitchcock a Marado, passando pelo improviso. Experiências positivas. Umas mais felizes, outras um pouco mais acidentadas. E já vão quase 2 anos desde que nos juntamos, tendo uns saído e outros entrado! Hoje posso dizer que é um grupo perfeito! Por vezes há frustrações, as coisas nem sempre são fáceis.
Decorar.... pá, é chato! Improvisar... stressante! Subir ao palco? Uma adrenalina tamanha que vai acabar por me fulminar com um ataque cardíaco.
Bem... afinal o que tem o teatro de bom? Nem sequer me perguntem isso! Nunca pensei fazê-lo. Mas sem dúvida que o ambiente que se vive é do melhor, as pessoas são fantásticas! O teatro, para mim, acaba por ser uma evasão do mundo, de tudo aquilo que nos rodeia e que nos chateia! É o libertar de inspirações, de criações, de imaginações, de tudo aquilo que podemos expressar estando entre amigos! É levar a palco a concretização de projectos, esperando ter a aceitação do público. E, mesmo que tal não aconteça, é olharmos para o lado e notarmos um olhar de confiança, de amizade, que nos diz que se desta não correu bem, a próxima correrá, porque funcionamos enquanto grupo, união, e só assim se justifica este grupo da NCB, só assim ele tem razão de ser!
Depois surge o medo de errar. O medo de não corresponder às expectativas dos outros, de não estar ao nível daquilo que esperam de nós. Acho que aspiramos todos em fazer vingar os nossos projectos! Queremos que o nosso grupo cresça forte, espadaúdo, loirinho… Acima de tudo, e acho que a opinião será geral, queremos que o nosso encenador se orgulhe de nós! E tenho dito!
Joana Barroso- NCB

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Nova Comédia Bracarense, desde 1990

O teatro é dedicar os nossos tempos livres e, ainda mais, as nossas vidas! É suar e chorar, mas sobretudo relaxar e rir. É trabalhar no duro e desesperar pelas plateias que não enchem sempre, mas também regozijar-nos com os sucessos e o aplauso do público. O teatro somos nós e és tu… O teatro é sentir as empatias, as simpatias, as azias, as manias. É esperar por ti, é decorar textos, é improvisar, é estar triste porque sim e porque a verdade e a criatividade levam a isso. E é estar muito contente. É família e amigos, é gostar de ti, é ser jovem e é sentir-me velho quando não sou. Não sei o que é o teatro… Sei o que é a Nova Comédia Bracarense. É Teatro! Sei o que é essa gente que trabalha comigo, encenador, e como gosto deles, e de lhes falar do cimo do palco ou da plateia, sentado. De os ouvir divertir-se, criticar, festejar, vacilar. Sei sentir o que é ouvir música com eles, sei sentir-me e sentir a personagem, a inspiração, a tal empatia que persigo. Gosto deles, a sério! Por isso te convido, por isso existe este blog, e este texto, e esta vontade!

Este blog vai estar aqui, vai descrever o nosso caminho, vai apelar à tua presença, à tua opinião. A vontade de nos ver não chega, tens de sair de casa e ir, tens de vir. Agrada-me dizer-te que não te desagradaremos. Nós temos qualidade. Eles são óptimos. A Lili, a Joana, a Ângela, o Nuno, a Nela, o Mário, o Diogo, o Dani, e eu, o Marado, somos bons e adoramos o palco, e a rua, e a sala, e qualquer espaço onde possamos levar o teatro até ti.

Pensei em pensar, ao escrever este texto, mas senti que devia sentir. E escrevi, e convidei, e continuo a achar que a cultura e o entretenimento que somos capazes de produzir são de qualidade invejável. O grupo juvenil da Nova Comédia Bracarense está, como a Companhia de Teatro de Amadores em geral, para ficar. Queremos marcar a nossa posição, achamos que podemos crescer, em todos os aspectos. Queremos ser os melhores para ti, amigo, familiar, desconhecido, membro do público.

Neste blog opina, comenta, fica conhecedor e torna-te nosso fã, porque queremos não a fama e o capital, mas a pureza da arte, da comédia, da juventude, e partilhar tudo contigo.

- Nova Comédia Bracarense -
Grupo Juvenil NCB, desde 2001


Miguel Marado